Dnit cobra R$ 3 bilhões
dos herdeiros Itamar Franco
Com informações de Daniel
Camargos/Jornal EM –Belo Horizonte
Ex-presidente Itamar Franco morreu em 2011, aos 81 anos. Foto: arquivo EM-BH. |
O espólio do ex-presidente do Brasil, Itamar Franco
(1930-2011), foi notificado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit) para pagar uma dívida de mais de R$ 3 bilhões, ou, mais
exatamente, R$ 3.127.374.909,49. O valor é referente a um imbróglio do último
mês que Itamar governou Minas Gerais, dezembro de 2002, quando o governo
federal editou a Medida Provisória 82, destinando a quatro estados verbas
referentes a obras realizadas nas rodovias federais com a condição de que elas
fossem estadualizadas.
Na época, no entanto, Itamar Franco alegou que o
governo mineiro não tinha recursos para quitar o 13º salário do funcionalismo
público e usou o dinheiro para fazer o pagamento. “Em virtude da não aprovação
da prestação de contas dos recursos da União repassados àquele estado”,
justifica a cobrança o Dnit na notificação. O diretor-geral do departamento,
Jorge Fraxe, informou, em nota, que a decisão cumpre determinação do Tribunal
de Contas da União (TCU) e que foi instaurada uma tomada de contas especial
para apurar a destinação dos recursos descentralizados pela União por
intermédio da MP 82.
O advogado Henrique Hargreaves, chefe da Casa Civil
no governo de Itamar, achou graça da notificação. “Isso foi feito às claras.
Não foi feito de oba-oba. Foi um recurso para pagar as estradas que já tinham
sido feitas e reformadas pelos governos estaduais”, sustenta Hargreaves. “Essa
turma do Dnit está de brincadeira”, completa.
Como não foi encontrado um representante legal de
Itamar, o Dnit notificou o espólio do ex-presidente. Os responsáveis têm 30
dias, contados a partir de 6 de setembro, quando foi publicada a notificação,
para fazer a defesa ou então pagar o que é cobrado. Na última eleição que
disputou, em 2010, Itamar declarou patrimônio de R$ 1,7 milhão. Entre dois
imóveis em Juiz de Fora e várias aplicações financeiras se destacava um
Volkswagen Fusca, avaliado à época em R$ 13.789,41.
Transição
A MP 82 deixou claro nas justificativas que deveria
haver um entendimento não só com os governadores cujos mandatos estivessem em
curso, como também com os governadores eleitos em outubro de 2002. O texto da
MP, aliás, foi redigido em conjunto por assessores do governo de Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), que se encerrava naquele mês, e de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), que tomaria posse em janeiro.
Foi noticiado na época que o principal acerto foi
feito com a equipe de Itamar, em fim de mandato, que passou os quatro anos se
queixando da aplicação de R$ 2 bilhões dos governos mineiros entre 1989 e 2001
na melhoria das rodovias federais. Os outros estados (Espírito Santo, Paraná e
Rio Grande do Sul) aproveitaram o embalo e também participaram do acordo.
Havia ainda um contexto político, que possibilitou
a edição da MP sem obrigatoriedade de aplicação nas estradas. Na época Lula era
grato a Itamar por ter apoiado a campanha dele. Era também interesse do tucano
FHC que seu correligionário recém-eleito governador, Aécio Neves, não começasse
o governo com o caixa em frangalhos. O valor naquela ocasião foi limitado a R$
130 mil por quilômetro de rodovia transferido.
Úrsula Lélis, via Facebook: "Quem disse que defunto não paga conta?"
ResponderExcluirWilson Mota - Manga (MG), via Facebook: "coitado dos herdeiros de Itamar Franco ,todo mundo sabe que esse dinheiro foi usado para pagamento da folha salarial do estado de Minas Gerais".
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