sexta-feira, 19 de julho de 2019

CHAMARIZ EMPREENDEDOR DO "FUTURE-SE"/MEC PARA UNIVERSIDADES PÚBLICAS

A universidade não precisa de 'empreendedorismo'. Precisa de pensamento crítico
Por professor Luiz Felipe Miguel (UnB)*
Vista aérea do campus central da Universidade de Brasília (UnB) - Asa Norte/Brasília (DF). Foto: Portal do PROFCIAMB - Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais (USP)
Quando eu estava terminando o doutorado, me preparando para ingressar na carreira docente, recebi o telefonema de um ex-professor. Ele me convidava para ser sócio de sua firma de consultoria. Explicou em que consistia a proposta, enfatizou muito que o serviço era consultoria e não lobby e apresentou seu argumento principal: “Você terá uma vida muito mais confortável”.

Eu ouvi com atenção e polidamente recusei a oferta. Não sou nenhum asceta, quero ser bem remunerado pelo meu trabalho. Mas o que a universidade me oferecia era muito mais do que isso: o espaço para pensar com liberdade, para ser útil à sociedade, para contribuir na sua transformação.

Mais de vinte anos se passaram. A universidade brasileira mudou muito, de lá para cá, para o bem e para o mal. Mas continuo insensível ao chamariz do “Future-se” do MEC: não quero a oportunidade de ficar rico. Mesmo, aliás, que isso fosse de fato uma possibilidade aberta, não uma ilusão para tolos.
Quero ter boas condições de fazer meu trabalho. E a primeira condição é autonomia.

O governo Bolsonaro ataca esta autonomia por um lado com a censura ideológica, por outro com o subfinanciamento. Seu projeto é o pior dos mundos: uma universidade dependente das vontades do mercado e, ao mesmo tempo, submissa ao controle dos donos do poder.

A universidade não precisa de "empreendedorismo". Precisa de pensamento crítico.

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