Senado aprova projeto que
classifica corrupção como crime hediondo
O presidente do Senado, Renan Calheiros, abre sessão plenária desta quarta-feira (26/6). Foto: Jane de Araújo/Agência Senado junho de 2013. |
BRASÍLIA, 26 Jun (Reuters*) - O Senado aprovou nesta
quarta-feira um projeto que qualifica a corrupção e outros delitos contra a
administração pública como crime hediondo, em resposta a uma das demandas da
onda de manifestações que tomou o país nas últimas semanas.
A matéria, aprovada na esteira de protestos que
reivindicavam, entre outros temas, o combate à corrupção, ainda precisa ser
votada pela Câmara. Se os deputados alterarem o texto, o projeto terá de passar
novamente pelo Senado para então ser encaminhado à sanção presidencial.
Na terça-feira, ao anunciar pactos em áreas como
saúde, educação, reforma política e responsabilidade fiscal, em resposta aos
apelos dos manifestantes, a presidente Dilma Rousseff defendeu como
"iniciativa fundamental" que a corrupção passe a ser considerada
crime hediondo.
De acordo com o projeto apresentado no Senado,
entram no rol de crimes hediondos -sem direito a indulto, liberdade mediante
fiança, e com acesso limitado a liberdade condicional e progressão do regime de
pena- a corrupção ativa e passiva, o peculato (quando o funcionário público
apropria-se de dinheiro ou desvia em razão do cargo), o peculato qualificado
(quando praticado por agente político e servidor com cargo efetivo de carreira),
concussão (exigir vantagem indevida), e excesso de exação (quando o servidor
exige tributo indevido).
A proposta aumenta para 4 anos as penas mínimas
desses crimes que passam a ser considerados hediondos.
Em seu parecer, o relator Álvaro Dias (PSDB-PR)
argumenta que esses crimes devem ser classificados como hediondos, pois a
"subtração de recursos públicos se traduz em falta de investimentos em
áreas importantes, como saúde, educação e segurança pública".
"Consideramos que os crimes em questão merecem
ser tratados como hediondos, bem como devem ter suas penas mínimas
incrementadas na forma proposta pelo projeto", diz o relator em seu
parecer.
O relator também acatou uma emenda do senador José
Sarney (PMDB-AP) que torna hediondo o homicídio simples. Hoje, apenas o crime
de homicídio qualificado é considerado hediondo.
As manifestações que se espalharam por cidades de
todo o país tiveram como reivindicação, inicialmente, a revogação do aumento da
tarifa do transporte público, o que foi atendido por governos estaduais e
municipais.
Os protestos, no entanto, foram mantidos e passaram
a incluir uma série de outras reivindicações, do combate à corrupção até o
repúdio pelos gastos do governo nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014,
tendo seu ápice na quinta-feira passada, quando mais de 1 milhão de pessoas
foram às ruas em dezenas de cidades.
*Reportagem de Maria Carolina Marcello e Jeferson
Ribeiro
Em resposta às
reivindicações das ruas, deputados rejeitam PEC 37 e aprovam royalties para
educação e saúde
Além de votar as duas propostas e fechar
acordo sobre plebiscito popular, congressistas apresentaram projetos como o
passe livre para estudantes e a isenção de tributos para o transporte público
ZERO HORA/ZH Porto Alegre - Um dia após a presidente
Dilma apresentar cinco pactos em resposta aos protestos que balançam o país, as
autoridades em Brasília se mexeram em busca de soluções para a crise. Deputados
rejeitaram PEC condenada nas ruas e aprovaram a aplicação dos royalties do
petróleo na educação (75%) e na saúde (25%)
Pressionados pela população que foi às ruas com
milhares de cartazes, os deputados federais votaram duas propostas que se
arrastavam na Casa. Rejeitaram por ampla maioria a proposta de emenda à
Constituição (PEC) 37 e aprovaram a aplicação dos royalties do petróleo na
educação.
Na apreciação da PEC 37, foram 430 votos contra e só nove favoráveis. Também foram registradas duas abstenções. A
medida, que retirava os poderes de investigação do Ministério Público (MP), foi
interpretada pela sociedade como um afrouxamento em favor dos corruptos. O
presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), procurou acelerar a votação em
detrimento dos discursos. Na tribuna, alguns deputados chegaram a reconhecer
que estavam mudando de posição devido à pressão da população contra a PEC 37.
Outros parlamentares os acusaram de hipocrisia, apesar de saudarem a sua
“capacidade de ouvir o povo”.
– A Câmara se encontra com o povo. O povo está nas
ruas clamando contra corrupção, exigindo educação de qualidade, mais saúde,
transporte coletivo barato e dizendo: “basta de impunidade” – afirmou o
deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), procurador licenciado.
A PEC 37 era defendida por delegados de Polícia
Civil, que entendiam ter a exclusividade da investigação junto com a Polícia
Federal, mas a pressão da população, simpática às investigações contra a
corrupção movidas pelo Ministério Público, forçou uma mudança de opiniões. Com
a rejeição ontem, a medida segue diretamente para o arquivo.
– Sempre tive esperanças, sempre acreditei no
Congresso para rejeitar a PEC 37, mas é evidente que o movimento das ruas
ajudou demais – afirmou Eduardo de Lima Veiga, chefe do MP do RS.
No início da madrugada, o plenário aprovou a
questão dos royalties. Foi
aceito o substitutivo do deputado André Figueiredo (PDT-CE), prevendo o uso de
parte dos recursos (25%) para a saúde e não apenas para a educação. O texto
prevê o uso de recursos dos contratos já existentes, contanto que os poços
tenham entrado em operação comercial após 3 de dezembro de 2012.
Em seguida, os deputados começaram a votar os
destaques apresentados ao texto. O DEM pretendia aprovar emenda de Dorinha
Seabra Rezende (DEM-TO), que direciona todos os recursos dos royalties à
educação, independentemente de os poços estarem em operação comercial ou não.
Foi rejeitada. A matéria agora vai para o Senado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sinta-se à vontade para postar seu comentário.
Espaço aberto à participação [opinião] e sujeito à moderação em eventuais comentários despretensiosos de um espírito de civilidade e de democracia.
Obrigado pela sua participação.
FN Café NEWS