Presidenta Dilma Roussef cumprimenta o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Roberto Stuckert Filho/PR. |
BRASÍLIA – DF*: Primeiro negro a ocupar o
cargo de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa tomou
posse nesta quinta-feira (22), por volta das 15h30, como presidente da Suprema
Corte, cargo mais alto do Judiciário brasileiro. Ele assume o lugar deixado
pelo ministro Ayres Britto, que se aposentou obrigatoriamente por ter
completado 70 anos no último dia 18.
A cerimônia de posse ocorre no plenário
do STF, onde Barbosa senta-se ao lado da presidente da República, Dilma
Rousseff. Também tomou posse o ministro Ricardo Lewandowski, como
vice-presidente do tribunal.
Barbosa foi empossado pelo decano da
Corte, ministro Celso de Mello, e assinou o termo de posse. Em seguida,
Barbosa concedeu a palavra ao ministro Luiz Fux para o discurso de saudação em
nome da Suprema Corte.
"[Barbosa é] Paradigma de coragem e
honradez", afirmou Fux. "Traz em si a retidão da alma." "O
drama do juiz é a solidão. Raramente encontra espíritos do mesmo nível",
disse ainda Fux sobre o novo presidente do STF.
Em seguida, discursou o procurador-geral
da República, Roberto Gurgel, que enfatizou a união dos diversos órgãos do
Judiciário brasileiro. "Precisamos todos trabalhar juntos para dar
continuidade ao aprimoramento de nosso sistema de Justiça", disse Gurgel.
O presidente da OAB, Ophir Cavalcante,
tem a palavra agora. "Quem infringe a lei deve responder por seus
atos", disse Cavalcante, lembrando que Barbosa ajudou a acabar com o
estigma da impunidade.
O último a falar será o próprio Barbosa,
que receberá depois os cumprimentos dos convidados. No entanto, por conta do
seu problema crônico no quadril, o que causa muitas dores nas costas, a fila de
cumprimentos será limitada às autoridades, parentes e convidados dos ministros.
A expectativa é que a cerimônia dure de duas a três horas
Repercussão
Antes do início da cerimônia, o ator
Milton Gonçalves, um dos convidados, disse que “ele [Barbosa] tem que ser
lembrando pela capacidade, pelo raciocínio, por aquilo que ele empregou na
juventude, na adolescência para se tornar um homem dessa importância. Óbvio
que, como negro, sou copartícipe, sou parceiro dele, mas ele está lá por
mérito, por mérito, só isso”.
Para a ministra da Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, o fato de um
negro assumir o posto de comando da mais alta Corte do país não deve ser
considerado o mais importante, mas é símbolo de um novo Brasil. “Sem dúvida o
simbolismo desse momento, para um país que se reconheceu como racista há tão
pouco tempo, não pode ser negado”.
"É um momento histórico para o
Brasil. Acho que o Brasil inteiro, de alguma forma, está presente aqui, se não
fisicamente, de coração, em alma, e em solidariedade ao ministro Joaquim Barbosa,
que é hoje o símbolo maior da altivez e independência do Poder
Judiciário", afirmou o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Os familiares de Barbosa presentes à
cerimônia disseram estar "envaidecidos e orgulhosos" do parente agora
famoso.
À noite, as três entidades nacionais de
juízes --AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Ajufe (Associação dos
Juízes Federais do Brasil) e Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da
Justiça do Trabalho)-- vão oferecer um jantar em homenagem a Barbosa em um
clube em Brasília
Popularidade
A posse coincide com o momento em que o
ministro está em evidência na mídia por conta do julgamento do mensalão,
do qual é relator. O julgamento, que resultou na condenação de figurões
petistas, elevou Barbosa à categoria de celebridade nacional a ponto de haver
uma campanha nas redes sociais para que saia candidato à Presidência
da República em 2014. A
popularidade é tamanha que o rosto do ministro irá estampar máscaras no
Carnaval de rua do Rio de Janeiro em 2013. Barbosa, porém, rejeita tanto o
papel de herói quanto o eventual ingresso na política.
Adorado pela opinião pública como exemplo
ético e de alguém que subiu na vida, Barbosa, filho de um pedreiro e de uma
dona de casa, será o 55º presidente do Supremo. No seu mandato de dois anos,
caberá a ele definir a pauta do plenário e presidir o CNJ (Conselho Nacional de
Justiça). Ele continuará como relator da ação penal do mensalão
Gestão
Uma das prioridades da sua gestão, ao
menos no início, deverá ser dar atenção aos processos com repercussão geral,
que são aqueles cujas decisões do STF impactam os processos em outras
instâncias. Com o julgamento do mensalão, desde o início de agosto, o plenário
do tribunal deixou de julgar outras ações, causando o acúmulo de mais de 600
processos na fila e atravancando mais de 400 mil ações em instâncias
inferiores.
Perfil de Joaquim Barbosa
Mineiro de Paracatu, Joaquim Benedito
Barbosa Gomes, 58, chegou ao Supremo em 2003, nomeado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Estudou direito na UnB (Universidade de
Brasília) e possui mestrado e doutorado pela Universidade de Paris. Na sua tese
de doutorado, publicada na França em 1994, escreveu sobre a Suprema Corte no
sistema político brasileiro.
É professor licenciado da Uerj
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro). É fluente em francês, alemão,
inglês e italiano.
Antes do STF, integrou o Ministério
Público Federal por 19 anos (1984-2003). Ocupou ainda diversos cargos no
serviço público: foi chefe da Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde (1985-88),
advogado do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) (1979-84),
oficial de chancelaria do Ministério das Relações Exteriores (1976-1979), tendo
servido na Embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia.
*Fonte: Portal Uol
*Fonte: Portal Uol
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