Sinfonia do Velho Chico é,
mais uma vez, sucesso em Pirapora
Orquestra sinfônica faz homenagem ao Centenário do Vapor Benjamim Guimarães, em Pirapora (MG). Fotos: Ivan Rodrigues - 25 maio de 2013. |
RIO SÃO FRANCISCO - Na noite do último sábado (25-05) foi
realizado em Pirapora (Norte de Minas) a 2ª Sinfonia do Velho Chico em 2013. O
evento é uma parceria da Prefeitura de Pirapora, Empresa Municipal de Turismo
(EMUTUR) e Associação Cultural, Musical e Artística São Vicente de Paula. A
apresentação teve duração de duas horas e agradou centenas de turistas de
Belo Horizonte, Sete Lagoas, Divinópolis e Montes Claros. O palco da Sinfonia é
o Vapor Benjamim Guimarães, que em 2013 completará 100 anos, além de ser a
única embarcação movida a lenha do mundo.
O diretor presidente da Empresa Municipal
de Turismo, Alberto Trincanato, destacou a parceria com a Sinfônica Jovem de
Pirapora, para a implantação do projeto Sinfonia do Velho Chico. “Um sucesso
absoluto, hoje temos aqui pessoas de vários lugares do Brasil. Estamos muito
entusiasmados com o projeto, conversei com muitos turistas, que estão
encantados com o desempenho não só do maestro Alex Domingos, como também dos
músicos. Sabíamos que essa parceria seria um sucesso, pois de um lado tem o
poder público com a intenção de fazer um turismo de qualidade. Do outro,
crianças talentosas, só poderia acabar com esse resultado sucesso total”,
finalizou o diretor.
O maestro Alex Domingos destacou a
parceria com a Prefeitura de Pirapora. “A cada dia que passa o projeto evolui,
hoje temos turistas de Divinópolis, Belo Horizonte, Sete Lagoas, Montes Claros,
além da população de Pirapora. Hotéis e Restaurantes estão lotados, reflexo
desse projeto audacioso, que conta com a coragem do prefeito Léo Silveira e do
presidente da Associação, Ansfrido André, um batalhador para o sucesso do
projeto”.
A empresária Carla Renata Santos, da
capital mineira, elogiou a estrutura do evento. “Pirapora não deve nada aos
grandes centros, pelo contrário, esse projeto é de alto nível, são poucas
cidades que tem. Parabéns à prefeitura de Pirapora, ao maestro Alex Domingos e
principalmente essas crianças que nos proporcionaram um verdadeiro espetáculo,
fiz uma verdadeira viagem ao tempo, ouvindo clássicos da música mundial, como
Beatles, The mamas e The papas, chegando até os clássicos da música brasileira
como Adoliran Barbosa e Gonzaguinha, saio daqui como a alma lavada de cultura”.
O prefeito Léo Silveira acompanhou a
apresentação e elogiou a apresentação da Sinfônica Jovem. “Pirapora é rica em
talentos. A apresentação dessas crianças e adolescentes é de encher os olhos.
Nosso papel é investir e incentivar esse trabalho, temos uma parceria sólida,
com repasse de recursos financeiros e apoio em outras ações que são
desenvolvidas pela Associação. A Sinfonia do Velho Chico é um produto de
sucesso e tem que ser abraçado por todos. Gostaríamos que vocês levassem a
nossa mensagem para os seus amigos e familiares. As apresentações da Sinfonia
acontecerão durante todo a ano de 2013, e a próxima será no dia 15 de
junho. Nesse instante, quero agradecer a todos que vieram para abrilhantar o
evento”, concluiu.
Fonte:
Prefeitura de Pirapora (MG)/ Edição:
Rogério Carlos
TRAJETÓRIA DE 100 ANOS DO 'BENJAMIM GUIMARÃES', O ÚLTIMO
REMANESCENTE DOS ‘GAIOLAS’ SANFRANCISCANO
Benjamim Guimarães é um vapor construído em 1913, nos
Estados Unidos, pela empresa James Rees & Com., o Vapor Benjamim Guimarães
navegou no Rio Mississipi e, posteriormente, em rios da Bacia Amazônica. Na
segunda metade da década de 1920, a firma Júlio Guimarães adquiriu a embarcação
e a montou no porto de Pirapora, recebendo o nome de "Benjamim
Guimarães", uma homenagem ao patriarca da família proprietária da firma. A
partir de então, o vapor passou a realizar contínuas viagens ao longo do Rio
São Francisco e em alguns dos seus afluentes. É o último exemplar movido a
lenha existente no mundo.
Ao contrário das demais embarcações da
época, as viagens eram programadas de modo a permitir que o mesmo atendesse as
mais variadas necessidades, indo e vindo de vários portos intermediários antes
do seu regresso ao porto de origem. O Benjamim Guimarães era mais utilizado no
transporte de cargas do que de passageiros. Relatos dos antigos usuários da
embarcação contam que em uma dessas viagens coincidiu com as andanças de
cangaceiro "Lampião" por pequenos povoados situados às margens do
rio, atacando fazendas na região de Juazeiro/BA. Ao tomar conhecimento do
grande volume de carga transportada pelo Benjamim Guimarães,
"Lampião" e seu bando planejaram atacá-lo. Ciente do perigo que
corria e se valendo do fato do rio ser largo naquele trecho, a tripulação do
Benjamim imprimiu velocidade máxima à embarcação, dirigindo-se à outra margem,
livrando-se assim dos tiros em sua direção.
Na década de 1940, o vapor tornou-se
propriedade da empresa Navegação e Comércio do São Francisco, do empresário
Quintino Vargas que, em 1942, foi incorporada à Companhia Indústria e Viação de
Pirapora. Em 1955, tendo ocorrido a encampação, pela União, de todas as
empresas de navegação, o Vapor Benjamim Guimarães é transferido, juntamente com
outras 31 embarcações, para o Serviço de Navegação do Vale do São Francisco e,
posteriormente, para a Companhia de Navegação do São Francisco. Por várias
décadas, o Benjamim Guimarães foi utilizado no transporte de cargas e
passageiros no trecho Pirapora - Juazeiro, no Norte da Bahia, chegando a
navegar com centenas de tripulantes à bordo que se dividiam em primeira,
segunda e terceira classes, além de ter transportado - durante a Segunda Grande
Guerra Mundial - tropas do Exército Brasileiro que se dirigiam para o litoral
de Pernambuco e do Rio Grande do Norte para o patrulhamento da costa, de onde
embarcariam para a Itália, na Força Expedicionária Brasileira.
No início dos anos 1980, com a decadência
da navegação no São Francisco, o vapor passou a ser utilizado em passeios
turísticos e as viagens tornaram-se cada vez menos frequentes. Em 1 de agosto
de 1985, dado seu valor histórico-cultural, o Benjamim foi tombado pelo
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico. No mesmo ano, já bastante
deteriorado pela ação do tempo, recebe sua primeira reforma. Após concluída a
restauração, o vapor volta a navegar oficialmente em 24 de outubro de 1986,
data marcada por uma cerimônia com a presença do então Ministro dos Transportes
José Reinaldo Tavares. Em julho de 1987, a Empresa UNITOUR ficou responsável
pelo agenciamento de viagens turísticas no trecho Pirapora-São
Francisco-Pirapora, totalizando 460 km, atraindo turistas de todo o Brasil.
Foram reiniciados, também, os passeios aos sábados, com duração de três horas,
promovidos pelos principais hotéis da cidade.
Em 1995, o Vapor apresentou falhas na
caldeira e no casco e, por motivo de segurança, foi interditado pela Capitania
dos Portos de Minas Gerais. Em 29 de janeiro de 1997, o Benjamim foi
incorporado ao Patrimônio Histórico do Município de Pirapora, através de Termo
de Transferência firmado entre a Franave e a Prefeitura. Atracado no porto da
Franave por quase dez anos, o Vapor Benjamim Guimarães voltou a navegar nas
águas do Rio São Francisco na manhã do dia 11 de agosto de 2004, após passar
por uma segunda recuperação - reforma e restauração, realizada pela
Franave/Ministério dos Transportes, com supervisão do Instituto Estadual de
Patrimônio Histórico e vistoria técnica da CFSF - Capitania Fluvial do São
Francisco. O engenheiro naval Odair Sanguino, do Rio de Janeiro, foi o
responsável pela coordenação dos trabalhos de recuperação, recebendo o auxílio
do restaurador Aílton Batista da Silva e do arquiteto Joacir Silva Concelos,
profissionais lotados no Instituto Estadual de Patrimônio Histórico.
O Benjamim Guimarães possui três pisos:
no primeiro, encontra-se a casa de máquinas, caldeira, banheiros e uma área
para abrigar passageiros. No segundo, estão instalados catorze camarotes e no
terceiro, um bar e área coberta. Tem capacidade para 140 pessoas, entre
tripulantes e passageiros e consome um metro cúbico de lenha por hora. De
acordo com as normas de segurança da Marinha, nas atuais condições em que se
encontra, o vapor está autorizado a navegar na chamada área um: rio, lago e
correnteza que não tenham ondas ou ventos fortes.
Hoje, o Benjamim Guimarães faz
rotineiramente passeios públicos aos domingos, a partir das 9 horas, sempre
lotado de turistas, principalmente. Passeios esporádicos são feitos também aos
sábados e durante os dias da semana, conforme contratos de aluguel que são
feitos com empresas e agências de viagens, tornando-se um dos principais
atrativos turísticos de toda a região do Norte de Minas.
Fonte: Codevasf
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