Saída de Joaquim Barbosa
provoca debate sobre indicações feitas ao STF
Daiene
Cardoso; Colaborou Felipe Recondo - Agência Estado
Joaquim Barbosa anunciou que vai se aposentar da Corte mais alta do país ao final de junho. AE. |
A
aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), trouxe novamente à tona a discussão sobre o modelo de indicação
para a mais alta Corte do País. A presidente Dilma Rousseff fará sua quinta
indicação para o STF. E caso a presidente se reeleja em outubro deste ano, o
tribunal terá 10 dos 11 ministros indicados pelo PT. Gilmar Mendes será o único
que não chegou à Corte pelas mãos do ex-presidente Lula ou de Dilma.
Só na Câmara dos Deputados, pelo menos
sete projetos incluem a participação de entidades e até mesmo do Parlamento no
sistema de substituição de ministros. O deputado Vieira da Cunha (PDT-RS) é o
autor de uma das Propostas de Emenda à Constituição (PEC) em trâmite na Casa.
Apresentado em 2009 à pedido de uma entidade da magistratura, a PEC cria a
obrigatoriedade de formação de uma lista com seis nomes indicados pelos
ministros do próprio STF. A PEC estabelece também a idade mínima de 45 anos
para os candidatos para a vaga de ministro e determina que seja um juiz de
carreira. "Minha ideia é aperfeiçoar o sistema", diz o pedetista.
Cunha critica o atual sistema que, em sua
opinião, dá poder à Presidência da República de escolher livremente o ministro
do STF. "O fato de um chefe de Poder indicar, a seu critério, os membros
da alta Corte, coloca em risco essa independência (de Poderes)", afirmou.
Seu projeto, no entanto, garante ao Executivo a palavra final sobre o processo
de escolha. O deputado Fábio Trad (PMDB-MS), segundo vice-presidente da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, também condena a
"contaminação" do sistema de escolha por influência
"político-partidária". Ele defende que entidades como a OAB,
Ministério Público e o próprio Judiciário indiquem nomes à Presidência da
República. "Inibiria essa contaminação e daria mais legitimidade ao
processo", defendeu.
Com a saída de Barbosa, Trad acredita que
pode aumentar a pressão no Congresso para a aprovação de mudanças no sistema.
"Na CCJ, os deputados sempre se mostraram interessados neste
assunto", afirmou. Já o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) não vê grandes
chances do tema entrar em pauta neste ano em virtude do calendário eleitoral e
de outras prioridades do Congresso.
O tucano destaca que é possível
aperfeiçoar os critérios do sistema, mas defende que a prerrogativa de escolha
continue nas mãos da Presidência da República, como já acontece em vários
países. "Eventuais vícios dos sistema não é pelo modelo de escolha, que é
parecido com o dos Estados Unidos. Os problemas passam pela qualidade da
escolha, mas não precisamos de alteração legal para resolver isso."
O
presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), João Ricardo dos
Santos Costa, defende a proposta da entidade de uma cota destinada a juízes de
carreira no Supremo. "O Supremo é uma Corte política, mas seria importante
que aquele juiz que começou lá na comarca do interior do Brasil e que passou por
todas as instâncias pudesse levar sua experiência para o STF", afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sinta-se à vontade para postar seu comentário.
Espaço aberto à participação [opinião] e sujeito à moderação em eventuais comentários despretensiosos de um espírito de civilidade e de democracia.
Obrigado pela sua participação.
FN Café NEWS