Dilma perde apoio, e
eleição de 2014 iria para o 2º turno
DE BRASÍLIA/Folha de S. Paulo*
Dilma tem reeleição ameaçada, segundo pesquisa eleitoral do Datafolha. Foto: Blog do Planalto 2013. |
Sua taxa de intenção de votos cai até 21 pontos
percentuais. Embora ainda lidere a disputa de 2014, a queda indica que hoje ela
teria de enfrentar um segundo turno.
Para piorar a situação da presidente, seu
antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, se mostrou bem mais resiliente à
insatisfação geral dos eleitores com os políticos.
Além de ter perdido só dez pontos percentuais, o
petista ainda ganharia no primeiro turno a eleição hoje em um dos cenários
apresentados.
Há um crescente movimento dentro do PT que pede a
volta de Lula em 2014.
O Datafolha foi à ruas na quinta e na sexta-feira.
Entrevistou 4.717 pessoas em 196 cidades. A margem de erro é de dois pontos
percentuais para mais ou para menos.
O cenário hoje mais provável para a sucessão inclui
Dilma, Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Nessa
simulação, a petista tinha 51% das intenções de voto nos dias 6 e 7 deste mês.
Agora, desceu para 30%. Esse é o mesmo percentual da aprovação de seu governo,
apurada no mesmo levantamento e divulgada ontem pela Folha.
Nesse mesmo cenário, Marina Silva subiu de 16% para
23%. Aécio Neves foi de 14% para 17%. Campos oscilou de 6% para 7%.
Os três adversários juntos pularam de 36% para 47%.
Nessa hipótese, seria realizado um segundo turno entre a petista e Marina.
Impressiona o aumento de eleitores sem candidato
--que dizem não saber quem escolher ou que afirmam votar em branco, nulo ou nenhum.
No início do mês, eram 12%. Agora, são 24%.
No outro cenário no qual Dilma aparece como
candidata é incluído também o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim
Barbosa --que tem negado intenção de disputar eleições.
Nessa hipótese, a petista tem 29% e há três nomes
empatados em segundo lugar: Marina (18%), Aécio e Joaquim (15% cada um). Campos
pontua 5%.
Lula é testado em duas simulações. Numa delas, vai
a 45%. Nesse cenário, Marina, Joaquim, Aécio e Campos somam juntos 43% e ficam
empatados tecnicamente com o ex-presidente. Haveria possibilidade de segundo
turno.
Em outra cartela, quando o nome de Joaquim não é
incluído, Lula tem 46% contra 37% de Marina, Aécio e Campos somados -aí o
petista venceria no primeiro turno.
No geral, é possível dizer que os votos perdidos
por Dilma foram, em parte, herdados por Marina e Joaquim. Um outro segmento de
ex-dilmistas preferiu fazer um "pit stop" no grupo dos que
não têm candidato. Aécio e Campos não se beneficiaram da desidratação de Dilma.
não têm candidato. Aécio e Campos não se beneficiaram da desidratação de Dilma.
Outro indicador duro com a atual presidente é na
pesquisa espontânea, aquela na qual o entrevistado não é confrontado com uma
lista de nomes. A petista já havia caído de 35% para 27% de março para o início
de junho. Agora, bateu em 16%. Lula se manteve estável, com 6%. Joaquim
Barbosa, que nunca aparecia na pesquisa espontânea, surge com 2%.
Há oscilações nas intenções de voto quando se
comparam as taxas do interior do país e de áreas urbanas. Dilma vai melhor no
interior.
*Fernando Rodrigues/Jornalista Folha de S. Paulo.
Dilma em
chamas: a reeleição vai para o beleléu
Eliane
Cantanhêde*
BRASÍLIA - O Datafolha confirma para o leitor/eleitor o que oposições, Planalto e
Lula já sabiam: a popularidade de Dilma esfarela e a reeleição vai para o
beleléu. Uma queda de 27 pontos pode ser mortal.
Não foi por falta de aviso. Dilma entrou mal em
2013, autoconfiante com os recordes nas pesquisas, surda para o baixo
crescimento com inflação alta, muda para os políticos e estridente com os
auxiliares.
A popularidade já tinha despencado oito pontos
antes mesmo das manifestações, pela falta de comando político e de rumo na
economia. A explosão social fechou o cerco.
E não houve má vontade da mídia, tão demonizada no
poder. Telejornais e jornais resistiram a admitir que a crise batia à porta da
presidente, mesmo com o Planalto cercado na quinta-feira aguda. Não foi só o
Exército que protegeu Dilma...
Mas o presidencialismo brasileiro é muito
concentrador, e os louros e as culpas de tudo e qualquer coisa são sempre do
(da) presidente. Dilma ainda pode se recuperar em parte, mas a abstrata reforma
política não sensibiliza as massas e ela nunca mais será a mesma.
A perda de mais da metade da popularidade (8 mais
27) deixa o PT em pânico, desequilibra as peças no PMDB e mexe com os cálculos
de toda ordem na complexa base aliada.
Do outro lado, reacende a candidatura Eduardo
Campos, dá gás a Marina Silva e cria a sensação de "agora vai" na
campanha de Aécio Neves, em que as atenções estão no PMDB, que tem faro para o
poder.
Dilma ofendeu o vice Temer com a
"barbeiragem" da constituinte exclusiva, bateu de frente com o
deputado Eduardo Cunha, que manda na bancada, e não tem ideia do efeito
arrastão que o PMDB pode ter nos outros partidos aliados.
Mas o mais devastador para Dilma é o efeito em
Lula. Calado estava, calado continua. Soltou nota burocrática na sexta-feira e
escafedeu-se para Lilongwe e Adis Abeba. Posto a salvo, enquanto Dilma vira
cinzas.
Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha,
onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do
telejornal "Globonews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia. elianec@uol.com.br
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