Decreto que adia
obrigatoriedade do acordo ortográfico “vai mudar pouco a realidade”, diz
acadêmico
Alana Gandra/Repórter da Agência Brasil
Alana Gandra/Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O professor e autor de obras didáticas
Domício Proença Filhodisse na sexta-feira (28) à Agência Brasil que o
decreto presidencial que adiou a obrigatoriedade de uso do Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa para 1º de janeiro de 2016 “vai mudar muito pouco a
realidade brasileira”. Segundo lembrou, as novas regras já vêm sendo usadas
largamente.
“O que vai acontecer é que as regras vigentes
vão continuar convivendo com as novas regras”, explicou Proença Filho,
que é membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele observou que a mídia
brasileira, “com pouquíssimas exceções”, adotou as novas regras. O mesmo
ocorreu em relação aos livros didáticos, às novas obras publicadas pelas
editoras e às escolas, enfatizou.
O acordo que visa a padronizar as regras
ortográficas foi assinado em 1990 com outros países da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP) e suas regras passariam a ser obrigatórias já a partir
de 1º de janeiro. O decreto presidencial que estabelece o novo prazo de
vigência do acordo foi publicado na sexta-feira (28), no Diário Oficial da
União.
“O que vai acontecer é que as novas regras do
acordo de 1990 estão em vigor no Brasil e funcionando. A única coisa que muda
com o decreto [presidencial] é que elas vão continuar convivendo com as
anteriores. Ou seja, o período de adaptação é ampliado. Não vejo nenhum outro
efeito, em um primeiro olhar”, insistiu.
O professor atribuiu o adiamento, “possivelmente”,
à dimensão política do acordo, que foi assinado em 1990 por Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Já o
Timor Leste aderiu ao acordo em 2004, após tornar-se independente. No
Brasil, as novas regras estão em vigor desde janeiro de 2009, mas ainda não são
de uso obrigatório.
Proença Filho lembrou que, no Brasil, a resistência
ao acordo foi muito pequena. “Não teve repercussão maior, a resistência à
mudança. Então, o que vai acontecer com a prorrogação é o convívio das duas
regras”.
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