O ex-tesoureiro do PT é formado em matemática e lecionou em alguns colégios do Estado de Goiás. Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press |
Mirelle
Irene/Direto de Goiás*
*Fonte: noticias.terra.com.br, com adaptações de FN Café News
O secretário de educação de Goiás, Thiago
Peixoto, assinou a portaria que exonera o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares,
que configura como um dos 38 réus no processo sobre o mensalão que corre do
Supremo Tribunal Federal. A exoneração foi encaminhada nessa sexta-feira (3/7)
para a Casa Civil para ser publicada no Diário Oficial.
Formado em Matemática, Delúbio Soares foi
tesoureiro do Centro dos Professores de Goiás (CPG) e lecionou em alguns
colégios do Estado. De acordo com a secretaria, outras 29 exonerações, por
motivos distintos, foram assinadas. A secretaria afirmou que a decisão é
resultado de um processo iniciado em 2005, para investigar o suposto abandono
de emprego cometido pelo ex-tesoureiro.
Por ser sindicalista, Delúbio tinha
direito de se afastar, no entanto, sua situação era irregular, o que anularia o
benefício. Desde que o processo foi instaurado, o ex-tesoureiro foi cortado da
folha de pagamento do Estado e não recebia salário.
O ex-tesoureiro, refiliado ao PT
recentemente, assinou um artigo divulgado ontem no site Brasil 247, em
que disse não ser ingênuo, renegando o papel de "vítima" em um dos maiores
escândalos políticos no País. "Escolhi os caminhos a serem percorridos e
aceitei os riscos da luta. Mas não fui, senão, em todos os instantes, sem
exceção, fiel cumpridor das tarefas que me destinou o PT", disse ele no
texto.
Nota
Em nota, a secretaria confirmou o caso e
relatou como se deu todo o processo até a exoneração de Delúbio. "Após
seguir os trâmites burocráticos na Gerência de Processos Administrativos e
Disciplinares da Secretaria de Estado da Educação (respeitando-se inclusive o
direito à defesa), o referido processo foi encaminhado à Procuradoria Geral do
Estado."
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os
40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então
deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão.
Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para
votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o
escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil
e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de
concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a
Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do
esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o
ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio
Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e
Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo
com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito
sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em
até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP,
morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo
publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos
Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além
das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles
respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e
lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural Kátia
Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório
foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de
dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem
a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da
Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O
ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado
por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo
Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de
dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB.
Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho de 2011, a
Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o
STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da
Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal
(PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
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