FN Café NEWS quinta-feira, 06 de dezembro de 2012
Oscar Niemeyer, expoente internacional da arquitetura moderna, morre aos 104
Em 1929, iniciou os estudos na Escola Nacional de Belas Artes, dirigida pelo também arquiteto Lucio Costa, com quem Niemeyer começou a trabalhar em 1932.
Em 1964, quando estava em Lisboa, recebeu
a notícia do golpe que instaurou a ditadura militar. Retornou ao país no
final do ano, após passagem por Israel. "Levei um grande susto com a
notícia do golpe. Durante três dias, não descolava o ouvido do rádio, na
expectativa de uma boa notícia qualquer. Nada se passava e nós estávamos
aflitos, temendo um novo período de opressão e obscurantismo. Foi em abril de
1964", recordou Niemeyer.
*Do Portal UOL - SP, com adaptações de textos e
imagens FN Café NEWS
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FN Café NEWS segunda-feira, 03 de dezembro de 2012
Poeta Décio Pignatari morre aos 85 em São Paulo
FN Café NEWS quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Oscar Niemeyer: um ser inquieto e moderno na humanidade. |
RIO DE JANEIRO* – O arquiteto Oscar
Niemeyer, ícone da arquitetura moderna e um dos brasileiros mais reconhecidos
no mundo, morreu nesta quarta-feira (5), aos 104 anos. Ele estava internado há
33 dias no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, por
causa de uma infecção urinária. Ele também teve uma infecção respiratória e
respirava com a ajuda de aparelhos.
Obras de Niemeyer em Brasília-DF. |
Niemeyer foi um dos principais expoentes
da arquitetura moderna e projetou o Brasil internacionalmente. O carioca ganhou
reconhecimento a partir da exploração das possibilidades plásticas e
construtivas do concreto armado, produzindo obras grandiosas e inventivas,
marcadas pelo abuso de curvas em detrimento das linhas e ângulos retos.
Suas obras --prédios públicos e privados,
monumentos, esculturas e igrejas-- marcam a paisagem das principais cidades
brasileiras e espalham-se por vários países do mundo, como Estados Unidos,
França, Espanha, Alemanha, Itália, Argélia, Israel e Cuba, entre outros.
Obras de Niemeyer em BH. |
Niemeyer projetou grande parte das obras
de Brasília, entre elas a praça dos Três Poderes, os prédios do Congresso
Nacional, do STF (Supremo Tribunal Federal) e o Palácio do Planalto.
Em São
Paulo, projetou o Memorial da América Latina, o edifício Copan e as construções
do Parque do Ibirapuera; no Rio, concebeu o Museu de Arte Contemporânea de
Niterói e a Marquês de Sapucaí; em Belo Horizonte, projetou todo o Conjunto
Arquitetônico da Pampulha.
Obras de Niemeyer pelo País. |
O arquiteto desenhou também esculturas e mobílias,
escreveu livros e, depois do centenário, lançou até um disco de samba. Marxista
convicto, militou no PCB (Partido Comunista Brasileiro) durante várias décadas,
mudou-se para a França durante a ditadura militar e manteve amizade com Luís
Carlos Prestes e Fidel Castro.
Juventude e
começo da carreira
Niemeyer nasce em 15 de dezembro de 1907 no Rio,
filho de Oscar Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro da Almeida. Sua família tinha
ascendência portuguesa, árabe e alemã. Cresceu no bairro de Laranjeiras, onde
se casou com Annita Baldo em 1928.
Em 1929, iniciou os estudos na Escola Nacional de Belas Artes, dirigida pelo também arquiteto Lucio Costa, com quem Niemeyer começou a trabalhar em 1932.
"Gostava de desenhar, e o desenho levou-me à
arquitetura. Lembro-me que ficava com o dedo no ar desenhando. Minha mãe
perguntava: 'o que está fazendo menino?' 'Desenhando', respondia com a maior
naturalidade. Realmente, fazia formas no espaço, formas que guardava de
memória, corrigia e ampliava, como se as tivesse mesmo a desenhar",
afirmou o arquiteto, em declaração publicada na página do Instituto Oscar
Niemeyer.
Em 1934, obteve diploma de engenheiro e arquiteto.
Dois anos depois, conheceu o arquiteto modernista Le Corbusier. A obra do
francês o influenciou de forma decisiva.
Viajou aos Estados Unidos em 1938 e
elaborou o projeto do Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York.
Em 1945, ingressou no PCB e iniciou sua
amizade com Prestes, a quem na velhice ajudaria a sustentar. "Fui sempre
um revoltado. Da família católica eu esquecera os velhos preconceitos, e o
mundo parecia-me injusto, inaceitável. A miséria a se multiplicar como se fosse
coisa natural e aceitável. Entrei para o Partido Comunista abraçado pelo
pensamento de Marx."
Regressou a Nova York em 1947, onde
participou, ao lado de arquitetos do mundo todo, do projeto da sede da ONU
(Organização das Nações Unidas).
Em 1950, foi publicada a obra "The
Work of Oscar Niemeyer" ("O Trabalho de Oscar Niemeyer"), do
arquiteto e historiador grego Stamo Papadaki, que ajudou a divulgar o
arquitetura de Niemeyer no exterior.
Em 1954, fez sua primeira viagem à
Europa, onde conheceu França, Itália, Alemanha, República Tcheca e a União
Soviética.
No ano seguinte, fundou a revista
"Módulo", que circulou, em edições mensais, até 1965, quando sua
publicação foi interrompida pelo governo militar "a revista foi retomada
em 1975 e editada até 1987.
Brasília e golpe militar
Em 1956, Niemeyer foi convidado pelo
presidente e amigo Juscelino Kubitschek para projetar a nova capital do país
e organizar o concurso para a escolha do plano piloto, vencido por Lucio
Costa. Dois anos depois, Niemeyer mudou-se para Brasília.
"E ali ficamos durante vários anos.
Longe de tudo. Cobertos dessa poeira vermelha que durante os períodos de seca
se incrustava na pele e, na estação das chuvas, paralisados pelas águas
torrenciais que caíam sem controle sobre essa terra sem defesa."
Em 1962, foi nomeado coordenador da
Escola de Arquitetura da recém-fundada UnB (Universidade de Brasília), após
convite do reitor Darcy Ribeiro. No ano seguinte, ganhou o Prêmio Lênin da Paz,
concedido pela União Soviética.
Obras de Niemeyer no Brasil (Palácio do Itamaraty/DF) e no Mundo: sede das Nações Unidas (ONU/EUA) e na Espanha. |
Em 1965, demitiu-se da UnB assim
como outros 200 professores, em protesto contra a influência militar na
universidade. Na época, a sede da revista "Módulo" foi parcialmente
destruída, e o escritório de Niemeyer, saqueado.
Vida no exterior
No ano seguinte, Niemeyer viajou a Paris
para acompanhar exposição da sua obra no Museu do Louvre. Dois anos depois,
impedido de trabalhar no Brasil e depois de os militares embargarem seu projeto
para o aeroporto de Brasília, mudou-se para a capital francesa.
Em 1968, mudou-se para a Argélia para
dedicar-se a vários projetos, a convite do presidente do Conselho
Revolucionário Argelino, Houari Boumediène, líder da independência do país.
Quatro anos depois, Niemeyer voltou a Paris, abrindo um escritório na famosa
avenida Champs-Élysées.
No ano de 1975, publicou, em Milão, na
Itália, seu primeiro livro ("Oscar Niemeyer"), que traz uma
retrospectiva de sua obra e trajetória. Em 1978, de volta ao Brasil, participou
da fundação e foi eleito presidente do Cebrade (Centro Brasil Democrático). Em
1988, recebeu o Prêmio Pritzker de arquitetura, e, no ano seguinte, foi
condecorado na Espanha com o prêmio Príncipe de Astúrias.
Na década de 90, Niemeyer foi premiado
com a medalha do Colégio de Arquitetos de Catalunha (em 90), com o Prêmio Leão
de Ouro da Bienal de Veneza (em 96) e com a tradicional Royal Gold Medal
(em 98), concedida pelo Instituto Real dos Arquitetos Britânicos. No mesmo ano,
publicou um livro de memórias: ?As Curvas do Tempo?. Em 1999, lançou sua
primeira obra de ficção, "Diante do Nada".
Últimos anos
A mulher do arquiteto, Annita, morreu em
2004; dois anos depois, Niemeyer casou-se com Vera Lúcia, que era sua
secretária.
Em 2007, ao completar cem anos de idade,
Niemeyer recebeu diversas homenagens e foi tema de muitas exposições
e eventos. No ano seguinte, fundou no Rio a revista "Nosso
Caminho". Dois anos depois, aventurou-se no mundo da música, com o disco
de samba de raiz "Tranquilo com a Vida", gravado em parceria com seu
enfermeiro Caio Almeida e com o músico Edu Krieger.
Também em 2008 foi inaugurada uma
escultura do brasileiro em homenagem ao povo cubano na Universidade de Ciências
Informáticas de Havana; um presente de Niemeyer ao líder Fidel Castro.
Em 25 de março de 2011 foi inaugurado
em Avilés, na Espanha, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, mas o espaço foi fechado
nove meses depois, por determinação do governador da província. O fechamento
irritou Niemeyer e provocou protestos na cidade.
No dia 8 de fevereiro de 2012, em sua
última grande aparição em público, o arquiteto acompanhou a inauguração do
sambódromo do Rio, que havia passado por reformas de ampliação e adequação da
obra ao projeto original.
Na ocasião, Niemeyer foi aplaudido por
operários da obra e agradeceu: "Estou muito feliz. Essa obra não é só
minha, é do grupo que trabalha comigo. Estou muito contente e entusiasmado em
ver um trabalho como esse, que foi feito para alegrar o povo."
Niemeyer deixa uma filha netos, bisnetos
e trinetos. Sua filha, Anna Maria, morreu em junho, aos 82 anos, por
complicações decorrentes de um enfisema pulmonar.
HOMENAGEM
Chico Buarque homenageia o
amigo Oscar Niemeyer com depoimento
“A casa do Oscar era o sonho da família. Havia um
terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio,
havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Oscar. Cresci
cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse dono do Museu do Ipiranga,
nunca juntava dinheiro para construir a casa do Oscar.
Mais tarde, em um aperto, em vez de vender o museu
com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa
do Oscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar,
como a casa no beco de Manuel Bandeira.
Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu
pai, ergui o braço contra minha mãe e saí batendo a porta da nossa casa velha e
normanda: só volto para casa quando for a casa do Oscar!
Pois bem, internaram-me em um ginásio em
Cataguases, projeto do Oscar. Vivi seis meses naquele casarão do Oscar, achei
pouco, decidi-me a ser Oscar eu mesmo.
Regressei a São Paulo, estudei geometria
descritiva, passei no vestibular e fui o pior aluno da classe. Mas ao professor
de topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: lá em casa tenho
um canudo com a casa do Oscar.
Depois larguei a arquitetura e virei aprendiz de
Tom Jobim. Quando minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim.
Música do Tom, na minha cabeça, é casa do Oscar.”
Depoimento emocionante do amigo e compositor Chico
Buarque de Hollanda
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FN Café NEWS segunda-feira, 03 de dezembro de 2012
Poeta Décio Pignatari morre aos 85 em São Paulo
SÃO PAULO*
– O poeta, ensaísta e tradutor Décio
Pignatari morreu na manhã deste domingo (2/12), aos 85 anos, em São Paulo.
Internado no Hospital Universitário da USP desde a sexta (30), ele teve
insuficiência respiratória e pneumonia aspirativa (infecção pulmonar).
Pignatari
foi um dos principais nomes da poesia concreta, ao lado dos irmãos Haroldo
(1929-2003) e Augusto de Campos, 81 --com quem editou a revista
"Noigandres", no anos 1950. Também com os irmãos Campos publicou
"Teoria da Poesia Concreta", em 1965, "Mallarmagem", em
1971, e "Ezra Pound - Poesia", em 1983, entre outros.
Nascido em Jundiaí, em 1927, Pignatari
publicou seus primeiros poemas em 1949 na "Revista Brasileira de
Poesia". Em 1950, lança seu primeiro livro de poemas,
"Carrossel". Formou-se em direito pela USP, em 1953, e, três anos
depois, lançou o movimento da poesia concreta com o grupo Noigandres, a partir
da revista publicada em 1952. Em 1956, o grupo publica "Plano-Piloto para
a Poesia Concreta". Lançou "Poesia Pois É Poesia" em 1977. Foi
colunista da Folha entre 1983 e 1987.
Em 2004, lançou "Céu de Lona",
peça tetral sobre mudanças na vida e na obra de Machado de Assis --guiada pelo
casamento do escritor, mas exibindo a ruptura que transformou o romântico de
"Iaiá Garcia" no ácido romancista de "Memórias Póstumas de Brás
Cubas".
Em 2009, foi a vez de "Bili com
Limão Verde na Mão", descrito como um livro para todas as idades. Há cerca
de um ano, havia voltado a morar em São Paulo, após ter passado pouco mais de
dez anos em Curitiba (PR).
Também teórico da comunicação, Pignatari
ajudou a fundar a Associação Brasileira de Semiótica, nos anos 1970. Autor de
"Informação, Linguagem e Comunicação" (1968), traduziu obras de
Marshall McLuhan, como "Os Meios de Comunicação como Extensões do
Homem".
"A importância dele não pode ser
subestimada. Era uma das inteligências mais incisivas que este país já
teve", disse Frederico Barbosa, 51, poeta e diretor da Casa das Rosas.
De acordo com Barbosa, a família não vai
fazer velório e o enterro será nesta segunda (3), ao meio-dia, no cemitério do
Morumbi. Pignatari deixa três filhos e netos.
Em entrevista à Folha em 2007,
quando completou 80 anos, Pignatari sintetizou sua trajetória numa de suas caras
palavras-valise: "oitentação". Sobre o rompimento com o poeta
Ferreira Gullar, que encabeçou o movimento neoconcreto e rompeu com o
concretismo, disse que não guardava rancor pessoal. "Nós fomos inimigos
íntimos, o Gullar e eu. Mas eu não briguei com ele pessoalmente. Eu brigo e
depois dou risada, não quero saber de guardar rancor pessoal."
"Era uma pessoa muito talentosa e
inteligente e também atuava na área do design. Deu uma boa contribuição tanto
na poesia concreta, tanto no design", disse Gullar sobre Pignatari.
REPERCUSSÃO
Para o poeta Heitor Ferraz, Pignatari
"foi um dos marcos do concretismo brasileiro, que influenciou uma geração.
Foi revelador das possibilidades da poesia."
"Sempre achei que ele tinha as
poesias mais contundentes do concretismo. Ele já era um bom poeta antes mesmo
do concretismo. Da minha experiência mais pessoal, sempre foi muito
colaborativo, era piadista, agradável, contava histórias aos alunos",
declarou o crítico Alcir Pécora.
"Pignatari era, na composição da
tríade dos concretistas, o que tinha a verve mais pop, satírica. entre dois
cartesianos, ele era uma espécie de equilíbrio. talvez o mais humano deles, o
mais econômico, o menos ortodoxo", diz o escritor Joca Reiners Terron.
"Foi um artista admirável tanto pela
combatividade quanto por sua inventividade. Fará muita falta", diz o
artista plástico e poeta Nuno Ramos.
"Fala-se de tantos, quando somos tão
poucos. Com a morte de Décio, diminui o número da qualidade entre nós. Ocioso
lembrar seu livro de poemas 'Poesia Pois É Poesia', sua contribuição à teoria
da comunicação, 'Informação, Linguagem e Comunicação', ultimamente sua
participação no teatro, 'Céu de Lona'. Que esperar agora se não que o leitor
saiba continuar a apreciá-lo?", diz o professor e crítico de literatura
Luiz Costa Lima.
"Acabei de apresentar em Assis uma
conferência em grande parte ligada a um texto do Décio de 51 anos atrás, 'A
Situação Atual da Poesia Brasileira', em que eu destaquei sua importância na
reformulação da poesia brasileira. Apesar das discordâncias, que expressei
diretamente quando a ele quando estava vivo, eu gostava dele, ele era
espontâneo, briguento e 'italianamente' polêmico", afirmou o poeta Affonso
Romano de Sant'Anna.
"Tenho várias cartas dele, em uma
delas, ele analisa meu poema 'Outubro', que começava dizendo 'outubro ou nada'.
Infelizmente, as ilusões das gerações vanguardista e revolucionária da qual
fizemos parte deram em nada", conclui Sant'Anna.
ENTREVISTA
DE DÉCIO PIGNATARI À FOLHA
"No Brasil, foge-se como o diabo da cruz dos juízos de valor",
disse Pignatari
DE SÃO
PAULO
Em 2007,
quando fez 80 anos, o poeta Décio Pignatari falou à Folha sobre
concretismo, desentendimentos com Ferreira Gullar, sua temporada na Europa nos
anos 50, a experiência com o teatro e o estudo da literatura na academia.
"No
Brasil, você sempre caminha para uma coisa que é muito pobre. Faz-se literatura
comparada, mas se foge como o diabo da cruz dos juízos de valor. Aí, vem um
Harold Bloom [crítico literário norte-americano] e espanta todo mundo porque
ele fala mesmo "é bom" e "eu gosto". E é preciso, senão
como é que você vai orientar os mais novos?", questionou.
Leia a
entrevista abaixo.
Oitentação
Prestes a completar 80 anos, Décio
Pignatari não quer celebrar data nem cinqüentenário da poesia concreta; ele diz
que não guarda rancor do inimigo íntimo Ferreira Gullar, critica a arquitetura
e vê vanguardismo na moda
EDUARDO SIMÕES
NOEMI JAFFE
ENVIADOS ESPECIAIS A CURITIBA
No dia 20 deste mês, o poeta, dramaturgo,
crítico, tradutor e professor Décio Pignatari chega aos 80 anos, firme no
propósito de fugir de homenagens à efeméride pessoal. E também às
profissionais. Convidado para participar de uma exposição sobre os 50 anos da
poesia concreta, que será aberta dia 15, no Instituto Tomie Ohtake, Pignatari
já avisou que não vai. Mas está colaborando com o evento para o qual realizou
uma série de gravações de seus poemas.
O concretista pretendia passar o
aniversário na Cidade do México, ao lado do segundo neto, Rafael, que faz um
ano no dia 19. Como não conseguiu tirar o visto a tempo, ficará em Curitiba,
onde vive desde 1999. "Vou passar aqui tomando um champanhe português, na
tranqüila solidão, olhando o 'big brother' Niemeyer", diz, referindo-se ao
"olho" do Museu Oscar Niemeyer, próximo de onde mora.
No Paraná desde que se aposentou da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Pignatari dá aulas no mestrado em
Comunicação e Linguagem da Universidade Tuiuti.
Avesso a rememorações e entrevistas, o
poeta abriu uma generosa exceção e conversou por mais de três horas com a
Folha. Relembrou o rompimento político e estético com os neoconcretos,
movimento encabeçado pelo poeta Ferreia Gullar. Falou sobre a segunda parte de
sua trilogia feita para o teatro, iniciada com "Céu de Lona" (2004),
concluída há pouco mais de um mês na Itália. Explicou ainda como será o livro
que reunirá sua correspondência com os irmãos Augusto e Haroldo de Campos
(1929-2003), com quem fundou a poesia concreta no Brasil.
E mais: o poeta dos textos verbais,
visuais e sonoros diz que, no Brasil, a única vanguarda que houve nos últimos
tempos foi a silente moda: "Ela me espantou. É realmente uma linguagem de
vanguarda". Por fim, Pignatari sintetizou seus 80 anos numa de suas caras
palavras-valise: "oitentação".
FOLHA - O senhor e os irmãos Augusto e
Haroldo de Campos serão homenageados a partir do dia 15 de agosto com uma
exposição no Instituto Tomie Ohtake sobre a poesia concreta. Pretende vir a São
Paulo?
DÉCIO PIGNATARI - Eu não vou. Já avisei ao [curador]
Walter Silveira. Eu não sou contra. Falo apenas: "Vocês usem o material,
façam, podem fotografar. Não gosto muito de homenagens e não participo.
Recentemente, por acaso, fizeram uma homenagem a mim da qual eu gostei, aqui na
Universidade Tuiuti do Paraná, onde eu estou já há oito anos. Eu revi toda a
minha gente, alunos ou colegas, de São Paulo e Rio. Fizeram uma homenagem
visual que me agradou. Primeiro, porque os dois [organizadores] tinham sido
alunos meus. Os melhores alunos que tive, não só aqui, mas em toda
pós-graduação nos últimos 30 e tantos anos. Mas não quero saber de comemoração.
A ideia de reconhecimento não interessa
ao senhor? Não se incomoda, por exemplo, com o fato de Ferreira Gullar, que
assinou em 1959 o "Manifesto Neoconcreto", ser mais aceito pela
academia e pela crítica geral como um grande poeta brasileiro, ao passo que a
poesia concreta não tem o mesmo espaço?
Não me incomodo. É algo natural. O signo
novo é sempre minoritário.
Mas até hoje?
Sim, porque ele [Gullar] fez de tudo, ele
ingressou no Partidão [comunista]. Inicialmente até chegamos a trabalhar
juntos. Mas, posteriormente, acho que o Gullar repensou: "Eu tenho
condições de ser o dom Pablito Neruda do Brasil". Então ele entrou para o
Partidão, porque, para você fazer carreira, o Partidão era ótimo, tinha meios
de promover. Falando aquela linguagem social e politicamente correta, você
tinha muito mais chance.
Décio Pignatari: Kierkegaard em Dogville
DE SÃO
PAULO
O poeta e
ensaísta Décio Pignatari escreveu sobre os dez anos do movimento
cinematográfico Dogma para o caderno "Mais", na Folha de 24 de
abril de 2005.
No texto,
trata da influência da teologia existencialista do filósofo dinamarquês Sören
Kierkegaard sobre o grupo --de onde emergiram nomes como Lars von Trier e
Thomas Vinterberg.
Kierkegaard em Dogville
DÉCIO PIGNATARI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Há um pequeno mistério ético-ideológico
envolvendo o grupo dinamarquês Dogma, especialmente o diretor Lars von Trier, e
mais particularmente o filme "Dogville", pois não é comum que
artistas talentosos de uma arte industrial voltada para o mercado sejam tão
claramente marcados por um vinco ético-filosófico.
A crítica de cinema, embora bem
informada, ainda não atinou com esse viés e toma um filme como
"Dogville" pelo seu valor de face, ideologicamente falando --ou seja,
como uma crítica social ao "império americano", inserindo-se, ao
mesmo tempo, ainda que indiretamente, no sistema europeu de resistência à
hegemonia cinematográfica ianque.
O Dogma dinamarquês, hoje em fase de
desfazimento consentido, entremostra vários pontos de contato com a
"nouvelle vague" francesa, tanto pela economia de meios, compensada
pela inventividade da signagem cinematográfica, como pela postura ideologizante
européia, traço que tenderia a acentuar-se em Godard, o que não parece e
aparece de modo claramente discernível na grande produção italiana das três
décadas que se seguiram ao pós-guerra.
Godard, Antonioni
Ambas as tendências parecem dizer-se
adeus, uma à outra e a si mesmas, tomando o amor como tema, texto e pretexto,
no início do novo século, com "Elogio ao Amor" (Godard) e "Além
das Nuvens" (Antonioni/Wenders) -o primeiro, já envelhecidamente, a
verbalizar o amor da película e a película do amor, com piadas curiosas sobre
os EUA, enquanto Antonioni, em belas imagens e elipses narrativas, monta uma
nostálgica metafísica erótica para a murmurante cerimônia de adeus dos corpos.
*Textos e Imagens da Folha de S. Paulo/adaptações FN Café NEWS
______________________///***///_____________________*Textos e Imagens da Folha de S. Paulo/adaptações FN Café NEWS
FN Café NEWS quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Paulo Guedes lidera com 46,2% das intenções de voto. |
Se considerar apenas os votos válidos, Paulo Guedes teria 53,2% e Ruy Muniz 46,8%.
Ruy tem 40,7%. |
A pesquisa foi realizada pelo Instituto Aprove Projetos e Pesquisas, que entrevistou 814 pessoas na cidade. O levantamento adotou a opção estimulada, na qual o pesquisador apresenta os nomes dos candidatos, e foi realizado entre os dias 14 a 16 de outubro. A Aprove registrou a pesquisa no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais com número MG 01227/2012.
Eleições 2012: pesquisa de intenção de voto para
prefeito de Montes Claros. Fonte: Aprove. Arte/FN Café News.
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Eleições 2012: votos válidos para prefeito de Montes Claros. Fonte: Aprove. Arte/FN Café News. |
De acordo com o Aprove, em nota divulgada no site da Justiça Eleitoral, a amostra foi aplicada de forma aleatória e representativa da população residente em Montes Claros, com 16 anos ou mais de idade. A pesquisa tem intervalo de confiança de 95%. A margem de erro foi estimada em 3,5 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Rejeição e Potencial de vitória para prefeito
O Aprove perguntou
ainda em quem os entrevistados não votariam de jeito nenhum. Ruy Muniz aparece com maior índice de rejeição,
17,3%. Já Paulo Guedes tem 16,6%. 66,1% dos entrevistados ficaram entre
respostas ‘nenhum/indeciso/não sabe e prefere não responder’.
Em relação ao potencial de vitória, Paulo
Guedes tem 52,6% das intenções e Ruy Muniz 41,5%; e, indeciso/não sabe 5,9%.
A pesquisa foi encomendada
pelo Partido dos Trabalhadores em Montes Claros.*Fonte: Instituto APROVE e Publicado pelo Blogsite Em Tempo Real (17/10) e Jornal de Notícias-Montes Claros (18/10/2012), com adaptações de texto e imagens/arte pelo FN Café NEWS.
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FN Café NEWS sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Reviravolta na pesquisa de intenção de votos para prefeito em Montes Claros
Paulo Guedes (PT) assume liderança em Montes Claros e passa à frente de Jairo Ataíde (DEM) na nova rodada de pesquisa MDA/Estado deMinas. Ruy Muniz segue em terceiro
O deputado Paulo Guedes (PT) lidera pela primeira vez corrida à prefeitura de Montes Claros: 'furacão da onda vermelha' na cidade |
MONTES CLAROS* - Reviravolta na disputa pela
Prefeitura de Montes Claros – principal cidade do Norte de Minas. Com 26% da
preferência do eleitorado, o deputado estadual Paulo Guedes (PT) é o novo
líder, na segunda rodada da pesquisa de intenção de votos realizada pelo
Instituto MDA em parceria com o Estado de Minas nos dias 22 e 24. O candidato
apresentou um crescimento de 4,4 pontos percentuais em relação ao levantamento
realizado nos dias 15 e 16, e se beneficiou ainda de uma queda de 6,3 pontos
percentuais do deputado federal Jairo Ataíde (DEM), até então o preferido dos
eleitores de Montes Claros. O democrata, que foi apontado por 29,9% dos
entrevistados na primeira pesquisa, aparece agora com 23,6%.
Ainda que estejam à frente na pesquisa, ainda não
estão garantidas as vagas de Paulo Guedes e Jairo Ataíde para o segunto turno
das eleições. Embolado com os candidatos está o ex-deputado estadual Ruy Muniz
(PRB), que se manteve estável com uma oscilação positiva de 19% para 19,6% das
intenções de voto. Levando-se em conta a margem de erro da pesquisa, que é de
4,4 pontos percentuais para mais ou para menos, nos últimos nove dias de
campanha os três deverão travar uma batalha pelas duas vagas na próxima etapa
das eleições.
“O
que vai decidir quem vai chegar lá é a mobilização da população e a mensagem
mais clara para os indecisos”, aposta o diretor do Instituto MDA, Marcelo Costa
Souza. Na quarta colocação e com chances menores de chegar ao segundo turno
aparece o ex-deputado Humberto Souto (PPS), que teve uma oscilação positiva de
10% para 12,4%. O número de eleitores que afirmaram votar em branco ou nulo
passou de 4,2% para 5,4%. Por outro lado, diminuiu em 2,6 pontos percentuais o
índice de quem estava indeciso.
Embora esteja na dianteira no levantamento, Paulo
Guedes é aquele – entre os principais candidatos – que tem a maior
possibilidade de perder votos. Entre os que afirmaram votar nele, 32,3% admitem
que ainda podem trocar de candidato. Jairo Ataíde leva vantagem: 23,1% disseram
sim à possibilidade de digitar outro número na urna em 7 de outubro. Por outro
lado, Guedes é quem tem o maior índice de aceitação: 19,8% dos entrevistados
têm o petista como o único candidato, pouco acima dos 16,8% que votam
exclusivamente em Ataíde.
A maior rejeição foi apontada para Ruy Muniz: 44,2%
dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum. O candidato
tem o apoio do prefeito Luiz Tadeu Leite (PMDB), que tem a administração mal
avaliada pelos eleitores que participaram da pesquisa. Entre os 500
entrevistados, 73,5% consideram a gestão do peemedebista péssima ou ruim.
Apenas 7% classificaram o governo como ótimo ou bom.
Perfil
Na análise do perfil do eleitorado, Paulo Guedes
lidera a pesquisa no eleitorado masculino e Jairo Ataíde entre as mulheres. O
petista e o democrata têm ligeira queda na intenção de voto com o aumento da
renda familiar, enquanto Humberto Souto tem maior intenção de voto à medida que
o poder aquisitivo aumenta, chegando a liderar no grupo dos eleitores que
recebem mais de seis salários mínimos.
FICHA TÉCNICA
A pesquisa realizada pelo Instituto MDA em parceria
com o Estado de Minas ouviu 500 eleitores de Montes Claros em 22 a 24 de setembro. O
levantamento tem margem de erro de 4,4 pontos percentuais para mais ou para
menos e foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG)
sob o número MG 00644-2012. O Estado de Minas não publica pesquisas
encomendadas por candidatos.
*Isabella Souto – Publicação: 28/09/2012 06:00 Atualização:
28/09/2012 07:49
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FN Café NEWS domingo, 23 de setembro de 2012
Pesquisa DataTempo/CP2: intenção de voto para prefeito de Montes Claros
Jairo Ataíde lidera com 33% a disputa pela Prefeiturade Montes Claros, segundo DataTempo/CP2
Ruy Muniz (20,2%) e Paulo Guedes (19,6%) estão em
segundo, com empate técnico
Aline
Labbate*Jairo Ataíde amplia liderança, com 33% das intenções de votos para prefeito em Montes Claros |
MONTES CLAROS - O
ex-prefeito de Montes Claros por dois mandatos Jairo Ataíde (DEM) lidera a
disputa para retornar à cadeira de chefe do Executivo da maior cidade do Norte de
Minas (MoC: 370.216 habitantes, segundo estimativa do IBGE - 1º jul/2012). Pesquisa DataTempo/CP2
realizada de 9 a 11 deste mês mostra o democrata com 33,0% das intenções de
voto, contra 20,2% do segundo colocado, o ex-deputado estadual Ruy Muniz (PRB).
Ruy cresce com 20,2% |
Paulo Guedes tem 19,6%; |
Muniz,
que tem o apoio do atual prefeito, Luiz Tadeu Leite (PMDB), está empatado
tecnicamente com o deputado estadual Paulo Guedes (PT), com 19,6%. A margem de
erro da pesquisa é de 4,38 pontos para mais ou para menos.
O
agora ex-candidato Athos Avelino (PSB) teve 12,6% das intenções de voto. O
socialista renunciou à disputa em 10 de setembro. O candidato Filipe Gonçalves
(PSTU), por sua vez, obteve 1,4%, mas teve sua candidatura suspensa pela
Justiça Eleitoral ,na última quinta-feira, a pedido do próprio partido.
Eleitores
indecisos e que não responderam somam 10,0%, e outros 1,6% afirmam que não vão
votar em ninguém. Brancos e nulos equivalem a 1,2%. Com menos de um ponto
percentual, aparece Valdeir Fernandes, conhecido como Mineirinho do PSOL
(0,4%).
No
levantamento espontâneo, em que os nomes dos candidatos não são mostrados ao
eleitor, Jairo Ataíde continua na liderança, com 27,6% das intenções de voto.
Nessa modalidade, o percentual de eleitores indecisos é maior: 25,6%. Novamente
empatados tecnicamente, aparecem Ruy Muniz (17,6%) e Paulo Guedes (16%). Athos
Avelino foi citado por 7,8% dos entrevistados, e seu substituto na disputa,
Humberto Souto (PPS), recebeu 0,6% das menções. Filipe também foi lembrado por
0,6% e Mineirinho por 0,4%.
Rejeição. Quando perguntados sobre qual candidato não mereceria seu
voto, 22,6% não souberam responder. O petista Paulo Guedes é o que tem menor
rejeição: 7,0%, seguido de Jairo Ataíde, com 9,6%. Athos Avelino e Ruy Muniz
não receberiam o voto de 12,2%, cada. Outros 12,4% rejeitam o nome de Filipe
Gonçalves. Mineirinho do PSOL é o que tem maior índice de rejeição: 16,6%.
Dados. Foram feitas 500 entrevistas entre 9 e 11 de setembro. A
margem de erro é de 4,38 pontos para mais ou menos. O número de registro é
MG-00387/ 2012, e o contratante é a Sempre Editora Ltda.
*Publicado no Jornal OTEMPO/BH em 23/09/2012, com adaptações de texto e imagens do FN Café NEWS.
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