Proposta do Senado analisa em dar mais voz à sociedade
na elaboração do orçamento público por meio do ‘OP’
Assembleias de moradores votam e participam do ‘OP’, levantando propostas orçamentárias em regionais administrativas de Belo Horizonte (MG). Foto: PBH. |
Conteúdo FN Café NEWS e com Guilherme Oliveira/Agência Senado
BRASÍLIA
(DF) – No processo de elaboração do Orçamento da União, o Poder Executivo
elabora a proposta e a envia ao Congresso Nacional para debates, ajustes e
apresentação de emendas dos deputados federais e senadores [ou, no âmbito dos estados e municípios, seriam
os deputados e vereadores que discutem a proposta orçamentária]. No entanto,
um projeto vem sendo analisado, desde início de outubro deste ano, na Comissão
de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que tem como objetivo fazer com que os
estados e o Distrito Federal tenham voz não só através de seus deputados e
senadores na elaboração do orçamento público, mas também, na sua primeira
etapa, quando surge a peça orçamentária mediante a participação efetiva e
direta da sociedade nesse debate, ou seja, por meio do Orçamento Participativo (OP).
O Projeto de Lei do Senado, (PLS/Nº 99 de
2014), de autoria do senador licenciado Garibaldi Alves (PMDB-RN), propõe a
participação permanente de representantes das unidades da federação na
discussão de planos orçamentários no âmbito do Executivo, bem como na definição
de investimentos e obras que as impactem.
Caberia
ao próprio Executivo organizar os encontros com esses representantes, e que
seriam conduzidos por um representante do governo federal. Os estados e o
Distrito Federal, por sua vez, arcariam com as despesas necessárias para
assegurar a participação de seus enviados.
Além de
opinar sobre a elaboração do Orçamento e participar das decisões sobre os
investimentos e obras, os representantes estaduais e distritais poderão
apresentar estudos a respeito de ações do governo federal que estejam sendo
conduzidas em suas respectivas unidades da federação.
O
projeto ainda determina que o Executivo federal regulamente detalhes adicionais
desses comitês de representantes. Alguns detalhes não especificados pelo PLS de
Garibaldi incluem a o número de representantes por estado, sua forma de
indicação e a periodicidade das reuniões.
Em sua
justificação do projeto, Garibaldi observa que a concentração de arrecadação
tributária nas mãos da União faz com que seja importante um debate aberto entre
os níveis federal e estadual de governo.
De
acordo como o senador Garibaldi Alves, “é justo que as unidades da federação
possam, de forma oficial, participar da definição das obras e investimentos
financiados com recursos federais que terão impacto em seus respectivos
territórios”, justificou o parlamentar.
As diretrizes
básicas da agenda de debates proposta pelo projeto são o pacto federativo, o
atendimento igualitário das necessidades da população e o assessoramento
técnico dos participantes.
Essas
características fazem o senador Garibaldi afirmar que seu projeto serve para
tornar o processo orçamentário mais democrático e efetivo. Segundo senador, “ a
criação de um foro permanente de diálogo entre o Governo central e os governos
regionais vai ao encontro da ideia de
orçamento participativo. Contribui para tornar o orçamento uma peça que
efetivamente realiza as políticas públicas demandadas pela população”, acredita
o senador – autor da proposta.
O PLS
será apreciado na CAE de forma terminativa, ou seja, caso seja aprovado não
precisará ir a Plenário. O relator da proposição será Walter Pinheiro (PT-BA).
CONFIRA
o PLS 99/2014 – CLIQUE AQUI, que dispõe
sobre a participação de representantes dos Estados e do Distrito Federal na
discussão das propostas e planos orçamentários da União e na definição dos
investimentos e obras deles decorrentes.
O
QUE É ORÇAMENTO PARTICIPATIVO (OP)?
O Orçamento Participativo (OP) é um instrumento governamental de democracia
participativa que permite aos cidadãos influenciar ou decidir sobre os
orçamentos públicos, geralmente o orçamento de investimentos de prefeituras
municipais, através de processos da participação da comunidade. Esses processos
costumam contar com assembleias abertas e periódicas e etapas de negociação
direta com o governo. No Orçamento Participativo retira-se poder de uma elite
burocrático-política, repassando-o diretamente para a sociedade.
O OP é, geralmente, executado, em assembleias que
costumam ser realizadas em sub-regiões do município que adota essa proposta,
como em bairros ou distritos, em discussões temáticas e/ou territoriais,
elegendo também delegados que representarão um tema ou território nas
negociações com o governo.
Com a redemocratização e a promulgação da Constituição
de 1988, O OP surgiu na década de 1980, quando foi estimulada a participação
popular na definição de políticas governamentais, por intermédio da criação dos
Conselhos Setoriais de Políticas Públicas como espaços de controle social. As
mudanças constitucionais aliadas à vontade popular e política viabilizaram a
implantação em Porto Alegre (RS), do Orçamento Participativo, em 1989
tendo a proposta de discussão pública do orçamento e dos recursos para
investimento.
Diversas prefeituras no Brasil adotaram a participação
popular baseando-se no modelo de OP da cidade de Porto Alegre (RS), como
foram os casos de Belém (Pará), Santo
André (SP), Aracaju (Sergipe),Blumenau (SC), Recife (PE), Olinda (PE), Belo
Horizonte (MG) Atibaia (SP), Guarulhos (SP) e Mundo
Novo (MS).
REFERÊNCIAS:
ALVES, Márcio Moreira. A Força do Povo -
Democracia Participativa em Lajes. São Paulo: Brasiliense, 1980.
BENEVIDES, Maria Victoria e DUTRA, Olivio. Orçamento
Participativo e Socialismo. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001.
DIAS, João Marcus Pires. O Orçamento
Participativo na Cidade de São Paulo - Confrontos e Enfrentamentos no Circuito
do Poder - São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, 2006, p. 72
MAHFUS, Júlio César. A construção da cidadania
em busca da hegemonia social. Jus Navigandi, novembro de 2000.
SOUZA, Celina. Construção e consolidação de
instituições democráticas: papel do orçamento participativo. São Paulo em Perspectiva.
São Paulo , v. 15, n. 4, Dez. 2001 .
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