Mantega disse que o preço do combustível na bomba
pode cair até R$ 0,12 por litro, mas ressaltou que setor não deve repassar
integralmente o benefício fiscal
Célia
Froufe e Renata Verissimo, da Agência Estado
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega,
anunciou nesta terça-feira, 23, que o governo vai reduzir a incidência de PIS e
Cofins para etanol, que atualmente é de R$ 0,12 por litro. "Vamos dar crédito
de PIS e Cofins correspondente a esse valor e, assim, vamos neutralizar seu
impacto", explicou. "É como se fosse zero (a incidência desses
tributos)", considerou.
O potencial de redução do preço do etanol com as
medidas, no limite, conforme o ministro, é de R$ 0,12 por litro, mas ele mesmo
salientou que nem tudo será repassado. "Não quer dizer que o setor vá
repassar os R$ 0,12. Condição dada à indústria é que aumente investimentos e
oferta. Com isso, o preço já vai ser reduzido. A renúncia aos cofres públicos
com a medida este ano será de R$ 970 milhões e, nos demais anos, de R$ 1,181
bilhão.
Ele salientou, porém, que as medidas anunciadas
hoje visam a viabilizar condições para que o setor realize investimentos.
"Não quer dizer que vai repassar tudo para o preço, pode repassar uma
parte. Aumento da produção é o que nos interessa", disse. "O setor
precisa expandir produção."
O ministro lembrou que a primeira medida para o
setor já foi anunciada há alguns meses, que é o aumento de 20% para 25% da
quantidade de álcool anidro na gasolina. O aumento do mix começará em 1º de
maio. Mantega avaliou que essa medida vai reduzir o preço da gasolina.
"Temos condição de fazer isso porque a área plantada se expandiu de 8% a
10% e a safra 2012/13 é muito boa. Tem expansão de mais de 10%. Com isso,
teremos etanol suficiente para a mistura", considerou.
Mantega defendeu que as medidas anunciadas ajudam a
diminuir a inflação. "Isso só pode ajudar a diminuir inflação, e não
elevá-la. Isso e o incentivo ao investimentos são elementos que beneficiam a
contenção da inflação. Ambos são antiinflacionários", argumentou.
Crédito para plantação de cana. Além disso, Mantega anunciou uma linha, chamada de Pró-Renova com disponibilidade
de crédito de R$ 4 bilhões para a renovação da plantação de cana e para novas
plantações, mas depois admitiu que essa linha já existe. No ano passado,
ofertou um total de R$ 4 bilhões, com desembolso de R$ 1,3 bilhão. "Agora
é novo, terá também R$ 4 bilhões, só que com taxa de juros mais baixa. Condição
está melhorando. Juro anterior de 8,%, 9% ao ano. Agora é de 5,5%",
comparou.
Além disso, o ministro anunciou uma linha para
estocagem com prazo de 12 meses e juros de 7,7% ao ano.
Mantega enfatizou que é preciso olhar para o longo
prazo quando se falar do setor alcooleiro. "O etanol tem que ocupar espaço
muito maior do que tem hoje; podemos nos tornar o primeiro produtor do
mundo", disse, acrescentando que atualmente esse posto é dos Estados
Unidos. Para que o Brasil avance na posição ele disse que é preciso ampliar o
volume de pesquisas, das áreas plantadas e das condições financeiras. "É
nisso que estamos trabalhando. O Brasil precisará de vários bilhões de etanol
por ano", afirmou.
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