Após interromper ciclo de queda, desigualdade de renda aumentou
no Brasil em 2013, diz Pnad
Apesar da 'taxa de analfabetismo de 15 anos
ou mais' cair em 0,5%, o País tem hoje 13 milhões analfabetos
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DESIGUALDADE: Família que vive em condições precárias, ou, de indigência e pobreza no Brasil. Foto: Nauro Júnior, Agência
RBS. |
Com FN Café NEWS e Ascom IBGE
BRASÍLIA (DF) – A Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta quinta-feira (18/9) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a desigualdade de
renda aumentou no Brasil, após parar de cair no ciclo descenso (queda) nos
últimos dois anos [2012-2013], mantendo-se no mesmo nível desde 2011.
O Índice de Gini, que mede a concentração
de renda, piorou para 0,498 (quanto mais perto de zero, menor a desigualdade)
em 2013, ante 0,496, considerando o rendimento do trabalho. Embora a variação
seja pequena, o índice voltou ao patamar de 2011, quando estava em 0,499. Para
o IBGE, o quadro é de estagnação.
"Não afirmaria que há uma melhora ou
uma piora na concentração de renda. Diria que a gente está na mesma condição de
2011", afirmou Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.
Desde 2002, quando estava em 0,561, o
Índice de Gini vinha recuando, tanto pelo rendimento do trabalho quanto por
todas as formas de renda, mas o processo parou a partir de 2012. Pelo
rendimento de todas as fontes, o índice ficou em 0,505, ante 0,504 em 2012 e
0,505 em 2011.
Segundo a economista Sônia Rocha,
pesquisadora do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), a queda na
desigualdade de renda vem de antes, de 1996 e 1997, e ocorreu sob condições
macroeconômicas "bem diversas", alternando crises e baixo crescimento
com períodos de mais dinamismo da atividade econômica.
Esgotamento. Agora, o esgotamento do crescimento
econômico desde 2011 torna mais difícil seguir distribuindo renda. Para piorar,
as razões desse esgotamento - questões estruturais, como baixa qualificação da
mão de obra, infraestrutura deficiente, burocracia, má regulação, custo fiscal
- atingem em cheio a distribuição da renda.
"O baixo crescimento atual não deixa
espaço para dinamismo no mercado de trabalho, que também parou. Fica
infinitamente mais difícil dar continuidade às melhorias distributivas sem
crescimento e com o salário mínimo tendo atingido o nível atual, após uma forte
valorização real nos últimos 15 anos", afirmou Sônia.
A Região Nordeste apresentou o maior
nível de desigualdade, com Índice de Gini de 0,523. O Piauí (0,566) foi o
destaque negativo, com a maior taxa do País. O menor grau de concentração de
renda foi encontrado na Região Sul (0,457), onde Santa Catarina registrou o
menor índice do País (0,436).
Situação educacional: taxa de analfabetismo de 15 anos ou
mais foi de 8,3%
Em 2013, a taxa de analfabetismo das
pessoas de 15 anos ou mais de idade foi estimada em 8,3%, o que corresponde a
13,0 milhões de pessoas. Em relação a 2012 (8,7%), houve redução de 0,4 ponto
percentual (menos 297,7 mil analfabetos). A taxa pode ter sido influenciada
pelas taxas de analfabetismo dos grupos etários de 40 anos ou mais, que
correspondiam a 37,6% da população: a taxa era de 9,2% no grupo de 40 a 59 anos
e 23,9% para as pessoas com 60 anos ou mais, enquanto que estava abaixo de 3,0%
entre as pessoas com menos de 30 anos.