sábado, 20 de fevereiro de 2010

Eleições 2010 : PT homologa candidatura à Presidente no IV Congresso

Partido oficializa hoje o nome de Dilma Rousseff como candidata à Presidência da República nas eleições em outubro



O Partido dos Trabalhadores (PT) oficializa hoje (sábado – 20/02), no IV Congresso Nacional, realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília-DF, o nome da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, como candidata do partido à Presidência da República nas eleições de outubro, reforçando a tática eleitoral de colar a campanha dela à popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve em janeiro deste ano 84% de avaliação positiva em seu desempenho pessoal, de acordo com os números da pesquisa CNT/Sensus.

Ontem (sexta – 19/02), o PT deixou claro, no Congresso, que tentará fazer com que um eventual governo de Dilma Rousseff esteja mais à esquerda do que o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Delegados da legenda aprovaram sexta-feira, entre as resoluções que nortearão as propostas do partido para um programa de governo de Dilma, a defesa da redução da jornada de trabalho para 40 horas, o fortalecimento das empresas estatais, a taxação de grandes fortunas, o combate ao monopólio dos meios de comunicação, o fortalecimento da economia solidária, o combate à fome, a aceleração da reforma agrária, o aprofundamento das políticas sociais, a “regulamentação do aborto” e a defesa do polêmico Programa Nacional de Direitos Humanos, entre outras iniciativas que ainda precisarão ser discutidas com o restante dos partidos aliados antes de se tornarem parte efetiva da plataforma eleitoral da pré-candidata do partido à Presidência.

Ainda, na noite de sexta, em defesa da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à sua sucessão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma defesa da necessidade de o PT realizar alianças partidárias, mesmo que com legendas que, no passado, não eram seus tradicionais aliados.

Sem mencionar o PMDB, Lula disse, em discurso no Congresso Nacional do PT, que "quando chegamos ao governo, vimos que era preciso dar um passo a mais para a governabilidade".

O presidente citou, no entanto, a ligação com o PDT, PSB, PCdoB, PR e PRB, do vice-presidente José Alencar.

Lula também insistiu que a militância reforçasse os palanques das legendas aliadas nos Estados em que o PT não tiver candidatura própria para governador. "Queremos ajudar os outros partidos a ganharem governadores também", destacou.

O presidente aproveitou ainda para enviar um recado à oposição. "Aqueles que queriam acabar (com a nossa raça) estão quase acabando", disse Lula em referência a declaração do ex-presidente do Democratas Jorge Bornhausen na época do escândalo do mensalão, em 2005.

O Democratas vive uma crise por conta de acusações de corrupção envolvendo o governador licenciado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, preso há mais de uma semana. O Distrito Federal é a única Unidade da Federação governada pelo DEM.

Lula afirmou ainda que, quando deixar a Presidência em 2011 vai trabalhar pela integração do PT aos demais partidos de esquerda da América Latina.

Coube ao presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, sair em defesa da proposta de fortalecimento das empresas estatais.

– Nós estamos reafirmando nas nossas diretrizes que vamos continuar fortalecendo as instituições estatais pela sua importância estratégica para o país. Não só nos momentos de crise, mas nos momentos de bonança as estatais serem importantes. A oposição dizia que não ia dar certo, que a indústria não teria capacidade de atender a Petrobras. Esse é o nosso momento, está claro que o Brasil esta aprovando – afirmou Dutra.

O petista ressaltou, contudo, que não enxerga na proposta um viés mais à esquerda do que o existente no governo Lula e ainda aproveitou a discussão para cutucar os tucanos.

– Se a oposição é contra, dizendo seria uma proposta chavista, tem que dizer claramente qual a posição dela. Quando falarmos de privatização, não venham dizer que estamos fazendo terrorismo – provocou, se referindo ao uso na campanha, por parte do PT, das privatizações tucanas como uma forma de ataque ao PSDB.

Uma das poucas propostas com um maior viés de esquerda rejeitada pelos delegados foi a que previa a defesa do monopólio estatal sobre o petróleo.

Os petistas também mantiveram o artigo que concede ao diretório nacional do PT o poder de decidir sobre as alianças da legenda nos estados. Apesar de um grupo de delegados ter apresentado emenda para que os diretórios estaduais tivessem autonomia para resolver os entraves à aliança com o PMDB, a maioria dos petistas entendeu que o texto original deveria ser preservado.

– Talvez exista um temor de que a direção nacional não tenha sensibilidade para dialogar. Mas o temor não deve substituir a afirmação de que o PT é um partido nacional. A emenda vai contra a nossa história. O PT é nacional. E tem sensibilidade das visões – justificou o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).

Entre os estados que enfrentam problemas para consolidar a aliança do PT com o PMDB estão Minas Gerais (Patrus Ananias X F. Pimentel; e Hélio Costa), Rio Grande do Sul (Tarso Genro X José Fogaça) e a Bahia (Jacques Wagner X Geddel Vieira Lima). Nos três estados há pré- candidatos do PT e do PMDB aos governos estaduais, o que na opinião de alguns petistas pode trazer ameaças à consolidação da aliança em nível nacional. 

Foto: Ed. Ferreira/AE

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