O GRITO DOS EXCLUÍDOS em 7 de Setembro...

Índia Xakriabá é presa pela PM no dia da ‘Independência’ em Montes Claros (MG)
Integrantes do movimento afirmam que ação da Polícia Militar foi exagerada

Índia Xakriabá alegou que não tinha intenção de derrubar a grade.  Foto: Valdivan Veloso/G1.

Com o G1 Grande Minas/Adaptações FN Café NEWS [ATUALIZAÇÃO 9h22 de 8 set. 2015]

MONTES CLAROS (MG) - Uma índia Xakriabá foi detida na manhã desta segunda-feira (7) durante a manifestação “O grito dos Excluídos”  em Montes Claros, Norte de Minas, após o desfile de 7 de setembro. O grupo protestava e reivindicava melhorias na educação, saúde e segurança no município.

Vídeo disponibilizado pelos manifestantes, no Whatsapp, mostra a ação da PM de detenção da índia Xakriabá em Montes Claros no dia da ‘Independência’: 7/9/2015

De acordo com a Polícia Militar, a índia, que estuda em Montes Claros, estava exaltada e chutou um alambrado que separava um espaço reservado ao palco, montado na Avenida Deputado Esteves Rodrigues, onde aconteceu os desfiles em homenagem a Independência. Ainda de acordo com a PM, o alambrado caiu e atingiu policiais. Juvana Xakriabá foi conduzida à delegacia.

“Nós fazíamos nossas reivindicações, que são diárias, e o prefeito (Ruy Muniz) acenava como se estivesse zombando da gente. Acredito que tenha ocorrido um equívoco, pois muitos jovens pulavam no local”, afirma a integrante do movimento, Sônia Gomes Oliveira.

Vídeo postado pelos integrantes do Movimento nas redes sociais - Facebook e Whatsapp - mostra provocação do prefeito de Montes Claros aos manifestantes no desfile de 7 setembro

O prefeito Ruy Runiz afirmou que acompanhou todos os desfiles e que aplaudiu os movimentos que participaram em uma atitude democrática. O prefeito afirmou ainda que estava distante da moça que foi presa e não teve nenhum contato visual com ela.

Representantes do movimento acusam os policiais de usarem força desproporcional durante a ação. Segundo o major Oswaldo Marques, a estudante se mostrava muito exaltada e resistiu à prisão. “Nós não usamos violência. Os policiais precisaram usar técnicas de imobilização que a própria Polícia Militar ensina”, explica.

O delegado de plantão, Rodrigo Andersen Guedes, ouviu a estudante e também os policiais envolvidos na ocorrência. Ele afirma que a estudante é uma índia Xakriabá e estava totalmente caracterizada, inclusive com arco e flecha. “Durante o depoimento ela relatou que não tinha intenção de derrubar o alambrado, nem queria ameaçar ou lesionar alguém”, diz o delegado.

Índia é 'jogada ao chão e algemada' na detenção da PM

Apesar da estudante ser uma índia Xakriabá, de acordo com o delegado, o crime cometido por ela é considerado comum e deve ser investigado pela justiça comum. "Neste caso não envolveu nenhum direito indígena e por isso será acompanhado pela justiça comum", explica.

A jovem índia passou por exames de corpo de delito, foi ouvida e liberada. O delegado Rodrigo Andersen afirmou que será instaurado um inquérito para apurar o caso.

O governador Fernando Pimentel (PT) deve tomar as providências no caso, cobrando explicações do Comando da Polícia Militar em Belo Horizonte (MG), já que houve excessos dos policiais militares, ao fazer a detenção da índia, jogando ao chão a remanescente da tribo dos Xakriabás, colocando o joelho sobre sua cabeça e, logo após, algemando-a.

O Deputado Estadual  Rogério Correia (PT) disse nessa terça-feira (8/9) que a Índia Juvana Xacriaba foi convidada para, nesta quarta-feira (9/9), prestar esclarecimentos na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado Minas Gerais (Almg), denunciando e solicitando apuração das agressões que sofreu em Montes Claros no desfile de “Sete de setembro” na manifestação do “O Grito dos Excluídos”.