46 prefeitos foram cassados este ano por ‘compra de voto’ no País .
Na busca por eleição, eleitor é 'pago' até com dentadura. Nesse comércio
ilegal, tudo vale como moeda: dinheiro vivo, cesta básica, bebida, televisor e
material de construção
Alessandra Mello/Alice Maciel/Jornal Estado de Minas
A legislação impede a 'compra de votos', mas essa prática é velha: desde da República. |
De norte a sul do Brasil, votos são comprados com
uma extensa lista de benesses, em que o dinheiro vivo e às vezes até cheque são
a principal moeda utilizada. São usados também material de construção, cesta
básica, gasolina, comida e bebida, passagem de ônibus, pneus, televisão e até
mesmo redução de carga horária no serviço público. Levantamento feito pelo
Estado de Minas com base nas cassações em segunda instância publicadas pelos
tribunais regionais eleitorais (TREs) de todo o país mostra que de janeiro a
outubro foram cassados 112 prefeitos eleitos. Desse total, 46 perderam seus
cargos por “captação ilícita de sufrágio”, nome pomposo dado à nefasta compra
de voto.
Minas
Gerais é até agora o estado recordista em cassações por denúncias de abuso de
pode econômico e político, compra de votos e por enquadramentos na Lei da Ficha
Limpa. Já perderam o cargo em Minas 19 prefeitos eleitos no ano passado. Desse
total, 16 tiveram como um dos motivos da perda do mandato a oferta de
benefícios ao eleitor em troca do voto. Em cinco municípios já foram realizadas
novas eleições, outras três estão agendadas para dezembro. Em sete cidades
mineiras o segundo colocado já assumiu. Quatro esperam decisão sobre quem vai
assumir, ou seja, se haverá nova disputa ou o segundo colocado será empossado.
Além disso, existem outros 36 processos que ainda estão pendentes na Corte do
TRE ou na Justiça local. Atrás de Minas Gerais está São Paulo, com 16 perdas de
mandato, cinco delas por compra de voto e outros crimes.