Dilma reprova projeto que
regulamenta a emancipação de 188 distritos no Brasil e representantes do PT e
PSDB em MG consideram a decisão um retrocesso
Marcelo
da Fonseca/Jornal Estado de Minas-BH
A
decisão da presidente Dilma Rousseff (PT) de vetar integralmente o projeto que
estabelece a criação de 188 municípios no Brasil (11 em Minas) desagradou a
representantes mineiros que acompanhavam as negociações sobre o tema. Tanto
petistas quanto tucanos consideraram a medida um retrocesso nas discussões
sobre os novos municípios. A justificativa para o veto foi baseada em uma
análise do Ministério da Fazenda, que alertou para o risco de aumentar os
gastos públicos e pulverizar os recursos repassados para as prefeituras por
meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). No entanto, as explicações
não convenceram deputados e prefeitos mineiros, que lamentaram o veto total ao
texto.
Para
o deputado Paulo Lamac (PT), presidente da Comissão de Assuntos Municipais da
Assembleia Legislativa de Minas, a decisão foi um erro, uma vez que a
presidente não levou em conta outros instrumentos estabelecidos na lei, além da
criação dos novos municípios. Segundo ele, o texto definia também critérios
para a fusão e o desmembramento das cidades, ações que não representam gastos
extras para os cofres públicos.
“Já
esperávamos um veto parcial, barrando a criação de municípios, mas foi um erro
vetar integralmente o projeto, que estabelecia outros instrumentos importantes,
como a união de dois municípios por meio de fusão, e o desmembramento de alguns
distritos, que seriam incorporados a cidades já existentes. A presidente jogou
a água suja junto com a criança para fora do balde”, avaliou o parlamentar. Ele
afirmou que foi pego de surpresa com o veto, considerado um retrocesso em uma
discussão que vem sendo feita há anos no Legislativo.
O
parlamentar citou o exemplo do Bairro Castanheiras, que fica em Sabará mas
tenta se desmembrar do município para integrar Belo Horizonte. O bairro surgiu
como extensão do aglomerado Taquaril, mas como está situado em Sabará não
recebe recursos da prefeitura da capital para melhorias na infraestrutura
local. “Mesmo quando existe acordo entre duas cidades, não será possível
desmembrar um determinado bairro ou distrito. É o caso do Castanheiras. O
aglomerado da capital transbordou para Sabará, mas não tem nenhuma ligação com
a cidade. O único ônibus que atende a população é de BH”, diz Lamac.
O
presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Barbacena,
Antônio Andrada (PSDB), condenou a decisão do Planalto e afirmou que o governo
tenta mudar o foco dos problemas enfrentados pelas prefeituras ao destacar o
aumento das despesas com a criação de cidades. “Pela primeira vez a lei teve um
embasamento técnico para definir quais municípios poderiam ser criados. São
critérios difíceis de se atingir, que levam em conta a situação financeira,
preferências populacionais e até questões ambientais”, afirma Andrada.
Segundo
o tucano, as mudanças no pacto federativo deveriam ser o principal tema em
debate entre o governo federal e o Congresso e não as regras sobre os novos
municípios. “O governo está preocupado com um assunto que não é dele. O rateio
do FPM poderia ser solucionado de outra forma. Por exemplo, com a decisão de
acabar com as desonerações que esvaziam os repasses aos municípios”, disse o
prefeito.
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