Famílias do Ipê vêm provocando impasses na sua produção e no seu reflorestamento entre agricultores do Projeto Jaíba 2
Sedinor busca solução para impasse ambiental no Projeto
Jaíba
Famílias da 'Tabebuia" - o Ipê - causam impasse no seu reflorestamento no Projeto Jaíba. Mosaico FN Café NEWS/Reprodução do Google Imagens. |
MONTES CLAROS (MG) – De classificação científica, com sua origem
indígena proveniente do Tupi,
famílias da Tabebuia, mais conhecidas como Ipê, vêm causando
impasses na sua produção e no seu reflorestamento entre agricultores do Projeto
Jaíba 2 no Norte Minas. Isso ficou
evidenciado na reunião dessa quarta-feira (11/3) na Secretaria de
Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Sedinor),
entre o deputado Paulo Guedes (titular da pasta), que articulou o debate, e os
secretários de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Sávio de Souza
Cruz, e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Cruz, além do presidente
da Ruralminas (Fundação Rural Mineira), Luiz Afonso.
Na reunião da Sedinor, teve-se inicialmente
o caráter mais abrangente na sua pauta, como a discussão sobre a legislação
ambiental em Minas Gerais, especificamente a Lei 20.308/2012, que regulamenta
os casos de supressão e declara o ipê-amarelo espécie de preservação permanente
e de interesse comum e imune a corte. Além disso, debateu-se a resolução
conjunta entre a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) e o Instituto
Estadual de Florestas (IEF), que estabelece o cumprimento e fiscalização da
reposição florestal atribuindo o valor de R$ 3,60 por árvore a ser reposta, que
antes era de R$ 1,03.
Logo após, passou-se a discutir temas, de forma
específica, como “o Projeto Jaíba e as altas taxas ambientais". Nesse aspecto, a Ruralminas apresentou, durante a reunião, os impasses que vem impossibilitando
o andamento do Projeto Jaíba 2, sendo eles: o valor das taxas de supressão para
o reflorestamento das áreas desmatadas e a impossibilidade de utilizar as
terras para produção por falha na identificação da espécie “Ipê-amarelo”.
O secretário Paulo Guedes defendeu a
necessidade de uma solução imediata para os impasses. “O investimento neste
projeto é de bilhões. Foi feito leilão público para vender as terras, e agora
os produtores estão se sentido lesados por não poderem produzir. Nossa região
tem o menor IDH do estado e o desenvolvimento da agricultura gera empregos e
movimenta a economia”, adverte.
A Ruralminas apresentou um Inventário
Florestal com o levantamento e informações sobre as características quantitativas
e qualitativas da floresta do Jaíba, que comprova que na área do projeto só
existe uma espécie do ipê-amarelo. Sendo que a espécie característica nesta
região é a “tabebuiaRosealba”,
mais conhecida como Ipê-branco. A instituição alegou que as terras estão
paradas por falta de qualificação dos técnicos da Superintendência Central de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram), para diferenciar as
espécies de ipês.
Para Luiz Afonso, presidente da
Ruralminas, o Projeto Jaíba é composto por um Sistema de Áreas Protegidas (SAP
Jaíba), sendo fundamental para a efetiva proteção da biodiversidade local e
regional. “Por isso não justifica um valor de supressão tão elevado,
estão tornando o investimento nas terras inviável. O ideal seria cobrar a taxa
anterior”, ressalta.
Área total de proteção e conservação e
preservação de ecossistemas ambientais do Projeto são de 329.781,14 hectares,
sendo 71.816,95 hectares em Unidade de Conservação e Proteção, 97.373,58
hectares de Unidades de Conservação de Uso, 16.724,61 hectares de Reservas
Legais, num total de 185.915,14 hectares e mais 143.866,52 hectares de Área de
Proteção Ambiental – APA.
Diante das colocações, o secretário Sávio
de Souza Cruz solicitou à Ruralminas que encaminhe à Supram uma contestação
tendo como base o Inventário Florestal, que comprova a existência de apenas uma
espécie de ipê-amarelo. E também, no que diz respeito às supressões, o
encaminhamento de um parecer técnico e social para que a Semad e o IEF possam
ter embasamento para rever a resolução.
O Projeto Jaíba
Localizado nos municípios de Jaíba e
Matias Cardoso, o Projeto ocupa área total irrigável de 107,6 mil hectares. Na
Etapa I do Jaíba, a área irrigável é de 24.752 hectares, e a área ocupada é 23.061.
Mais da metade da área do perímetro é destinada à fruticultura, com destaque
para a produção de limão.
A área do Jaíba II tem 19.276 hectares,
dos quais 14 mil hectares estão em produção. Nela, atuam médios e grandes
produtores, contemplando 55 empresários, com 684 lotes. Desde 2004, quando
iniciaram os cultivos, foram produzidas um milhão e duzentas mil toneladas de
produtos agrícolas.
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