Após palestra nos Estados Unidos, mineira é alvo de
ataques racistas
De Manga, no Norte de Minas, Alline Parreira
proferiu uma palestra na Universidade da Cidade de Nova York onde falou sobre
trajetória dela
Alinne Parreira, de 27 anos, mineira da cidade Manga no extremo Norte do Estado, às margens do Rio São Francisco. foto: Brado NYC/Divulgação |
Por
Luiz Ribeiro,
jornalista do jornal Estado de Minas - BH
EUA – A mineira Alinne Parreira, de 27 anos, que ganhou
notoriedade ao ser convidada a proferir uma palestra sobre sua história de
superação para professores doutores da Universidade da Cidade de Nova York, nos
Estados Unidos, sexta-feira passada, não conseguiu barrar o preconceito de
pessoas do próprio país. Vítima de ataques racistas na internet, ela própria
denunciou a situação, divulgando em redes sociais uma nota de repúdio em que
manifesta sua indignação contra as mensagens ofensivas.
Nascida de pais pobres em Manga,
às margens do Rio São Francisco, no Norte de Minas, Alline, que é negra, passou
por duas famílias adotivas. Logo cedo aprendeu a lutar contra o racismo e o
preconceito, além de superar os obstáculos da vida. Como ela mesmo relata, para
sobreviver, já catou latinhas e vendeu cigarros e velas em porta de cemitério.
Com 18 anos, deixou a cidade natal e morou em Brasília e em outras cidades
brasileiras. Também viveu uma experiência na África. Há dois anos, mudou-se
para Nova York, onde trabalha como faxineira.
De acordo com Alinne, os ataques partiram de
integrantes de um grupo intitulado “Brasileiros em Nova York”, que postou
mensagens discriminatórias e agressivas. “O racismo é causa de violência,
exclusão, discriminação, além do extermínio da juventude negra. As mulheres
negras sofrem duplamente o preconceito causador do ódio da burguesia contra as
que ocupam posições de ativista, como é o meu caso”, escreveu a mineira, que
também recebeu mensagens de apoio. “Tenho claro que a principal ferramenta para
superar o racismo é a partir do empoderamento que ocorre por meio da
resistência negra, reconhecimento de sua história, memórias, raízes e
identidade. Meu cabelo não é ‘balaio’, ele é minha identidade, minha
ancestralidade, ele cresce pra cima porque tem raízes e vai crescer pra onde
quiser”, disse, em referência a uma das ofensas que recebeu.
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