Plataforma na
Internet quer auxiliar municípios a identificar situação de jovens e monitorar
políticas públicas
Thais Leitão/ Repórter da Agência Brasil
BRASÍLIA
- Conhecer a realidade local e traçar um diagnóstico dos problemas específicos
de cada município é um importante passo para elaborar e direcionar políticas
públicas de forma eficiente. Com o objetivo de auxiliar os gestores municipais
a ter uma visão individualizada sobre as condições de vida de meninos e meninas
nas cidades brasileiras e garantir o cumprimento dos direitos dessa
parcela da população, está disponível na internet uma plataforma que permite
gerar relatórios sobre a condição de vida de jovens até 18 anos nas áreas de
educação, saúde, trabalho infantil entre outras.
Políticas Públicas para juventude: um desafio para o Brasil minimizar a violência na sociedade, família e escola. Foto: Portal InfoJovem/fev. 2013. |
De
acordo com a coordenadora do MapaDCA, nome dado à ferramenta, Adriana Mitre, a
plataforma, gratuita, passou por recente reformulação, que facilitou a obtenção
de dados mais precisos por meio do cruzamento de informações fornecidas pelos
gestores municipais. Ela permite identificar, por exemplo, os serviços
disponíveis para crianças e adolescentes em um determinado município; se há
vagas suficientes para atender a essa parcela da população na rede de ensino
local; e se o atendimento oferecido pela saúde está de acordo com as
necessidades da população, segundo parâmetros do Sistema Único de Saúde (SUS).
“A proposta é fornecer um retrato mais
completo dos municípios cadastrados, indicando a forma como as políticas da
infância têm sido priorizadas e se os resultados são satisfatórios, medianos ou
insatisfatórios”, disse.
Ela acrescentou que entre as novidades
está a possibilidade de comparar as informações de um município com os
indicadores estaduais e nacionais.
“No relatório há algumas referências a
leis, planos e resoluções que devem ser cumpridos e ainda o comparativo de
alguns dados oficiais do município em questão com os do estado e do país. Se um
indicador municipal está pior, ele precisa identificar as causas disso e tentar
melhorá-lo. Para isso, será preciso investir em políticas públicas locais”,
ressaltou.
O MapaDCA é direcionado ao Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), responsável por
elaborar e monitorar as políticas públicas para a infância, mas também pode ser
utilizado por outros órgãos da área, como o conselho tutelar.
Os interessados em utilizar a plataforma
devem se cadastrar no site e criar uma
conta, com a qual será possível preencher os formulários da ferramenta. As
perguntas sobre as políticas e as condições de vida de crianças e adolescentes
estão divididas em dez áreas temáticas, como cultura, esporte e lazer, trabalho
infantil e medidas socioeducativas. Com base nas respostas, os usuários
têm acesso a uma avaliação sobre seu município.
Desenvolvido pela organização não
governamental (ONG) mineira Oficina de Imagens, o MapaDCA tem apoio do Fundo
das Nações Unidas para Infância (Unicef) para divulgação.
Atualmente, 258 municípios de 23 estados
estão cadastrados, entre eles, Barcarena (PA). Segundo o psicólogo da
Secretaria Municipal de Educação Juarez Silva do Nascimento, as autoridades
locais estão implantando, este ano, um plano de ação, com medidas voltadas
principalmente às áreas de educação e assistência social, baseado no relatório
gerado pela plataforma.
“Percebemos, a partir da utilização do
MapaDCA, que há pouca interlocução entre os serviços que atendem a essa parcela
da população no nosso município. Informações que chegam aos serviços de saúde
sobre vítimas de abuso sexual, por exemplo, muitas vezes não são captados pelas
delegacias ou pelo conselho tutelar. Estamos trabalhando para padronizar um
banco de dados que unifique tudo isso”, destacou.
Ele acrescentou que a plataforma também
contribuiu para a implantação de um programa de saúde sexual e reprodutiva na
rede municipal de ensino, que conta com a participação dos próprios jovens para
multiplicar as orientações transmitidas pelos profissionais.
Edição: Lílian Beraldo
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