“Eleição agora está mais para Aécio do que para Dilma”, diz jornalista R. Kotscho - ex-assessor de Lula
Por Ricardo Kotscho*/Blog Balaio do Kotscho
Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) disputam 2º turno. |
Em jogo disputadíssimo, o time que estava
ganhando por 1 a 0 toma um gol no último minuto, e a decisão vai para a prorrogação,
que já ninguém esperava. Com todo o gás, reanimado pela nova chance, o time que
marcou no finalzinho vai para cima do adversário, que sentiu o baque. Em poucos
minutos, faz mais três gols e leva a taça da Liga dos Campeões da Europa.
Isto aconteceu em maio deste ano, na
final disputada entre dois grandes times espanhóis, em que o Real Madri
acabou goleando o Atlético de Madri por 4 a 1 na prorrogação, quando o
adversário já estava botando a mão na taça no tempo normal de jogo.
E é mais ou menos isso que se está vendo
agora nos três primeiros dias de campanha do segundo turno da eleição
presidencial. Carta fora do baralho a duas semanas da eleição, abandonado até
por seus companheiros e aliados, o tucano Aécio Neves saiu do terceiro
lugar, atropelou Marina Silva e disparou na reta final, levando a disputa com a
petista Dilma Rousseff, candidata à reeleição, para um imprevisível segundo
turno.
Agora, mudou tudo. Basta ver a cara dos
dois finalistas. Dilma parece cansada, pesada, rouca, com um discurso burocrático
em que vai chutando a esmo. Do outro lado, dá a impressão de que Aécio
rejuvenesceu dez anos, está sempre sorridente, saltitante, falante, animado,
quase eufórico.
Não é para menos, já que nas primeiras
horas após o anúncio do resultado do primeiro turno no domingo, a campanha só
trouxe boas notícias para Aécio e muito ruins para Dilma. Não estou prevendo
nenhuma goleada _, por favor, não me entendam mal _, mas o jogo já esteve
melhor para a presidente, como comentaria o Galvão Bueno.
Vamos aos principais fatos desta
quarta-feira.
Do lado de Dilma, a inflação subiu e a
previsão de crescimento do PIB caiu mais uma vez; aliados do PT são flagrados
pela Polícia Federal com malas de dinheiro suspeito em Brasília; os dois
homens-bomba do esquema denunciado na Petrobras depõem na Justiça Federal e
produzem novos vazamentos na imprensa contra aliados do governo, e o
presidente do partido, Rui Falcão, faz o favor de lançar agora a candidatura
presidencial de Lula para 2018. Precisa mais?
Já pelas bandas tucanas, só alegria: o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mandou arquivar a investigação
criminal contra Aécio Neves ligada ao aeroporto construído em terras da sua
família com recursos públicos; PSB e uma penca de nanicos anunciam apoio à sua
candidatura, e o partido parece mais unido do que nunca, até com José Serra e
outros tucanos paulistas participando ativamente da campanha, no embalo da
onda antipetista criada no país, principalmente em São Paulo.
Para completar, além dos oito partidos
que já a apoiavam no primeiro turno, nenhum outro aderiu até agora a Dilma,
enquanto o Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio
Holland, um gênio, faz declarações desastrosas sobre o aumento do custo de
vida, mandando o povo comer ovo e frango em lugar de carne, que está muito
cara. Justo agora que o povão se acostumou a comer bife todo dia... Que
maravilha!, completaria o Milton Leite. Assim Dilma nem precisa de
adversários.
Viajo daqui a pouco para Minas Gerais,
onde vou conhecer o museu a céu aberto de Inhotim, que todo mundo diz ser
uma beleza. Por isso, escrevo antes de Marina Silva anunciar a sua escolha de
Sofia para o segundo turno, e da divulgação das primeiras pesquisas Ibope e
Datafolha, previstas para o começo da noite desta quinta-feira. Já saíram
alguns números divulgados por institutos menores favorecendo Aécio, mas não
quero me deixar guiar pelas pesquisas, que exageraram um pouco nas margens de
erro no primeiro turno.
Melhor é seguir a intuição da gente,
sentir o clima, conversar com as pessoas e descobrir para que lado o vento está
batendo. Neste momento, está batendo a favor do candidato tucano _ fato
inédito na abertura do segundo turno nas últimas quatro eleições presidenciais
disputadas entre PT e PSDB.
Vida que segue.
*Ricardo Kotscho, 65, é jornalista e repórter
desde 1964. Foi secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República
no governo Luiz Inácio Lula da Silva, no período 2003-2004. Já trabalhou em
praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira, nas funções
de repórter, repórter especial, editor, chefe de reportagem, colunista, blogueiro
e diretor de jornalismo. É atualmente comentarista do Jornal da Record News e
repórter especial da revista Brasileiros. Ele edita hoje o blog Balaio do Kotscho.
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