Dilma anuncia 13 novos
ministros e amplia espaço do PMDB na Esplanada
Presidente Dilma Rousseff durante café da manhã com jornalistas na segunda-feira (22/12). Foto: Roberto Stuckert Filho/PR. |
BRASÍLIA
(DF)* - Num processo de escolha que reedita o loteamento da Esplanada dos
Ministérios como forma de reforçar a base governista no Congresso, a presidente
Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira, 23, 13 novos ministros originários
de seis partidos. Como antecipado pelo jornal o Estado de S. Paulo, a petista
entregou ao PMDB seis ministérios - um a mais que hoje - e o controle do setor
elétrico e de infraestrutura do País.
Dilma desalojou o PT do Ministério da Educação, um enclave do partido
desde o primeiro mandato de Lula, ao escolher o governador do Ceará, Cid Gomes
(PROS). Em compensação, deu ao petista Jaques Wagner, também seu conselheiro
político, o comando da Defesa.
Pela primeira vez nos governos do PT, o
ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), que decidiu abandonar a vida pública,
ficou sem nenhum representante no ministério. Em compensação, o vice-presidente
Michel Temer - que se tornou uma espécie de bombeiro do governo nas crises com
o Congresso e contraponto ao “dissidente” líder do partido na Câmara, Eduardo
Cunha (RJ) - passou a ter mais influência no governo. Dos escolhidos do PMDB,
são ligados a Temer os futuros ministros da Aviação Civil, Eliseu Padilha, e de
Portos, Edinho Araújo. O vice-presidente abriu mão de manter Moreira Franco na
Aviação Civil.
Dos 39 ministérios, 22 ainda não têm titulares anunciados oficialmente
para o segundo mandato. Dos 13 anunciados ontem, três foram derrotados em
eleições majoritárias neste ano. Dois partidos aliados - PP, que perdeu Cidades
e deve receber Integração Nacional, e PR, que deve seguir em Transportes -
esperam seu quinhão no novo governo.
Antes do anúncio de ontem, Dilma já havia indicado
Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa para o Planejamento,
e o senador Armando Monteiro (PTB-PE) para o Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, além de ter confirmado a permanência do presidente do Banco
Central, Alexandre Tombini.
Para lá e para cá. Num gesto de gratidão ao
clã Barbalho, que a apoiou na campanha à reeleição no Pará, a presidente
escolheu para a Pesca o ex-prefeito de Ananindeua Helder Barbalho, filho do
senador Jader Barbalho. Apoiado pelo PT, ele perdeu a disputa no Estado para o
tucano Simão Jatene.
O PRB, atual controlador da Pesca, foi
compensado com o Esporte, para o qual foi indicado o ex-líder do partido na
Câmara George Hilton. Com isso, o PC do B mudou de lugar, mas manteve o
ministro: Aldo Rebelo vai para Ciência e Tecnologia.
Dilma teve a preocupação de equilibrar o PMDB
da Câmara com o do Senado. Para Minas e Energia, convidou seu líder no Senado,
Eduardo Braga, que disputou e perdeu o governo do Amazonas. Para a Agricultura,
a presidente confirmou a escolha da senadora Kátia Abreu (TO), feita há quase
um mês. Kátia pediu à presidente que aguardasse sua nova posse na presidência
da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), ocorrida há uma semana.
Retribuição. Para o
Ministério das Cidades, Dilma escolheu o presidente do PSD, Gilberto Kassab
(SP), responsável pelo desmanche do oposicionista DEM em 2011 e pela adesão da
nova sigla ao governo. Com isso, o PSD passa a fazer parte oficialmente do
ministério - o partido alega que Guilherme Afif, titular da Micro e Pequena
Empresa, é escolha “pessoal” de Dilma.
Como recebeu Portos, que estava ligado aos
irmãos Ciro e Cid Gomes, o PMDB abrirá mão do Ministério da Previdência Social.
A expectativa era de que a pasta fosse destinada ao presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que ficará sem mandato. Mas a confirmação de
que Alves consta dos nomes citados pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto
Costa entre os supostos beneficiários do esquema da Petrobrás excluiu o
peemedebista do páreo. O titular da pasta, senador Garibaldi Alves (RN),
anunciou que retornará ao Senado a partir de janeiro. A Previdência não tem
novo titular definido.
A ideia da presidente era divulgar a nova
relação de ministros ontem a partir das 17 horas. Tanto é que Dilma ligou
pessoalmente a cada um deles, avisando que o anúncio seria feito ontem. Mas
problemas de última hora, como a escolha do novo ministro da Previdência,
atrasaram o anúncio. Por isso, somente às 19h55 veio a confirmação oficial dos
13 novos titulares da Esplanada. Todos tomam posse no dia 1.º de janeiro de
2015.
*Estadão/João Domingos e Marcelo de Moraes - O Estado de S.Paulo Colaboraram Lisandra Paraguassu, Rafael Moraes
Moura/Adaptações de texto e imagem FN Café NEWS
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