Pimentel pede prisão de gerentes
do BB para liberar depósitos judiciais
Com José Marques De Belo
Horizonte/ Folha de S.Paulo
Para conseguir a liberação de quase R$ 3
bilhões em depósitos judiciais, o governo de Minas pediu à Justiça a prisão de
três gerentes de uma agência do Banco do Brasil de Belo Horizonte que se
recusaram a transferir o dinheiro.
A disputa aconteceu por uma diferença de entendimento
do valor dos depósitos que a gestão de Fernando Pimentel (PT) pode usar para
pagar despesas como precatórios, previdência e dívida pública.
Ao acionar a Justiça, no último dia 19, o
advogadogeral do Estado Onofre Alves Batista Júnior pediu que, além do repasse
dos valores, houvesse, "se necessária, a decretação da prisão para
assegurar a efetividade da ordem".
Com a recusa do banco, três gerentes
tiveram a prisão decretada por um juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública estadual
na última sexta (23), mas a medida foi revogada pelo STJ (Superior Tribunal de
Justiça).
Nesta quarta (28), segundo o governo de
Minas Gerais, o BB transferiu o dinheiro para os cofres do Estado após uma
disputa judicial que chegou ao STF (Supremo Tribunal de Justiça). Foram
liberados R$ 2,87 bilhões.
O governo tem argumentado que o montante é
essencial para evitar a piora da situação dos cofres estaduais, que devem
apresentar um deficit de R$ 10 bilhões este ano.
LEIS DIFERENTES
Em Minas Gerais, duas leis tratam do tema,
uma estadual (de julho) e uma federal (de agosto). A lei estadual, sancionada
por Pimentel, afirma que o governo pode usar 75% dos depósitos em juízo das ações
vinculados ao Tribunal de Justiça do Estado, inclusive entre pessoas físicas.
Isso significa que o Estado não precisa ser parte da ação para poder utilizar o
dinheiro.
Já a lei federal aceita que os Estados usem
até 70% dos depósitos, mas apenas de ações em que sejam parte.
Em Minas, o governo tem utilizado a lei
federal nos casos em que o governo faz parte da ação e a lei estadual nas
outras situações. Quando o governo de Minas solicitou os R$ 2,87 bilhões, o
Banco do Brasil já havia liberado outros R$ 2 bilhões e argumentou que, como
segue a lei federal, não poderia transferir o restante do dinheiro, que
correspondia aos depósitos judiciais que não envolviam ações do governo.
A ProcuradoriaGeral da República considerou
a lei estadual inconstitucional e a questionou no Supremo, mas ainda não há
decisão sobre o tema. Procurado, o governo de Minas disse que a liberação dos
recursos "é fruto de esforços do governo do Estado no sentido de honrar
compromissos financeiros no atual cenário de deficit orçamentário", mas não
respondeu sobre o pedido de prisão.
Procurado pela reportagem, o Banco do
Brasil afirmou que realizou o depósito do valor determinado judicialmente, mas
que prossegue com os recursos cabíveis.
Dayse Moura - via Facebook: "Nessa moita ainda tem muito, gato, verme, ladrão."
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