Especialistas e entidades de classe vão fazer
pressão no Congresso Nacional contra as mudanças do ensino médio
Ao anunciar texto de Medida Provisória para reforma do ensino médio, a ser enviado ao Congresso Nacional, o governo Temer provocou indignação entre professores e educadores no País. Foto: AE.
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Com Folha de S. Paulo/Adaptações de texto e imagem FN Café NEWS
BRASÍLIA (DF) - A decisão do governo federal de retirar a
obrigatoriedade das disciplinas de educação física e artes do ensino médio
revoltou especialistas e entidades de classe, que prometem fazer pressão contra
as mudanças.
É o caso do Confef (Conselho Federal de Educação
Física), que promete ir ao Congresso e aos ministérios da Educação, Esporte e
Saúde para derrubar a proposta.
"Acabamos de sair de uma década de eventos
esportivos, onde ficou comprovada a importância da prática de esportes, e
propõem uma medida provisória na contramão disso?", questiona o presidente
da entidade, Jorge Steinhilber.
"Não é uma questão de corporativismo. Todas as
pesquisas confirmam que o exercício físico contribui até para a melhora do
conhecimento cognitivo", afirma ele, que questiona quando os alunos vão
praticar atividade física se o ensino será integral.
Presidente do Conselho Regional de Educação Física de
SP, Nelson Leme da Silva Junior cita o artigo 36 da MP pelo qual "os
currículos devem considerar a formação integral do aluno". "É um
contrassenso."
"Quando a gente pensa na educação física, de
imediato pensamos na saúde. Mas tem a formação cultural que o esporte traz: as
interações sociais, o respeito à diversidade, o aprendizado de como negociar
conflitos", diz o professor da UnB Alexandre Luiz Rezende, doutor em
educação física e mestre em educação.
Proposta de MP do governo Temer para reforma do ensino médio
O ensino médio, maior gargalo da
educação, com desempenho estagnado e altas taxas de evasão e reprovação, ganhou
um plano federal focado em especialização, com a
flexibilização de disciplinas e o incentivo à expansão do ensino em tempo
integral.
Hoje, todos os alunos do ensino médio
devem cursar 13 disciplinas em três anos. Com a mudança prevista, parte da
grade (ao menos 1 dos 3 anos da etapa) será comum a todos.
Para o restante, haverá a opção de
aprofundamento em cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas,
ciências da natureza e formação profissionalizante. Ao aluno caberá a escolha
da linha na qual deseja se aprofundar. Mas a oferta dessas habilitações
dependerá das redes e das escolas. Ao menos duas áreas devem ser oferecidas.
O texto, enviado ao Congresso pelo
governo Michel Temer (PMDB) por meio de medida provisória, acaba com a
obrigatoriedade de aulas de artes e educação física nessa etapa de ensino
–essas duas disciplinas serão exigidas só no infantil e no fundamental.
A atual exigência de espanhol foi
retirada, e sociologia e filosofia, hoje obrigatórias, também estão fora do
texto. O governo, porém, diz que essas
disciplinas (exceto espanhol) devem fazer parte da base nacional curricular,
ainda em discussão e cujos conteúdos serão obrigatórios. A decisão de excluir a educação física da
lista de disciplinas obrigatórias aos adolescentes ocorre um mês depois da
Olimpíada do Rio. O ensino de língua portuguesa e
matemática, porém, será obrigatório nos três anos do ensino médio. Todas as
propostas valem para o ensino público e privado do país.
A Medida Provisória (MP) com a proposta
de novo modelo de ensino médio deverá ser votada em até 120 dias e poderá ser
modificada por deputados e senadores.
EDUCAÇÃO FÍSICA e ARTÍSTICA: opinião de especialistas
A medida
provisória só cita a obrigatoriedade de educação física e artes no ensino
infantil e no fundamental. O governo Temer alega que as disciplinas devem fazer
parte da base nacional curricular, ainda em discussão e cujos conteúdos serão
obrigatórios.
"O ensino de
arte permite um olhar expandido para as coisas. Com a mudança, tira a
possibilidade de sensação, os alunos vão se tornar anestesiados", diz a
professora da Unesp Kathya Godoy, doutora em educação artística e graduada em
educação física.
"Como o
jovem, inserido em um contexto que lida com a imagem o tempo inteiro nas redes,
vai ter um olhar diferente e não ser um mero consumidor da cultura?", diz
Mirian Celeste, professora de Educação, Arte e História da Cultura no
Mackenzie.
Ela afirma que a arte tem um caráter interdisciplinar e deveria estar no centro do ensino médio. "Talvez os políticos e gestores não entendam qual é o campo da arte, achem que é o campo da técnica, do desenhar bem. Estamos falando de dimensão maior, do pensamento estético e do entendimento de mundo."
Ela afirma que a arte tem um caráter interdisciplinar e deveria estar no centro do ensino médio. "Talvez os políticos e gestores não entendam qual é o campo da arte, achem que é o campo da técnica, do desenhar bem. Estamos falando de dimensão maior, do pensamento estético e do entendimento de mundo."
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