José Dirceu é condenado por
corrupção ativa pelo Supremo
Maioria dos ministros do STF conclui que ex-chefe da Casa Civil,
Genoino e Delúbio comandaram esquema de compra de apoio político no governo
Lula
BRASÍLIA* - Sete anos após retornar à planície, José Dirceu foi
condenado na terça-feira, 9, pela mais elevada instância do Judiciário. A
maioria dos integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou o ex-ministro,
"capitão" do início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, culpado
pelo crime de corrupção ativa. Para a Corte, Dirceu participou do esquema de
compra de apoio político conhecido como mensalão.
O ex-ministro ainda não foi julgado pelo
crime de formação de quadrilha, da qual é acusado de ser o "chefe"
pela Procuradoria-Geral da República. Ao ser considerado corrupto, no entanto,
o jovem líder estudantil que foi preso pela ditadura, libertado após o
sequestro de um diplomata americano, alçado a líder da oposição aos governos de
"direita" e homem forte do primeiro mandato de "esquerda",
novamente vê no horizonte o risco de ter privada sua liberdade.
Embora sua defesa - assim como seus
defensores no meio político - diga não haver provas de sua participação em
compra de voto, o Supremo concluiu que não havia como Dirceu não saber do
esquema que envolvia o PT, partido que ajudou a fundar em 1980 e levar ao poder
em 2002, e mais quatro siglas. Para o STF, a ordem para formar a base de apoio
a Lula saiu do Palácio do Planalto.
Com isso, os ministros que julgam a ação
penal 470 também abrem um novo capítulo no combate à corrupção: a inexistência
de um "ato de ofício" - o que nos anos 90 levou à absolvição de
Fernando Collor de Mello, único presidente a sofrer processo de impeachment na
República - não será mais garantia de impunidade para autoridades que
praticarem crimes no exercício da função pública.
O Supremo selou também o destino de
outros dois réus do PT. Ex-presidente do partido e, como Dirceu, opositor do
regime militar e deputado dos mais combativos contra a corrupção, José Genoino
foi considerado culpado pelo mesmo crime. Delúbio Soares, ex-tesoureiro que foi
expulso e depois reintegrado ao PT, está na iminência de ser condenado por
unanimidade.
Ao "fatiar" o julgamento do
mensalão, o relator da ação penal, Joaquim Barbosa, fez o processo ser
acompanhado como um enredo, ainda a caminho de um desfecho. Para Dirceu, no
entanto, já há um capítulo final após o retorno à planície.
Após condenação no STF, Genoino renuncia a cargo do governo Dilma
Em reunião do PT em São Paulo, ex-presidente do partido anuncia pedido de demissão da função de assessor especial do Ministério da Defesa. 'Retiro-me com a consciência dos inocentes', diz
O ex-presidente do PT José Genoino, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão, anunciou nesta quarta-feira, 10, seu pedido de demissão do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa. Ele comunicou sua renúncia na sede do diretório nacional do PT em São Paulo, onde leu "carta aberta ao Brasil", na qual se diz vítima de uma injustiça monumental". O ex-ministro José Dirceu, condenado pela Corte, também deve participar do encontro petista.
Imprensa internacional destaca proximidade de Lula e Dirceu
Lula e José Dirceu. Reprodução do The New York Times out 2012. |
Para o 'New York Times', Joaquim Barbosa emerge como 'espécie de herói' do julgamento; jornal americano contrasta a tentativa de Dilma de se mostrar como líder que combate a corrupção enquanto evita falar do caso
O jornal americano The New York Times chama o
mensalão de "possivelmente o maior escândalo de corrupção do Brasil".
A publicação, que chama de lendária a
corrupção no sistema político do País, classifica o julgamento como uma
"rara ruptura" na responsabilização de políticos.
O New
York Times lembra que José Dirceu estava entre as mais importantes
figuras políticas do Brasil à época da eclosão do escândalo, em 2005, e diz que
a votação que o condenou por corrupção ativa foi um ponto-chave do julgamento.
Para o Times,
a presidente Dilma Rousseff evita comentar o caso ao mesmo tempo que tenta
sedimentar a imagem de uma líder que combate a corrupção. Ainda assim, seu
"partido (PT) está às voltas da ressonância do julgamento na
sociedade".
Para a publicação americana, o ministro
Joaquim Barbosa, relator do processo, emerge como uma espécie de "herói
político" nos acontecimentos.
PLACAR DO JULGAMENTO DO MENSALÃO
Fonte: Arte-design do Jornal O Estado de S. Paulo out. 2012. |
*O Estado de S. Paulo 10 de out. 2012, com adaptações de texto e imagens FN Café NEWS
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