Quatro milhões de pessoas ficaram
desempregadas em 2013, diz OIT
Filas de desemprego aumentaram em 2013, diz OIT. Foto: Veja maio 2014. |
AFP -
Agence France-Presse
Cerca de
quatro milhões de pessoas engrossaram as filas de desempregados no mundo em
2013, com o número total chegando a 199,8 milhões, de acordo com o relatório
anual do trabalho divulgado nesta terça-feira pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT), uma agência da ONU com sede em Genebra.
A taxa de
desemprego em 2013 "permaneceu inalterada em 6%" da população
economicamente ativa, acrescentou o relatório, que revela, entretanto, que 90%
dos novos empregos no mundo serão criados nos países em desenvolvimento a médio
prazo. Devido a esse panorama, as migrações vão acontecer no sentido sul-sul e
norte-sul, revela a OIT.
O aumento
do desemprego em 2013 é explicado pelo fato de os países não terem criado a
quantidade suficiente de vagas de trabalho para absorver todos aqueles que
estão entrando no mercado. O mundo conta com 30,6 milhões de desempregados a
mais do que antes da crise financeira de 2008.
Desde
2009, as economias mais avançadas e as emergentes têm reagido de forma
diferente em relação ao emprego. Nas economias avançadas, a taxa de desemprego
chegou a 8,5% no início de 2009, contra 5,8% em 2007, antes do início da crise.
Em
troca, nos países em desenvolvimento, a taxa de desemprego avançou pouco,
passando de 5,4% em 2007 para 5,8% em 2009, em razão, principalmente, de um
sistema de proteção social muito menos favorável que não permite a uma pessoa
se manter por muito tempo com o auxílio desemprego.
Depois
dessa época, o nível de desemprego caiu novamente e quase chegou ao seu nível
de antes da crise. Para 2014, a OIT prevê um aumento de 3,3 milhões no número
de desempregados no mundo. "Até 2019, o desemprego vai atingir 213
milhões", prevê a organização internacional, e "o número de pessoas
sem uma ocupação deve se manter globalmente no nível atual de 6% até
2017".
O
aumento mais forte em 2014 acontecerá na Europa Central e nos países do antigo
bloco soviético, onde o desemprego atingirá 8,3%. O dinamismo dos países em
desenvolvimento em matéria de emprego vai ter "um impacto maior sobre os
fluxos migratórios", revelam ainda os espacialistas da OIT.
"As
migrações sul-sul estão em pleno aumento, e cada vez mais trabalhadores deixam
também as economias avançadas, em particular os países europeus, para trabalhar
nos países em desenvolvimento", indica Moazam Mahmood, diretor adjunto do
Departamento de Pesquisa da OIT, e principal autor do relatório.
De
acordo com o informe, 231,5 milhões de pessoas viviam em um país que não era o
de nascimento em 2013. O número total de migrantes aumentou de 57 milhões desde
o ano 2000, e 19% desse aumento aconteceu nos últimos três anos.
As
economias desenvolvidas e a UE atraem 51% dos migrantes, mas, desde o início da
crise financeira mundial, as migrações sul-sul aumentaram. A OIT ressalta
também "uma multiplicação de casos isolados de jovens universitários
saídos de países desenvolvidos afetados pela crise que emigraram para países
emergentes nos últimos anos".
Nesse
relatório anual, os especialistas da OIT revelam também que a classe média
progrediu nos países emergentes, graças à criação de empregos de qualidade.
"Desde o início da crise financeira, em 2008, o processo de convergência
econômica entre os países emergentes e as economias avançadas se
acelerou", afirmou o diretor geral da Organização Mundial do Trabalho
(OIT), Guy Ryder.
Entre
1980 e 2011, o salário per capita aumentou em média 3,3% por ano nos países em
desenvolvimento, contra 1,8% nos países industrializados. Nos países em
desenvolvimento, 839 milhões de trabalhadores ainda ganham menos de dois
dólares por dia. Mas esses empregos representam apenas um terço dos empregos
totais, contra 64% há 20 anos.
A
classe média constitui 44,5% da mão de obra dos países em desenvolvimento,
contra 20% há duas décadas. "Ao longo dos próximos anos, a maioria dos
novos postos de trabalho nos países em desenvolvimento será de qualidade
suficiente para permitir que as famílias tenham acesso a um padrão de vida
acima da linha de pobreza nos Estados Unidos", afirma o relatório.
No
entanto, 85% da força de trabalho nos países em desenvolvimento continuará a
viver em 2018 abaixo do que é considerado a linha de pobreza nos Estados
Unidos.
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