STF autoriza a PF realizar
prisão do senador Delcídio Amaral, que tentava obstruir Operação Lava Jato
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Folha de S. Paulo/Colaboração Márcio Falcão, Aguirre Talento e Bela Megale/Adaptação
FN Café NEWS
BRASÍLIA (DF) - O senador
Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo na Casa, foi preso na manhã desta
quarta-feira (25) pela Polícia Federal (PF). A operação foi autorizada pelo STF
(Supremo Tribunal Federal) depois que o Ministério Público Federal apresentou
evidências de que ele tentava conturbar as investigações da Operação Lava Jato.
Também
foi preso o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, que estaria envolvido nas
irregularidades, e o advogado Edson Ribeiro, que atuou para o ex-diretor da
Petrobras Nestor Cerveró.
O STF
também autorizou a prisão do chefe de gabinete do senador e buscas na casa do
petista em Mato Grosso do Sul.
Delcídio
havia sido citado por Cerveró, que o acusou de participar de um esquema de
desvio de recursos envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.
O
senador teria até mesmo oferecido possibilidade de fuga a Cerveró em troca de
ele não aderir ao acordo de colaboração com a Justiça, revelando as
irregularidades da operação. A conversa foi gravada por um filho de Cerveró.
É a
primeira vez que um senador é preso no exercício do cargo, já que a
Constituição Federal só permite a prisão de parlamentar em crime flagrante.
Nesse tipo de ação, de obstrução de investigação, a conduta é considerada crime
permanente. É um dos poucos motivos que leva a corte a aceitar prisão
preventiva de réu ainda sem julgamento.
O
Senado deve ter que confirmar a prisão de Delcídio. A Constituição estabelece
que em casos de prisão em flagrante "os autos serão remetidos dentro de 24
horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros,
resolva sobre a prisão".
COSTA
O
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa apontou, em depoimento prestado em
acordo de delação premiada, que Delcídio indicou
a diretoria internacional da Petrobras. Segundo Costa, apesar de ser do PT,
"ele também prestava contas ao PMDB".
O senador
foi diretor de gás e energia da Petrobras entre 1999 e 2001, no segundo mandato
do presidente Fernando Henrique Cardoso –ele foi indicado ao cargo na
petroleira pelo então senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Nesse período, Cerveró
foi seu principal assessor. Costa também trabalhou na Petrobras com o senador:
era gerente de logística.
Em
março, quando o ministro Teori Zavascki, relator dos processos relativos à
Operação Lava Jato, divulgou a lista com os políticos investigados pela Lava
Jato, ele havia acatado o pedido de Janot de arquivamento de investigação
contra Delcídio.
JANOT
A
decisão de Teori atende a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo
Janot. O ministro pediu que fosse convocada para a manhã desta quarta a
realização de uma sessão extra da segunda turma do tribunal, que é responsável
pelos casos que envolvem o esquema de corrupção da Petrobras. No encontro, ele
deve discutir as prisões.
Neste
terça, o ministro chegou a telefonar para o presidente do STF, Ricardo
Lewandowski, comunicando sobre a reunião extraordinária e também se reuniu com
colegas da segunda turma de forma reservada. A ideia é dividir o peso da
reunião de prender um senador, que só poderia ser preso em flagrante. Um dos
argumentos para a prisão seria que a obstrução das investigações e integrar uma
organização criminosa torna o crime permanente e flagrante facilitado.
Após reunião de
emergência, Renan Calheiros decide convocar sessão para analisar prisão do
senador Delcídio Amaral
O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, e Delcídio do Amaral, durante
sessão no plenário, em maio de 2015. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado.
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BRASÍLIA (DF) - O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) está elaborando uma
nota oficial que deve ser divulgada em breve, após se reunir em caráter emergencial
com diretores do Senado Federal para discutir a prisão do líder do governo na
Casa, Delcídio Amaral (PT-MS), informa o repórter Jovem Pan em Brasília José
Maria Trindade.
Renan Calheiros vai convocar nesta quarta (25) uma sessão no Senado para
discutir a prisão de Delcídio. Os senadores devem analisar as circunstâncias
e a legalidade da prisão do colega parlamentar.
De acordo com a Constituição Federal, quando um membro do Legislativo é
preso (o que só pode ser feito em flagrante de crime inafiançável), "os
autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva (no caso o Senado),
para que, pelo voto da maioria de se membros, resolva sobre a prisão".
Uma das pessoas que Calheiros convocou para a reunião de emergência foi
o advogado-geral do Senado, Alberto Cascais. Renan ainda não chegou ao Senado
nesta quarta, o que deve acontecer em breve.
O entendimento inicial entre os senadores é de que o Senado não pode
revogar a prisão do STF. Mas haveria a possibilidade de pedir ou decretar que
Delcídio Amaral fique sob custódia do Senado.
Ainda não se sabe ao certo o poder de cada um dos poderes do governo,
uma vez que a prisão de um senador no exercício do poder é fato inédito no
Brasil.
A Polícia Federal ainda faz busca e apreensão nos dois gabinetes do
senador no 25º andar do prédio central do Senado. O maior deles, usado pela
liderança do governo na Casa, já foi realizada. A Polícia Legislativa acompanha
os trabalhos e o acesso pelos elevadores foi vetado.
Decisão judicial
A prisão de Delcídio foi aprovada pelo ministro do Supremo Tribunal
Federal Teori Zavascki a pedido do procurador-geral da República Rodrigo Janot.
O ministro pediu que fosse convocada uma reunião extraordinária da segunda
Turma do STF, responsável pela análise dos esquemas de corrupção na Petrobras.
Zavascki chegou a telefonar para o presidente do Supremo Ricardo
Lewandowski, comunicando sobre a reunião extraordinária e também se reuniu com
colegas da Turma de forma reservada.
Pela lei, um senador só pode ser preso em flagrante. A conversa gravada
em que Delcídio prometia a proteção de Cerveró, gravada pelo filho deste, foi
considerada um crime permanente de obstrução das investigações.
Dayse Moura - Via Facebook: "Nessa moita ainda tem muito, gato, verme, ladrão."
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