Vitórias sobre Marina em Estados-chave
garantem Aécio no 2º turno contra Dilma
Tucano supera adversária do PSB em áreas
das regiões Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste; presidente se mantém forte no
Nordeste
Daniel Bramatti - O Estado de S. Paulo
Com 34,4 milhões de votos, o equivalente
a 34% do total, o tucano Aécio Neves teve um desempenho surpreendente e ficou
apenas 7 pontos porcentuais atrás da presidente Dilma Rousseff (PT), com quem
disputará o 2.º turno.
Será a sexta disputa consecutiva pelo
Palácio do Planalto em que os dois principais protagonistas serão do PT e do
PSDB - as duas primeiras foram vencidas pelos tucanos, e as três últimas, pelos
petistas.
Dilma teve 42 milhões de votos, ou 42%
dos votos válidos. Em 2010, no primeiro turno, ela conquistou 47% do
eleitorado.
Marina Silva (PSB), que se apresentou
como alternativa para romper a polarização entre os dois partidos, acabou em
terceiro lugar, com 21% dos votos. Nos últimos dias, ela perdeu eleitores na
mesma velocidade com que ganhou na reta final da eleição de 2010, quando
concorreu pelo PV e também ficou em terceiro lugar, com 19%.
Dilma venceu em 15 Estados, três a menos
do que no primeiro turno da eleição passada.
Os melhores desempenhos da presidente, em
termos proporcionais, foram registrados no Nordeste. No Piauí, Maranhão e
Ceará, ela rondou os 70% dos votos válidos.
No Nordeste, segundo a série de pesquisas
Ibope, quase um em cada três eleitores são beneficiados por pelo menos um
programa social do governo - o mais abrangente é o Bolsa Família, que chega a
22% dos entrevistados pelo instituto.
Em termos absolutos, a maior vantagem de
Dilma foi registrada na Bahia. Foram 2,4 milhões de votos a mais do que Marina
e Aécio, que ficaram praticamente empatados na segundo colocação.
Em termos políticos, a vitória de maior
peso ocorreu em Minas Gerais, terra de Aécio e sede da segunda mais poderosa e
longeva máquina tucana de governo, instalada desde 2002. Mas Dilma teve
vantagem apertada: foram 43%, 40% e 14% para os candidatos do PT, do PSDB e do
PSB, respectivamente.
Em relação ao mapa eleitoral do primeiro
turno de 2010, as principais diferenças para Dilma foram a perda de Goiás,
Espírito Santo e Pernambuco, Estados onde ela havia ficado à frente há quatro
anos.
Durante quase toda a etapa oficial da
campanha, Aécio ficou em terceiro lugar - posto para o qual caiu com a entrada
de Marina na corrida eleitoral, após o acidente que matou o ex-governador
Eduardo Campos (PSB), em 13 de agosto. A virada em relação à adversária do PSB
ocorreu apenas na pesquisa divulgada na véspera da eleição.
O tucano venceu em nove Estados. Ele
ficou à frente de Marina em unidades da Federação com alta densidade eleitoral,
como São Paulo e Minas. No Rio de Janeiro, que abriga o terceiro maior
eleitorado do País, Marina levou vantagem em relação ao tucano.
Na divisão do voto por regiões, Aécio
levou vantagem em relação a Marina no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste.
Apesar do insucesso, Marina chegou a se
constituir na maior promessa - ou ameaça, a depender do ponto de vista - de
quebra da dicotomia PT-PSDB no poder. Até o início de setembro, as pesquisas
indicavam que derrotaria Dilma no segundo turno. Contados os votos, ela venceu
apenas no Acre, sua terra natal, e em Pernambuco, onde herdou parte do
eleitorado de Eduardo Campos.
Nanicos. No bloco dos candidatos nanicos à
Presidência da República, Luciana Genro, do PSOL, foi a vencedora. Quarta
colocada, ela obteve 1,6 milhão de votos, ou 1,6% dos válidos. Com isso, três
mulheres ocuparam as quatro primeiras colocações na disputa - um fato inédito.
A candidata do PSOL teve o dobro de votos
do terceiro colocado, Pastor Everaldo, do PSC (0,8%). A seguir ficaram Eduardo
Jorge, do PV, com 0,6%, e Levy Fidelix, do PRTB, com 0,4%.
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