sábado, 27 de abril de 2013

Ponte de 1922 entre Pirapora e Buritizeiro deve ser interditada para reforma no prazo de 30 dias

Termo firmado entre o Ministério Público de MG e os municípios de Pirapora e Buritizeiro estabelece prazos e obrigações para a recuperação da Ponte Marechal Hermes
A ponte  de 1922 tombada pelo patrimônio histórico é de madeira e tem buracos ao longo de sua extensão. Fotos: Michelly Oda /G1 Grande Minas.
A precariedade, a falta de conservação e o avançado estado de deterioração da quase centenária Ponte Marechal Hermes, que liga Pirapora a Buritizeiro, estão com os dias contados. Um acordo celebrado nessa terça-feira, 23, entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e os dois municípios do norte mineiro estabelece prazos e medidas para a interdição e recuperação do local, patrimônio cultural tombado pelo Governo de Minas. O acordo foi baseado em laudo elaborado, a pedido do MPMG, pelo Batalhão de Engenharia do Exército Brasileiro.

Reunião entre o MPMG e os prefeitos de Pirapora e Buritizeiro (MG). Foto: ACS/MPMG.
Com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre as partes durante reunião na sala da Escola Nacional de Mediação (Enam), todo o lado direito da ponte, no sentido Pirapora-Buritizeiro, deverá ser interditado pelos municípios no prazo de 48 horas. O objetivo é evitar a ocorrência de acidentes e o agravamento da situação de conservação do local.

Além disso, as Administrações municipais terão o prazo de 30 dias para promover a reforma emergencial da passarela esquerda da Marechal Hermes, também considerando o sentido Pirapora-Buritizeiro. Após as obras, os responsáveis deverão encaminhar um relatório técnico demonstrando o bom estado de conservação da passarela.

Outra medida será a substituição de todas as lâmpadas queimadas ou ineficientes, tendo em vista a melhor iluminação noturna dos locais de passagem de pedestres - o MPMG requisitou que a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) faça a substituição de todas as lâmpadas queimadas do sistema de iluminação da ponte em dez dias, a fim de aumentar a segurança no local.

Durante a reforma, os municípios estão obrigados a impedir o trânsito de qualquer tipo de automóvel em ambos os lados da ponte. Para garantir a proibição, deverão afixar placas de caráter informativo e educativo e de advertência.

MULTA
Em caso de descumprimento dos termos acordados, os entes municipais terão que arcar com multa diária equivalente ao valor de um salário mínimo, que deverá ser revertida ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha).

Trabalho conjunto
Além do MPMG e municípios envolvidos, participaram ainda da reunião representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, da Superintendência de Patrimônio da União, da Ferrovia Centro Atlântica e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais.

Pelo MPMG, assinaram o TAC os promotores de Justiça Graciele de Rezende Almeida, Ana Eloísa Marcondes da Silveira e Marcos Paulo de Souza Miranda.

HISTÓRIA: Ponte Marechal Hermes - Pirapora/Buritizeiro

FOTO: Izabel Chumbinho - Fotográfa do Iepha/MG
A ponte, inaugurada em 1922, foi construída com estrutura de aço importado da Inglaterra .
A grande ponte metálica é considerada cartão de visita da região dos dois municípios mineiros. Inaugurada em 10 de novembro de 1922, tem placas comemorativas situadas em sua parte superior, tanto no lado de Pirapora quanto no de Burtizeiro. Na de Pirapora pode-se ler: “No anno de 1922 foi officialmente inaugurada esta Ponte, sendo Presidente da República o Exmº Sr. Dr. Epitácio Pessoâ e Ministros: os Exmºs Srs. Drs. Pires do Rio, Viação: Simões Lopes, Agricultura: Homero Baptista, Fazenda: Pandiá Calógeras, Guerra: Ferreira Chaves, Justiça; Veiga Miranda, Marinha e Azevedo marques, Exterior”.

Do outro lado de Buritizeiro estão os seguintes dizeres: “Estrada de Ferro Central do Brazil. Diretor: Dr. Joaquim de Assis Ribeiro; Sub-Diretores Drs. José Luiz Baptista, Carlos de Andrade, Humberto Antunes, Carvalho de Souza, Carlos Euler, Alberto Flores e chefes de Secção de Construção: Drs. Caetano Lopes e Pires e Alburquerque”.
Para construção da ponte foram usados tecnologia e materiais importados, principalmente ingleses, o que representou a continuação da difusão da técnica construtiva em ferro, introduzida no Brasil no século XIX e da qual a expansão ferroviária foi pioneira.

A edificação do pontilhão tornou realidade o antigo sonho de transpor o Rio São Francisco, promovendo a emancipação econômica de Pirapora. Contudo não foi possível alcançar o objetivo final, que era avançar com os trilhos até a cidade de Belém, no Pará. Esse projeto gigantesco de ferrovia - “Estrada de Ferro Central do Brasil” - propunha ligar a capital da República à capital do Pará, cruzando o Planalto Central.

A Ponte Marechal Hermes é um importante atrativo turístico da região por sua beleza e excepcional solução estrutural. Tem no total 692 metros de comprimento, em 14 vãos, sendo dez centrais de 50 metros e os marginais de 35 metros cada um. A largura total é de 8 metros, com dois passeios laterais para uso dos pedestres, que foram colocados mais tarde. Estas passarelas são sustentadas por mãos francesas metálicas engastadas no vigamento horizontal inferior. Possuem piso de tábuas corridas assentadas sobre perfis de ferro e a proteção é feita por guarda-corpo também metálico cujo desenho contrasta com a estrutura principal por seu frágil aspecto. Na mesma época foram colocadas também, ao lado dos trilhos, peças de madeira para trânsito de carros.

Atualmente, a ponte passa por obras emergenciais.

Referência: Processo de Tombamento da Ponte Marechal Hermes - Pirapora Sede - IEPHA/MG
 

2 comentários:

  1. Gabriela Braga - Pirapora (MG), via facebook: "Nos faz muita falta a ponte funcionando da maneira devida, enfim, uma boa notícia!"

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  2. Selma Filha , via facebook: "Será que de fato o é?! afinal vivemos em lugares cheias de promessas e nada sai do papel"

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