José
Dirceu e cúpula petista vão ser julgados hoje no STF
Ex-ministro José Dirceu (esq.) durante o governo Lula (dir.). Foto: Lula Marques/Folhapress |
Fernanda Calgaro*
BRASÍLIA - A cúpula petista, incluindo o ex-ministro
da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do partido José Genoino e o
ex-tesoureiro Delúbio Soares, começa a ser julgada nesta quarta-feira (3) no
plenário do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo a denúncia da Procuradoria,
eles foram os responsáveis por montar uma estrutura para angariar ilicitamente
apoio político no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006).
Os três réus são acusados de corrupção
ativa e formação de quadrilha -- mas apenas o crime de corrupção ativa será
analisado nesta fase do julgamento. A sessão de hoje, a 31ª do julgamento, que
completou dois meses ontem, terá início com o voto do ministro-relator, Joaquim
Barbosa, sobre 10 réus.
Além dos três petistas, nesta parte do
item 6 da denúncia, também respondem por corrupção ativa Marcos Valério e seus
ex-sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, além de Rogério Tolentino, advogado
de Valério, as ex-funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcellos e Geiza
Dias e o ex-ministro dos Transportes e atual prefeito de Uberaba, Anderson
Adauto. O grupo ligado a Valério já foi condenado em outras fases do julgamento
por peculato, corrupção ativa (em relação a outros réus) e lavagem de dinheiro.
A previsão é que o voto de Joaquim não
tome a sessão inteira, o que daria tempo para o ministro-revisor, Ricardo
Lewandowski, começar também a leitura do voto dele.
Os petistas são acusados de usar o
esquema operado por Valério para fazer repasses de dinheiro a parlamentares da
base aliada. Na sessão de segunda-feira (1º), 10 réus ligados ao PP (Partido
Progressista), PL (Partido Liberal, atual PR), PTB (Partido Trabalhista
Brasileiro), PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), foram
condenados Os recursos usados para pagar os parlamentares foram desviados do
Fundo Visanet, do qual o Banco do Brasil é um dos acionistas, e operações
fraudulentas viabilizadas pelo Banco Rural.
Dirceu, no entanto, se diz inocente. "Não
é que não tem prova no processo contra mim. Eu fiz a contraprova. Eu sou
inocente. Eu confio na Justiça", afirmou à "Folha de S.Paulo",
acrescentando que não tem intenção nenhuma de sair do país. A defesa dele nega
que ele tenha chefiado o esquema.
Para o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, que afirma continuar convencido da atuação do ex-ministro na operação,
a prova contra ele é "abundante".
"Na verdade, o que eu tenho dito sempre é que
não se pode exigir em relação a ele o mesmo tipo de prova direta que nós temos
em relação a algumas outras pessoas, mas é uma prova indiciária, abundante,
torrencial mesmo, e que respalda integralmente a acusação feita no sentido de
que ele é o chefe da quadrilha", afirmou durante intervalo da sessão de
segunda-feira.
Por sua vez, a defesa de Genoino argumenta que ele
não estava envolvido nas questões financeiras do partido e só foi incluído como
réu no processo porque era presidente do PT à época.
No caso de Delúbio, a sua defesa admite que foi
usado dinheiro de origem ilegal, mas para fazer caixa dois e não para pagar
propina a parlamentares da base aliada.
Tese do caixa dois rejeitada
A maioria dos magistrados já rejeitou a tese das
defesas e de lideranças do PT --entre elas do ex-presidente Lula-- de que os
recursos eram para o pagamento de dívidas eleitorais não declaradas, prática
conhecida como caixa dois. No entendimento dos ministros, os recursos foram,
sim, usados pelo PT para comprar apoio político no Congresso Nacional. Até
agora, foram condenados 22 réus no total.
Depois do relator e do revisor, votam os demais
ministros por ordem inversa de antiguidade na Corte, começando pela ministra
Rosa Weber, a mais nova no tribunal, até o decano do Supremo, ministro Celso de
Mello. O último a votar será o presidente do STF, ministro Ayres Britto.
Concluída a votação sobre o item 6 do
processo, o quarto a ser analisado pelo Supremo, os magistrados terão
ainda mais três tópicos da denúncia para analisar: itens 7 (lavagem de dinheiro
por parte do PT), 8 (evasão de divisas) e 2 (formação de quadrilha). Antes, já
foram votados o item 3 (contratos das agências de Marcos Valério com o Banco do
Brasil e a Câmara dos Deputados), o item 5 (gestão fraudulenta do Banco Rural)
e o item 4 (sobre lavagem de dinheiro).
por receber recursos ilegais. Além deles,
foram condenados também os ex-sócios da corretora Bônus-Banval, intermediária
no esquema, Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg.
*Do UOL, em Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sinta-se à vontade para postar seu comentário.
Espaço aberto à participação [opinião] e sujeito à moderação em eventuais comentários despretensiosos de um espírito de civilidade e de democracia.
Obrigado pela sua participação.
FN Café NEWS