Chefe de
gabinete da Presidência em SP é demitida
Rosemary de Noronha (centro) em festa do programa
"Superpop", da RedeTV!, em 2010. Foto: Fabio Guinalz/AgNews |
BRASÍLIA*
– O Palácio do Planalto decidiu neste
sábado demitir ou afastar todos os servidores envolvidos na Operação Porto
Seguro, entre eles a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary
Novoa de Noronha.
A decisão foi tomada nesta manhã em reunião no
Palácio do Alvorada. Em nota, o governo anunciou que "todos os servidores
indiciados na Operação Porto Seguro da Polícia Federal serão afastados ou
exonerados de suas funções".
Rosemary Noronha será demitida do cargo. Ela foi
indiciada pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento numa organização
criminosa infiltrada no governo para obtenção de pareceres técnicos
fraudulentos.
Logo após a decisão do governo de afastar Rosemary,
ela mesmo encaminhou uma carta pedindo para deixar o cargo.
Outro que será exonerado é José Weber Holanda,
braço direito do ministro Luís Inácio Adams na AGU (Advocacia-Geral da União).
Holanda faria parte do esquema e foi alvo de apreensão de documentos por parte
da PF na sexta-feira.
Segundo a PF, Rosemary é suspeita de corrupção,
tráfico de influência e falsidade ideológica. Na sexta-feira, a PF apreendeu
documentos e copiou arquivos eletrônicos do escritório da Presidência em São
Paulo, onde ela trabalha. A servidora teria exigido vantagens financeiras em
troca de ajudar o esquema dentro do governo.
Os pedidos eram feitos a empresários pelos dois
irmãos envolvidos no esquema, Paulo e Rubens Vieira, indicados por ela para
cargos no governo. O primeiro é diretor da ANA (Agência Nacional de águas) e o
segundo da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Os dois também serão
afastados.
Rosemary começou a trabalhar no governo federal em
fevereiro de 2003, como assessora especial do gabinete regional. Em 2005,
passou a chefe do escritório da Presidência em São Paulo.
O esquema foi informado à PF por um ex-funcionário
do TCU, que alegou ter sido procurado por um advogado para emitir pareceres
técnicos favoráveis a uma empresa em troca de R$ 300 mil.
Após receber R$ 100 mil, o delator teria se
arrependido e prestou depoimento à PF em São Paulo, em março de 2011, quando
começaram as apurações.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela
Secretaria de Comunicação Social da Presidência: "Por determinação da
Presidência da República, todos os servidores indiciados na Operação Porto
Seguro da Polícia Federal serão afastados ou exonerados de suas funções. Todos
os órgãos citados no inquérito deverão abrir processo de sindicância.
No que se refere aos diretores das Agências, foi
determinado o afastamento, com abertura do processo disciplinar respectivo. Secretaria
de Comunicação Social da Presidência da República."
*Folha de S. Paulo – Valdo Cruz/Matheus Leitão/Leandro Colon: 24/11/2012
PF desarticula
organização criminosa infiltrada em órgãos federais
SÃO PAULO/BRASÍLIA* – A operação Porto
Seguro da PF (Polícia Federal) desarticulou na manhã desta sexta-feira (23) uma
organização criminosa que se infiltrou em diversos órgãos federais para fraudar
pareceres técnicos.
Os policiais federais cumpriram seis
mandados de prisão e 43 de busca e apreensão no Estado de São Paulo e em
Brasília.
A investigação teve início em 2011, após
a PF ter sido procurada por um servidor do TCU (Tribunal de Contas da União)
que denunciou o oferecimento de R$ 300 mil como suborno para que ele elaborasse
um parecer técnico que beneficiaria um grupo de empresas do setor portuário.
O trabalho da PF revelou que o episódio
fazia parte da atuação de um grupo que agia em diversos órgãos públicos federais,
que abordava servidores públicos para acelerarem ou fraudarem contratos.
Os investigados são acusados de corrupção
ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha, tráfico de influência,
violação de sigilo funcional, falsidade ideológica e falsificação, cujas penas
podem variar entre 2 a 12 anos de prisão.
INVESTIGADOS
Entre os órgãos federais investigados
estão a (Agência Nacional de Águas) e da Anac (Agência Nacional de Aviação
Civil).
Em nota, a ANA informou que a operação
"restringiu-se ao interior do gabinete do diretor Paulo Rodrigues Vieira,
para coleta de documentos".
O nome de Vieira foi indicado pelo PMDB
no Senado e teve apoio à época do ex-ministro José Dirceu e de Rosymeire
Noronha, amiga de Lula e secretária do escritório da Presidência em São Paulo.
A Anac confirmou que o gabinete do
diretor de Infraestrutura Aeroportuária da agência, Rubens Carlos Vieira, foi
vasculhado pela Polícia Federal. Rubens é irmão de Paulo Rodrigues, na ANA.
"O mandado não abarca a apreensão de
processos da Agência. A Anac ressalta que continuará colaborando integralmente
com as investigações em andamento", informou a agência de aviação na nota.
Agentes da Polícia Federal estiveram no
edifício-sede dos Correios, em Brasília, para cumprir mandatos de busca e
apreensão de equipamentos usados por empregados que receberam emails de pessoas
investigadas em outros órgãos, por fazerem parte de listas de distribuição.
Em nota, os Correios afirmam que seus
funcionários "não possuem envolvimento com os fatos apurados" e
colocaram também seus equipamentos pessoais à disposição da investigação. A
empresa também se colocou à disposição para qualquer esclarecimento necessário
à investigação.
Folha De S. Paulo/De Brasília/Da Agência
Brasil 23/11/2012
- 13h04
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