O plano obscuro
A Pair of Shoes. Pintura: Vincent van Gogh |
Por Janio de Freitas* |
Mas quem poderia fazer uma investigação isenta? A
Polícia Federal investigando a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República
investigando procuradores da Lava Jato por ela designados?
É certo que não esteve distante uma reação da Aeronáutica,
se os legionários da Lava Jato não contivessem seu ímpeto. Que ordens de Moro
levavam? Um cameramen teve a boa
ideia, depois do que viu e de algo que ouviu, de fotografar um jato
estacionado, porta aberta, com um carro da PF ao lado, ambos bem próximos da
sala de embarque VIP transformada em seção de interrogatório.
É compreensível, portanto, a proliferação das versões
de que o Plano Moro era levar Lula preso para Curitiba. O que foi evitado, ou
pela Aeronáutica, à falta de um mandado de prisão e contrária ao uso de dependências
suas para tal operação; ou foi sustado por uma ordem curitibana de recuo, à
vista dos tumultos de protesto logo iniciados em Congonhas mesmo, em São
Bernardo, em São Paulo, no Rio, em Salvador. As versões variam, mas a convicção
e os indícios do propósito frustrado não se alteram.