quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Montes Claros tem mais de dez tremores de terra em 2012

Terra volta tremer de forma mais intensa na madrugada desta quarta-feira em Montes Claros

Tremores tiveram magnitude de 3.8 e 3.5 nos dois primeiros abalos sísmicos
Montes Claros sofre mais de dez tremores de terra neste ano.  Três deles ocorreram na madrugada desta quarta (19). Mapa Google 19 dez. 2012 - Arte: FN Café NEWS.
Imagem dos três tremores em Montes Claros(MG). Casa que teve o telhado destruído no bairro Jardim Brasil (Foto: Michelly Oda/G1)
FN Café NEWS/ÚLTIMAS NOTÍCIAS – De acordo com o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obis/UnB), a intensidade da magnitude dos três tremores de terra ocorridos na madrugada desta quarta-feira (19/12) foi de 3.8 na escala Richter, sentido no primeiro abalo sísmico, por volta de 2h45. Já o segundo foi de 3.5 na escala, por volta de 3h15.

Os pesquisadores da UnB não conseguiram ainda detectar a magnitude do terceiro tremor terra, que ocorreu com baixa intensidade, por volta de 3h19.

MONTES CLAROS (MG)   A terra voltou a tremer, de forma mais intensa, na madrugada desta quarta-feira (19/12) em Montes Claros, no Norte de Minas. Três  abalos intensos foram sentidos pelos moradores por volta das 2h45, 3h15 e 3h19, assustando novamente diversas pessoas que saíram desesperadas de suas casas e de prédios em condomínios residenciais nos bairros. Houve pequenos blackouts no fornecimento de energia em determinadas regiões da cidade. Moradores tomaram atônitos ruas e praças da cidade com medo de suas casas caírem.

Ainda não foi calculada, por meio do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obis/UnB)/USP/Unimontes, a intensidade da magnitude desses abalos sísmicos na cidade. Segundo relatos dos moradores, a magnitude sentida nesses três abalos pode ser próxima da magnitude de 4.2 na escala Richter, que foi a mais intensa na cidade, registrada em maio deste ano. Os moradores relatam ainda que acordaram com “forte estrondo parecendo um trovão, com alguns objetos caindo ao chão e sacudindo as paredes” de suas casas.

Pânico dos moradores
A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros na cidade ainda não divulgaram se há vítimas ou maiores consequências em relação aos estragos e ruínas sofridos pelos abalos nas edificações dos moradores. No entanto, muitos moradores permaneceram do lado de fora de suas residências, assustados, que ficaram sem dormir, até por volta de 5h40. Alguns deles saíram desesperadamente com seus veículos em alta velocidade a busca de um local seguro. Foram registrados casos em que hóspedes de hóteis na cidade saíram correndo para o aeroporto local; varandas e telhados caíram de casas e verificaram estilhaços de portas de vidros de alguns estabelecimentos comerciais no bairro Todos os Santos.

Com as especulações do “fim do mundo”, marcado para próxima sexta-feira (21/12), segundo calendário da civilização Maia, muitas teorias apocalípticas andaram circulando entre moradores montesclarenses na madrugada desta quarta-feira, em face desses novos abalos.

A cidade de Montes Claros contabiliza atualmente com 177 tremores de terra desde 2008, dos quais 60 deles foram registrados oficialmente pelos sismógrafos. O último ocorreu na madrugada desta quarta-feira (19/11). 

Oito sismógrafos itinerantes (provisórios) já foram instalados na cidade, através das Universidades de São Paulo (USP) e de Brasília (UnB) e mais Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). No entanto, a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) trabalha em parcerias com essas universidades para instalar sismógrafos fixos no perímetro urbano e na zona rural do município. Além da compra desses equipamentos, a Unimontes vem estabelecendo trocas de conhecimentos e ideias inovadoras com essas instituições de ensino superior públicas (Benchmarking), a fim de desenvolver os procedimentos científicos necessários para implantação e operação do primeiro Observatório Sismológico na cidade, sob a coordenação do Departamento de Geociências do Centro de Ciências Humanas. Segundo a Unimontes, uma estação sismológica deve instalada no Parque Estadual da Lapa Grande (do IEF) e outra será itenerante/móvel na cidade.

Explicações científicas
Diversos pesquisadores têm visitado a cidade nesta semana, no sentido de buscar explicações plausíveis e científicas para esses fenômenos sísmicos ocorridos na cidade. Especula-se, por exemplo, que há uma grande ‘falha geológica’ na região do Alto Médio São Francisco, onde se encontra Montes Claros e demais cidades próximas e banhadas pelo Rio São Francisco que sofrem frequentes ‘oscilações de placas tectônicas’.

A UFOP vem estudando as hipóteses de influência do Oceano Atlântico e da Cordilheira dos Andes nos tremores de terra que atingiram Montes Claros nos últimos anos.

O professor Paulo Pereira Martins Junior, do Grupo de Pesquisas “Soluções Integradas em Ecologia, Energia, Economia e Gestão” do Centro Tecnológico de Minas Gerais e da UFOP, afirma que é necessário um estudo mais profundo.

Existem divergências entre os institutos de sismologia, pois o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) aponta que o primeiro tremor na cidade ocorreu em 1978, enquanto a Universidade de Brasília, em 1995.

O Grupo de Espeleologia Peter Lund constatou que as grutas de alta valor espeleológico no Parque Estadual da Lapa Grande, em Montes Claros, foram bastante prejudicadas com esses tremores, pois, segundo especialista, colunas ruíram, prejudicando seu acervo natural no local, que desde 2005 foi fechado à visitação pública, para serem realizados estudos científicos.

O professor Paulo Pereira afirma que, no primeiro momento, vai pegar os estudos dos sismógrafos da Universidade de Brasília (UnB) e da USP para buscar as teorias possíveis. Nesse sentido, ele trabalhará com as hipóteses andinas e atlântica. “Tradicionalmente, o Norte de Minas nunca teve tradição sísmica própria. Por isso, o professor-pesquisador defende estudos sobre essas hipóteses. Pereira diz que, como o pesquisador, ele tem se especializado nos estudos geológicos do vale do São Francisco.

O professor Marcelo Assumpção, da USP, tem visitado a cidade, onde ele tem analisado os dados colhidos por sua equipe que investiga esses fenômenos sismológicos na região. Ele trabalha também com os dados e as informações geradas pelos cinco sismógrafos montados provisoriamente pela UnB.


RESTROSPECTIVA DE ABALOS SÍSMICOS NO NORTE DE MINAS, COM MORTE
09/12/2007 - 17h52 
Terremoto em Minas é o 1º a registrar morte no país, afirma especialista
Da Folha Online
ITACARAMBI (MG) – O terremoto de 4,9 graus na escala Richter no norte de Minas Gerais é o primeiro a registrar uma morte, segundo o Obsis (Observatório Sismológico de Brasília), da UnB (Universidade de Brasília).
O tremor foi sentido na comunidade rural de Caraíbas, distante 35 km de Itacarambi (MG), segundo o governo de Minas. Uma criança de cinco anos morreu esmagada pela parede de sua casa, que não resistiu ao abalo e caiu.
Outras duas pessoas tiveram traumatismo craniano e quatro foram internadas com ferimentos leves.
Segundo o governo de Minas, o tremor ocorreu na madrugada deste domingo e atingiu também, de forma mais leve, a cidade de Itacarambi e alguns pontos de Manga e Januária. Informações preliminares do Cedec (Coordenadoria Estadual de Defesa Civil) mostram que no total 60 casas foram atingidas.
A Cedec informou que as famílias que tiveram suas casas destruídas serão removidas. Elas receberão cestas básicas, colchões e cobertores. A coordenadoria estuda ainda se outras remoções serão necessárias.
Inédito
Segundo o chefe do Obsis e professor de sismologia da UnB, Lucas Vieira Barros, o tremor no norte de Minas é o primeiro a provocar morte desde o início das medições feitas pelo observatório, em 1968.
Barros afirma que a região é conhecida por falhas geológicas e dentre as possibilidades que podem ter provocado o tremor em Minas está a de um afundamento em uma caverna.
Ele e outros dois técnicos da UnB devem chegar na manhã desta segunda-feira (10) para avaliar o que de fato ocorreu.
Em maio, o Obsis já havia registrado um tremor de 3,5 graus no local e chegou a avisar a Defesa Civil para eventuais problemas, mas nenhuma ocorrência grave foi registrada.
Em outubro deste ano, os técnicos do Obsis instalaram seis estações sismográficas para monitorar a região norte de Minas. A análise desses equipamentos deve auxiliar os técnicos a descobrir o que teria provocado o tremor.


 

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