Com a seca no rio São
Francisco, usina de Três Marias deve parar de gerar energia
Energia. Usina de Minas
está com apenas 4,5% da capacidade de seu reservatório; Operador Nacional do
Sistema diz que mantém operação para não prejudicar 'o que vem rio abaixo',
como a usina de Sobradinho, que está com 27,5% de sua capacidade
Barragem de Três Marias tem apenas capacidade de 4,5% do seu volume de água. Foto: O Estado de S. Paulo. |
Alexa Salomão, enviada especial, Três Marias ( MG) - o Estado de S.
Paulo
TRÊS MARIAS ( MG) – Hoje ela opera com
apenas duas das sete turbinas. Com capacidade total de 396 megawatts/hora (MWh)
e responsável por quase um terço de toda a geração de energia do São Francisco,
Três Marias tem em sua barragem apenas 4,5% do seu volume de água. Trata-se do
nível mais crítico desde a inauguração, em 1962.
A
água da represa baixou tanto que hoje é possível caminhar em parte do fundo da
barragem, onde o cenário é de árida desolação. Onde antes os turistas se
reuniam para avistar o "mar doce", como alguns chamam Três Marias,
não há uma gota d'água.
Marcas da estiagem na barragem de Três Marias. Foto: Tiago Queiroz/AE |
Alerta. O risco de paralisação
da Usina de Três Marias foi mencionado num documento divulgado pelo Comitê da
Bacia Hidrográfica do São Francisco, entidade que monitora toda a região
influenciada pelo rio. De acordo com a entidade, Três Marias tende a atingir no
final de outubro, mais tardar no início de novembro, o "volume zero",
ou "volume morto", como se convencionou falar.
"A represa ainda terá água, mas numa quantidade insuficiente para gerar energia", explica Márcio Tadeu Pedrosa, coordenador do comitê responsável pelo Alto São Francisco, o trecho que corta o Estado de Minas Gerais a partir da nascente.
Segundo
Tadeu, o problema ocorre porque hoje a barragem, que funciona como uma caixa
d'água, despeja rio abaixo muito mais água do que recebe do rio acima. Como a
seca castiga o São Francisco desde a nascente, pouco mais de 30 metros cúbicos
por segundo (m³/s) entram em Três Marias atualmente, mas na outra ponta estão
sendo liberados cerca de 150 m³/s.
A
Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), empresa que tem a concessão da usina de Três Marias até 2015, foi
reduzindo a geração ao longo do ano, desligando uma turbina de cada vez, à
medida que a seca restringia a água. A falta de Três Marias sobrecarrega o
sistema elétrico e precisa ser coberta por outras usinas hidrelétricas,
térmicas e eólicas.
No
entanto, a produção hoje é tão pequena, que já não é considerada fundamental no
atual estágio da seca. "A Cemig acredita que pode manter a geração com a
água próxima de zero, mas deixou se ser relevante se Três Marias vai ou não
gerar energia porque ela está produzindo muito pouco", diz Hermes Chipp,
diretor geral do Operador Nacional do Sistema, o ONS, responsável pela gestão
da energia no Brasil. "Operamos a usina pensando nos demais usuários e
usinas que dependem da água rio abaixo."
Depois
de Três Marias, o rio São Francisco continua seu curso pelo Norte de Minas e
por outros seis Estados, abastecendo a agropecuária e a população de mais de
400 municípios, bem como outras cinco hidrelétricas, incluindo as de Xingó,
entre Alagoas e Sergipe, o complexo de Paulo Afonso e a usina de Sobradinho, na
Bahia, essenciais ao abastecimento de energia do Brasil.
Jefferson James James, via Facebook: Agradeça as mineradoras
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