Presidente vai igualar o número de estatais criadas
nos dois mandatos de Lula, além de aumentar a quantidade de ministérios para
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Projeto de Hidrovias é retomado pelo governo federal neste ano. Foto: Banco de Imagens/ANTAq |
Com informações de Fábio Fabrini, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O governo Dilma Rousseff prepara a
criação de mais uma estatal, que terá a tarefa de cuidar dos portos fluviais,
hidrovias e eclusas do País. Projeto dos ministérios do Planejamento e dos
Transportes prevê a formação de uma nova empresa, que assumirá as funções,
nessa área, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Caberá a ela projetar, construir, operar, manter e restaurar a estrutura de
navegação em rios, hoje muito abaixo de suas possibilidades e do potencial do
País.
Se levada adiante, a nova estatal será a quinta de
Dilma em menos de três anos de governo - seu antecessor, Luiz Inácio Lula da
Silva, também criou cinco, mas em oito anos. A presidente já incorporou à
administração federal a Infraero Serviços, a Amazônia Azul Tecnologias de
Defesa e a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias, além
da Empresa Brasileira de Planejamento e Logística (EPL), esta última para
planejar e articular ações na área de Transportes. As companhias se somam a
dois ministérios - a Secretaria de Aviação Civil e a Secretaria da Micro e
Pequena Empresa -, adicionados por Dilma às 37 pastas herdadas de Lula.
Ainda em gestação, a "Hidrobrás" teria
dupla vinculação, reportando-se tanto ao Ministério dos Transportes quanto à
Secretaria de Portos da Presidência (SEP), responsável hoje pelos terminais
marítimos. A principal justificativa para a criação é que, sob o guarda-chuva
do Dnit, os portos fluviais e hidrovias ficam em segundo plano, pois a
autarquia concentra suas atividades na gestão da imensa malha rodoviária.
Multimodais.
"Países com as dimensões do Brasil não têm órgãos multimodais (para gestão
de mais de um tipo de transporte), como o Dnit", argumenta autoridade do
governo envolvida no projeto, explicando que o Brasil não usa um terço de sua
capacidade hidroviária. "Para você potencializar isso, precisa de alguma
especialização", sustenta.
O ex-ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos,
que ontem transferiu o cargo ao ex-senador César Borges (PR-BA), diz que o
objetivo do governo é tirar a estatal do papel este ano. "Estamos
trabalhando com uma reestruturação onde se considera uma empresa para cuidar de
portos fluviais e a manutenção das vias navegáveis", afirmou, sem dar mais
detalhes.
Segundo Passos, a continuidade dependerá do novo
titular da Pasta. A criação da estatal deve ser discutida hoje em reunião de
Borges com a cúpula do Dnit. Por ora, o ex-senador não se inteirou da estrutura
que terá de administrar. Só ontem, após sua posse no Planalto, soube o número
de diretorias do Dnit. "Quantas são? Três?", perguntou ao
diretor-geral do Dnit, general Jorge Ernesto Pinto Fraxe, sendo informado de
que elas são sete.
A execução orçamentária do Dnit expressa a atrofia
do transporte fluvial no governo Dilma. Em 2011, segundo dados do Tesouro, a
autarquia investiu R$ 202,6 milhões nas hidrovias e portos fluviais, 52% do que
prometeu (R$ 386,8 milhões). Em 2012, o desempenho foi ainda pior. O valor
efetivamente gasto (R$ 145,1 milhões), a 32% do previsto (R$ 450,7 milhões).
Nos dois anos, do total aplicado, mais de 70% são de restos a pagar de
exercícios anteriores.
Projetos importantes tiveram pouca ou nenhuma
verba. Em 2012, por exemplo, o Dnit previu R$ 100 milhões para a Eclusa de
Lajeado, no Rio Tocantins, mas não gastou nada. Para melhorar o canal de
navegação do Rio Madeira, reservou R$ 10,4 milhões, mas pagou R$ 3,9
milhões.
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