Integração do rio São
Francisco chega a 77,8% das obras concluídas
Com Ascom - Blog do Planalto/Adaptações FN Café NEWS
CABROBÓ (PE)
– A presidente Dilma Rousseff entrega logo mais nesta sexta-feira (21) a
primeira Estação de Bombeamento (EBI-1) do Eixo Norte do Projeto de Integração
do Rio São Francisco (PISF). A estrutura levará a água por 45,9 quilômetros até
o reservatório de Terra Nova, localizado em Cabrobó (PE). Com isso, o PISF
chega a 77,8% das obras concluídas. O investimento nesse trecho é de R$ 625
milhões.
Em entrevista na manhã desta sexta-feira
(21) à rádio Grande Rio, de Pernambuco, a presidentaDilma Rousseff afirmou
que o Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf) concluirá as
obras até o final de 2016. O empreendimento, que terá 477 quilômetros de
extensão, vai garantir a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390
municípios espalhados pelos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande
do Norte.
Dilma inaugurou hoje a primeira estação
de bombeamento do Eixo Norte da integração e 45 km de canal do Eixo Norte. Durante a cerimônia de inauguração, a presidente da República disse: “Estamos concluindo todos os 477 km da
integração do São Francisco até dezembro do ano que vem e essa é a maior obra
de segurança hídrica do Brasil. Não controlamos o padrão de chuvas no Brasil,
temos de conviver com ele. Acredito que essa obra vai mudar o Brasil nessa área
do Semiárido. Vai garantir água para a região que, ao longo da história
brasileira, tem sofrido mais a falta de água”, discursou Rousseff.
Dilma com trabalhadores na cerimônia de entrega da Estação EBI-1 e de 45 km de canal do Eixo Norte, do Projeto de Integração do São Francisco. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR |
Dilma falou também sobre a inauguração da
estação de bombeamento em Cabrobó nesta sexta-feira. “Essa estação vai
pegar água embaixo do São Francisco, levar ela para cima, e a partir daí temos
um canal já pronto de 45 a 46 quilômetros. Esse canal do Eixo Norte vai
permitir armazenar água nos canais e nos reservatórios que vão ficando prontos.
Armazenar água garante que nos momentos em que houver seca, nós possamos
fornecer água para a população, tanto para acabar com a sede da população
quanto para dar água aos animais e para as plantações.”
Além da integração, outros
empreendimentos para o combate aos efeitos da seca também estão em curso. Dilma
citou as obras no perímetro de irrigação do Pontal. “São muito
importantes, porque e agricultura desenvolvida vai beneficiar bastante um
número significativo de produtores rurais.”Outras obras importantes, disse,
são a Adutora do Agreste, que está em obras; a Adutora do Pajeú, que já teve
concluída a primeira etapa; e a Adutora do Oeste, que já foi entregue.
Enquanto a totalidade das obras não é
concluída, explicou Dilma, o governo continuará atendendo a população com
carros-pipa. “Nós vamos continuar com os carros-pipa enquanto não
passar essa crise de água. Nós temos 1.873 carros pipa em Pernambuco, atuando
sistematicamente.” Mas o objetivo, destacou a presidenta, é concluir
as obras da integração e assim garantir que tenha água com segurança em
Pernambuco e em todo o Nordeste. “E essa água com segurança é a água que
não vai precisar dos carros pipas. É isso que nós queremos: é libertar a
população dos carros-pipas.”
Testes de bombeamento no
Projeto de Integração do Rio São Francisco:
A água é captada no rio São Francisco até
a estação. “Lá, ela é bombeada para uma parte superior, que é
um grande reservatório. São dois conjuntos de motobomba com vazão de 12,4
m³/segundo que elevam a água a uma altura de 36 metros, o que corresponde a
aproximadamente a um edifício de 12 andares. A potência de cada motor é de
5,5MW”, explica o diretor de projetos estratégicos do Ministério da
Integração Nacional (MI), Róbson Botelho.
A estação tem capacidade de bombear a
água do São Francisco por sete quilômetros, até o primeiro reservatório de
Tucutú. Em seguida, a água correrá por quatro aquedutos até Terra Nova, segundo
reservatório do Eixo Norte. Tucutú estará cheio em 39 dias, com a bomba em
operação durante 16 horas diárias, cinco dias por semana. Após essa etapa,
serão necessários mais 18 dias para encher o reservatório Terra Nova. Enquanto
isso, as obras da segunda Estação de Bombeamento (EBI-2) do Eixo Norte estarão
em fase de conclusão.
Para Botelho, essa obra é emblemática
para o Nordeste e vai trazer uma nova etapa de desenvolvimento. “Ela tem uma importância fundamental para suprir essa grande deficiência
que o Nordeste enfrenta de secas seguidas. Estamos hoje com cerca de quatro
anos com reservatórios em baixa. Eu diria que a transposição vem a ser uma
espécie de redenção do Nordeste. Não tenho dúvida de que isso vai dar um
impulso grande ao desenvolvimento da região”, diz diretor do Ministério MI.
Com 6.836 trabalhadores, o Eixo Norte
abrange a construção de 15 reservatórios, oito aquedutos, três túneis, canais,
além das três estações elevatórias. A entrega faz parte da pré-operação da obra
e testes são iniciados para verificação dessas estruturas, antes do recebimento
definitivo das águas do rio. Nessa fase, além do funcionamento da EBI-1, são
monitorados os sistemas elétricos e de telecomunicações, painéis, válvulas e
motores, que compõem a estação elevatória.
Preservação do rio
Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA),
o PISF pode captar 26,4 m³/segundo, mesmo em períodos de seca. Isso representa
1,4% da vazão média do rio, ou seja, duas colheres de sopa para cada litro
d’água despejado no mar. Na cheia, a captação pode chegar a 127 m³/segundo sem
prejudicar o rio.
Além disso, o Ministério da Integração
Nacional já investiu cerca de R$1,7 bilhão em ações de revitalização no rio. O
total aprovado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para esse fim é
de R$ 2,5 bilhões.
Projeto São Francisco
O Projeto de Integração do Rio São
Francisco vai garantir segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390
municípios espalhados pelos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande
do Norte. Foram 9.980 empregos gerados nos dois eixos e mais de três mil equipamentos
estão em operação.
O projeto é composto por 477 quilômetros
de extensão, organizados em dois eixos de transferência de água: Norte, com 260
quilômetros, e o Leste, com 217. A previsão do final das obras é entre dezembro
de 2016 e início de 2017.
“Nunca pensei que depois de velho teria a felicidade de ganhar casa e
terreno pra trabalhar”
REGIÃO NORDESTE/VALE DO SÃO FRANCISCO - José
Manoel da Silva, 76 anos, morava de aluguel em um pedaço de terra, nos
arredores de Penaforte (CE), quando ficou sabendo que os canais do Projeto de
Integração do São Francisco (PISF) iriam passar pelo terreno em que ele
plantava milho, feijão e arroz. A preocupação inicial deu lugar à alegria.
José, assim como as famílias que trabalhavam nos terrenos desapropriados, foi
um dos beneficiados por uma Vila Produtiva Rural (VPR), que faz parte do Programa
de Reassentamento de Populações do projeto São Francisco.
Mesmo sem
ser dono da terra antiga, José recebeu um lote urbano na Vila Produtiva Retiro,
em Penaforte mesmo, com meio hectare (500m2) e uma casa construída de 100m2,
além de um lote produtivo de, no mínimo, 5 hectares, com uma parte irrigada. Há
poucas semanas na casa nova, o agricultor comemora a mudança em sua vida. “Coisa que eu nunca pensei na minha vida era
eu chegar, depois de velho, a ter a felicidade de ganhar uma casa e um terreno
para trabalhar. Eu trabalhava para os outros e agora vou trabalhar em cima do
que é meu”.
O lote
urbano já tem água saindo da torneira para uso diário e começar a produzir no
quintal de casa, mas ainda não é suficiente para começar a cultivar no terreno
produtivo. Por isso, José terá que esperar chegar água dos canais do PISF, o
que deve ocorrer no ano que vem. O primeiro passo será dado nesta sexta-feira
(21) quando a presidenta Dilma Rousseff entregar a primeira Estação de
Bombeamento (EBI-1) do Eixo Norte, em Cabrobó (PE). Até lá, José e as outras
famílias vão receber uma bolsa de um salário mínimo e meio para se manterem. “Essa ajuda está boa demais. Estou usando
para fazer a feira, ajudar os filhos”, disse.
Ao lado
de sua esposa, Rosa Maria da Conceição, e dois dos nove filhos, José faz planos
para seu terreno novo. “Aqui vou
plantar feijão e milho quando chover. Quando o tempo melhorar, tiver a água e
criar pasto, eu vou comprar uma vaquinha boa de leite, comprar umas galinhas,
fazer um quintalzão bem feito aqui”, planeja.
No total,
847 famílias serão beneficiadas entre 18 vilas, sendo que 80% delas não
trabalhavam em terra própria. Nove vilas já foram entregues recentemente. O
restante será finalizado até o final do ano. Toda as VPRs possuem rede de água,
energia elétrica e esgoto, posto de saúde, escola, espaço de lazer e áreas
destinadas ao comércio.
De acordo
com a coordenadora geral de programas ambientais do Ministério da Integração,
Elianeiva Odísio, a Vila Produtiva Rural, além de dar toda a infraestrutura
para os moradores que estavam na área do PISF, diminui o impacto da seca nas
famílias. “Se eles têm um lote que
podem produzir com irrigação, eles não vão sofrer tanto o impacto da seca no
Nordeste”. Elianeiva disse ainda que as famílias recebem acompanhamento
social e capacitação para geração de renda e gestão ambiental, como cursos de
técnicas de produção e uso racional da água.
Sonho
realizado
A agricultora
Jeane Gomes, 39, passou dificuldade com o marido e seus dois filhos quando o
dono do terreno em que eles plantavam faleceu. Por conta disso, eles tiveram
que ficar um período sem poder cultivar no terreno, deixando a família sem ter
de onde tirar o sustento. Quando Jeane passou a ser uma das moradoras da Vila
Produtiva Retiro, ela teve o seu sonho realizado.
“Essa casa aqui, e tudo que vem junto, é um grande
sonho realizado pra gente. De uma infância pobre, de uma vida de muita
dificuldade, hoje a gente ter uma casa e ter qualidade para morar com a
família, e ter a possibilidade de trabalhar a terra, de criar animais para a
nossa sobrevivência, é muito bom. Um sonho realizado, um sonho de uma vida”, conta a agricultora.
Em seu
terreno, Jeane pretende criar uma horta orgânica. Já no lote produtivo, ela tem
vontade de plantar uva, tomate e coentro. “A gente espera realmente poder
cultivar a terra. E as possibilidades de poder ter uma cultura diversificada
para consumo interno e para a cidade, até para revender para fora. (…) Então
isso faz com que a gente tenha um novo sonho agora”.
Verdura
barata
Nascido e
criado no povoado de São Joaquim, Ronaldo Ferreira Rocha, 46 anos, já está
acostumado com a nova casa na Vila Produtiva Retiro. “Lá a morada era boa, só que, no caso, como a gente mudou para cá, é
bem melhor. Não é nem de se comparar. Eu estou muito feliz e acho que todos os
moradores daqui devem estar muito felizes com isso”.
Quando a
água chegar, Ronaldo quer cultivar verduras e vender na própria comunidade,
além de gado e ovelha. “A verdura
plantada aqui na Vila Retiro vai sair uma verdura bem melhor, mais barata e
novinha, diferente da verdura que vem de longe, que vem muito sofrida. Aqui vai
ser uma verdura bem mais produtiva e com melhor preço para todo mundo”.
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