Projeto
do Senado eleva frequência obrigatória no ensino básico de 75% para 85%
BRASÍLIA (DF)*No momento em que a presidente Dilma Rousseff anuncia que a
educação será a maior prioridade do seu governo, aguarda votação no Senado
projeto que aumenta de 75% para 85% do total de aulas anuais a frequência
exigida dos alunos do ensinos fundamental e médio. O texto, que altera a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB), foi apresentado há três meses pelo então
senador Wilson Matos, sob o argumento de que em nenhum país do mundo é
permitido índice tão elevado de faltas.
Hoje, a lei diz que o controle da presença fica a cargo da
escola, exigida a frequência mínima de 75% do total de horas letivas para
aprovação. O projeto (PLS 293/2014) aumenta essa exigência em dez pontos, no
entendimento de que o absenteísmo impacta fortemente o desempenho e os
resultados dos estudantes, assim como os índices de qualidade da educação
brasileira.
Na justificação do projeto, Wilson Matos
observa que o seguinte fenômeno ocorre em todo o país: “Crianças e adolescentes
se matriculam, adquirem material, acompanham o início do ano letivo, mas
algumas semanas depois começam a se ausentar, de forma intercalada ou
contínua”.
Lembrando que a presença em sala de aula é
requisito essencial para que o estudante reflita sobre a realidade e obtenha
conhecimento, o autor do projeto afirma que, quando falta reiteradamente às
aulas, "o aluno perde o fio da meada", o processo de aprendizagem não
se efetiva e o desenvolvimento das competências cognitivas, afetivas e
psicomotoras fica prejudicado.
De acordo com Matos, a falta do aluno a um
quarto das atividades didáticas resulta numa perda de relevante fatia das
possibilidades de intervenção pedagógica e de atendimento individualizado. Além disso, afirma ele, o resultado da Pesquisa
Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis, na sigla em inglês),
divulgado em 2014, mostra que mesmo esses 75% de presença obrigatória podem não
estar sendo utilizados para trabalho pedagógico.
Isso porque, no Brasil, apenas 68% do
tempo dos professores é utilizado em atividades de ensino. O restante das horas
é gasto para controlar a disciplina e pedir silêncio aos alunos (18%), assim
como para tarefas administrativas (12%).
Wilson Matos também diz que uma das
realidades que prova que o ensino básico precisa de mudança é a estagnação, nos
últimos anos, do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador
criado pelo governo para
medir a qualidade do ensino nas escolas públicas.
Num quadro desses, ele constata que
apresentar bom desempenho em avaliações de qualidade da educação seria
praticamente "um milagre", quando se considera que, na realidade
educacional brasileira, um aluno pode faltar a um quarto das horas letivas e,
mesmo que esteja presente nos outros três quartos das aulas, aproveita
efetivamente menos de 70% do que é ensinado. Para ser votado, o projeto ainda
depende da escolha de um relator.
*Com Agência Senado/Adaptações
de texto, imagem e legenda FN Café NEWS
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