Congresso aprova LDO com execução obrigatória
de emendas; texto vai à sanção da presidente
Sessão conjunta de deputados e senadores (Congresso Nacional) aprovou relatório final da LDO 2015. Foto: Agência Senado. |
BRASÍLIA* - O Plenário do Congresso Nacional (sessão
conjunta de deputados e senadores) aprovou na quarta-feira (17/12), em uma
rápida votação, o relatório final do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) ao
projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015 (PLN 3/14). O texto vai agora à
sanção da presidente Dilma Rousseff.
O texto retoma a execução obrigatória das
emendas individuais de deputados e senadores ao orçamento federal. É o segundo
ano consecutivo que a norma estabelece o orçamento impositivo das emendas
individuais, que este ano vão somar R$ 9,7 bilhões. Ontem, a Câmara dos
Deputados aprovou, em primeiro turno, uma proposta que inclui a execução
impositiva das emendas no texto constitucional. Até que essa proposta seja
definitivamente aprovada no Congresso, a execução obrigatória das emendas dos
parlamentares só é garantida pela LDO.
Papel
A LDO é a norma que disciplina a
elaboração e a execução da lei orçamentária, além de indicar as metas fiscais
do setor público. O texto chegou ao Congresso em abril e deveria ter sido
votado no primeiro semestre do ano, mas a Copa do Mundo realizada no País e as
eleições gerais deste ano acabaram atrasando a apreciação do projeto, aprovado
hoje a apenas 15 dias do início do novo ano fiscal.
A votação de hoje aconteceu após um
acordo fechado na semana passada, entre governo e oposição, na Comissão Mista
de Orçamento (CMO). Um dos tópicos do acordo foi a vinda dos novos ministros da
Fazenda e Planejamento – Joaquim Levy e Nelson Barbosa, respectivamente – à
comissão, nesta terça, para falar da situação fiscal do País em 2015. A
presença deles foi uma exigência da oposição.
Orçamento impositivo
A execução obrigatória das emendas individuais
de deputados e senadores está de volta à LDO. O projeto aprovado incorpora uma
seção para disciplinar o tema, já que o governo não tratou dele no projeto da
lei para 2015. Pelas regras aprovadas hoje, os parlamentares poderão apresentar
sugestões até o limite de 1,2% da receita corrente líquida (RCL) da União
prevista na proposta da lei orçamentária anual (LOA) de 2015. Isto equivale a
R$ 9,7 bilhões, o que dá R$ 16,32 milhões por congressista – são 594
parlamentares, sendo 513 deputados e 81 senadores.
O governo, no entanto, só é obrigado a
executar o equivalente a 1,2% da RCL verificada em 2014 – esse número só será
conhecido em janeiro, no fechamento das contas públicas. Esta regra está
presente na LDO em vigor (Lei 12.919/13).
Saúde
Para 2015, Vital também resgatou o
dispositivo presente na LDO em vigor que obriga a destinação de metade das
emendas individuais (R$ 8,16 milhões) para saúde. O senador preservou ainda a
regra do contingenciamento das emendas: elas serão retidas na mesma proporção
das demais despesas discricionárias (não obrigatórias). O contingenciamento é
feito no início de cada ano, e atinge todo o orçamento federal.
Mudanças
O relatório aprovado traz uma série de
modificações para agilizar processos e garantir que as emendas sejam de fato
executadas no decorrer do ano, reduzindo a margem de discricionariedade dos
órgãos.
O texto determina que os responsáveis
pela execução das emendas (órgãos públicos federais e prefeituras, principais
destinatárias dos recursos) adotem todas as providências necessárias para
garantir a despesa. Eventuais problemas podem ser resolvidos diretamente pelos
gestores, não necessitando mais que o gabinete do deputado ou senador tenha que
cuidar disso.
Por exemplo, para uma emenda que contenha
o CNPJ ou o nome errado do beneficiário, os próprios órgãos envolvidos na
questão (pagador e recebedor da verba) cuidarão dos ajustes. Na ausência de
problemas, a regra passará a ser da imediata execução, segundo Vital do Rêgo.
Com a redação proposta por ele, somente
em casos específicos (os chamados “impedimentos de ordem técnica de caráter
insuperável”) é que os ajustes terão que ser feitos no Congresso, por meio de
projeto de lei. Por exemplo, o parlamentar destinou uma emenda para obra em uma
cidade, e a prefeitura não se interessou. Somente um projeto de lei pode dar
outro destino ao recurso.
Outra novidade do relatório final é que
os órgãos beneficiados com os recursos propostos pelos deputados e senadores
terão que informar, na internet, a relação das programações incluídas pelas
emendas, o estágio de execução, o cronograma de desembolso dos recursos e os
eventuais impedimentos.
Destino
As emendas parlamentares individuais
direcionam recursos para obras e serviços em municípios indicados pelos
parlamentares. Até 2013, a execução orçamentária delas não era obrigatória e
dependia de negociações com a Secretaria de Relações Institucionais da
Presidência da República (SRI), que coordena a liberação das emendas. Partidos
da base governista tendiam a ter um nível maior de execução. Mesmo assim, a
execução sempre foi baixa.
Em 2013, por exemplo, dos R$ 8,4 bilhões
destinados às emendas individuais, apenas 5,8% foram pagos no decorrer do ano.
Em 2012, o percentual de pagamento foi um pouco maior no ano (11,4%). O que não
era pago no ano, entrava em restos a pagar do ano seguinte, gerando uma
dificuldade adicional para deputados e senadores negociarem com a SRI a
liberação das suas emendas ‘atrasadas’.
Agora, com a execução obrigatória, os
congressistas, de governo ou oposição, ganham um instrumento político de peso
nas relações com o governo e com suas bases eleitorais.
*Agência Câmara Notícias/Adaptações texto, imagem e legenda FN Café NEWS
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sinta-se à vontade para postar seu comentário.
Espaço aberto à participação [opinião] e sujeito à moderação em eventuais comentários despretensiosos de um espírito de civilidade e de democracia.
Obrigado pela sua participação.
FN Café NEWS