Câmara dos Deputados aprova em 1º turno proposta que aumenta repasse aos
municípios
A
medida tem sido reivindicada há vários anos em movimentos como a Marcha dos
Prefeitos.
BRASÍLIA (DF) - O Plenário da Câmara dos Deputados
aprovou, nesta terça-feira (4), o aumento de um ponto percentual dos repasses
de impostos federais ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A medida está prevista na Proposta de Emenda
à Constituição (PEC 426/2014) ,
do Senado, que ainda precisa passar por um segundo turno de votação.
De acordo com a proposta, em julho de
2015 passa a vigorar metade do novo repasse e, em julho de 2016, a outra metade
será acrescida.
A Constituição determina que a União
repasse ao FPM um total de 23,5% do produto líquido da arrecadação do Imposto
de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Com a PEC, o total passa a 24,5%.
O fundo funciona desde 1967 e sofreu
várias mudanças ao longo das décadas. Atualmente, é feito um repasse de 22,5% a
cada dez dias; e 1% é acumulado durante um ano para repasse integral em
dezembro de cada exercício.
Sistemática semelhante será usada para o
repasse adicional proposto pela PEC para julho de cada ano. O dinheiro será
acumulado para entrega total nesse mês.
Relatada na comissão
mista pelo deputado Danilo
Forte (PMDB-CE), o texto obteve o voto favorável de 368 deputados.
Recursos em queda
Os municípios querem o aumento de
recursos do FPM para compensar a queda do total repassado ao fundo nos últimos
anos, provocada pela desaceleração da economia e por estímulos à indústria com
desoneração da carga tributária por meio da diminuição do IPI.
Segundo a versão da lei orçamentária de
2015 enviada pelo governo, estão previstos R$ 72,8 bilhões de repasses ao FPM.
Se mantida essa arrecadação, a PEC garantirá cerca de R$ 1,5 bilhão a mais em
2015.
Além dos recursos do FPM, municípios
pequenos que dependem de repasses contam ainda com 25% dos recursos repassados
pela União aos estados por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e dos recursos repassados aos estados
conseguidos com a Cide-combustíveis.
Os repasses às prefeituras são feitos com
base em parâmetros divulgados anualmente pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em razão da população de cada município e da
renda per capita do estado.
Vitória pequena
Segundo o relator, o aumento do repasse
pelo fundo interrompe um cenário de dificuldades para municípios localizados
nas regiões mais pobres do Norte e do Nordeste, mas ainda é pouco. Segundo o
deputado Danilo Forte
“Diante da dificuldade de os municípios
conseguirem renda própria, o aumento do repasse do fundo será um alívio para os
gestores”, afirmou Danilo Forte, destacando que, no Brasil inteiro, há várias
demandas da sociedade cuja incumbência é dos municípios.
Ele lembrou que cerca de 86% dos
municípios, que têm população inferior a 56 mil habitantes, dependem dos
recursos do FPM.
Marcha dos prefeitos
O aumento do repasse ao FPM tem sido
reivindicado há vários anos em movimentos como a Marcha dos Prefeitos. Para o
presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Roberto
Ziulkoski, a medida tem caráter de reforma estrutural e possibilita recompor as
finanças municipais.
"Se esperarmos mais algum tempo,
quem sabe o governo irá propor outra situação. Então os prefeitos, embora não
satisfeitos, aceitaram o melhor que poderia ter sido feito. É importante
avançar”, disse Ziulkoski. A CNM defendia o aumento de dois pontos percentuais.
POLÍTICA
Deputados cobram mais dinheiro para os municípios além do aumento do FPM
Para vários deputados, o aumento de 1% do
repasse de recursos da União para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) vai ajudar o caixa dos municípios, mas não é
suficiente. O aumento do repasse está previsto na PEC 426/14, do Senado, que aumenta
de 23,5% para 24,5% – sendo 0,5% em 2015 e 0,5% em 2016. O custo estimado para
2015, segundo o relator, deputado Danilo Forte (PMDB-CE), é de R$ 3,5 bilhões.
Alguns deputados avaliaram, no entanto,
que os municípios precisam de muito mais dinheiro para dar conta das
responsabilidades que têm atualmente: investimento em educação, saúde e outras
áreas.
O deputado Júlio Cesar (PSD-PI) disse que
a União aumenta a arrecadação a cada ano com tributos que não são divididos com
estados e municípios, mas repassa a cada dia mais responsabilidade para os
prefeitos. Várias cidades, segundo ele, já atingiram o nível de endividamento
estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e têm problemas de caixa.
“Tem prefeito na minha terra que, depois
de dois meses de mandato, renunciou ao mandato concedido pelo povo porque seu
município estava altamente comprometido com limites da LRF, estava ingovernável
e teria de aplicar medidas drásticas para trazer o endividamento aos limites da
lei”, exemplificou.
Para o líder do PV, deputado Sarney Filho
(MA), o texto da PEC deveria aumentar em 2% os repasses da União ao fundo.
“Vamos votar a favor da PEC, mas não nos sentimos satisfeitos com os efeitos
dela. É apenas o começo que as prefeituras precisam, mas não é suficiente”,
avaliou.
Impacto das desonerações
O deputado Marcelo Castro (PMDB-PI)
chamou a PEC de um “refresco”. Ele criticou o impacto que as desonerações de
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
têm sobre os repasses do FPM. “A desoneração diminui o bolo tributário, diminui
o FPM e fragiliza os municípios mais carentes, mais dependentes desse
dinheiro”, comentou.
Já o líder do DEM, deputado Mendonça
Filho (PE), também aumentou o coro de parlamentares para quem a PEC ainda é
modesta. “Levam-se os recursos para o governo central e se impõem
responsabilidades para os municípios”, criticou.
O líder do PSC, deputado Andre Moura
(SE), disse que essa não é a PEC que os prefeitos queriam – eles defendiam um
aumento de 2%.
Defesa do governo
O deputado Sibá Machado (PT-AC) rejeitou
as críticas e disse que o governo atual não pode ser responsabilizado pela
falta de recurso dos municípios. Ele chamou atenção para o aumento do número
dos municípios na década de 90. “No ano de 1992, criou-se a farra do boi para
criação dos municípios, com impacto no governo. Hoje, 50% do PIB é produzido
por apenas 55 municípios”, disse.
Para Sibá Machado, o mais correto seria
um escalonamento dos recursos previstos na PEC, com a priorização dos
municípios pequenos no recebimento do dinheiro.
'Agência
Câmara Notícias'/Reportagem – Carol Siqueira/Edição – Pierre Triboli/
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