Fechar as portas foi saída para prefeituras endividadas
Com informações do
Jornal EM/BH (Luiz Ribeiro)
NORTE MINAS - O fechamento temporário da
prefeitura foi a medida extrema adotada pelo prefeito de Francisco Sá, no Norte
de Minas, Denílson Silveira (PCdoB), diante das dificuldades que ele alega ter
encontrado no município. “Fechamos a prefeitura porque não temos condições de
dar uma resposta às demandas da população”, justifica Denílson, explicando que
o prédio vai permanecer com as portas fechadas até sexta-feira. Ele informa que
também decretou estado de emergência administrativa por causa do caos que
encontrou, já que herdou uma série de dívidas e um cofre sem dinheiro. O
prefeito citou débitos da folha de pagamento em atraso (R$ 558 mil), conta de
luz atrasada em 10 meses (R$ 80 mil) e uma dívida com uma operadora de
telefonia celular (R$ 50 mil). Segundo ele, existem passivos com o Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), no valor de R$ 1,8 milhão, e com a
Previdência Municipal, de R$ 590 mil.
Com dívidas e cofres vazios como herança
de seus antecessores, prefeitos recém-empossados de municípios do Norte de
Minas tomam atitude extrema para tentar pôr as contas em dia
Prefeituras de Manga (à esqu.) e Francisco Sá (à dir.) decretam emergência fincanceiro-administrativa. Fotos: EM e Blog Em Tempo Real |
Em Francisco Sá, as portas só serão reabertas na
sexta-feira. Prioridade é reestruturar serviços básicos. Foto: Jornal EM.
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“Por enquanto, estamos
reestruturando a limpeza urbana e tentando normalizar o atendimento à saúde”,
afirma Denílson. “Estamos procurando conscientizar os moradores sobre as
dificuldades enfrentadas, esperando contar com a confiança da população para
que possamos inverter esse quadro.” Na gestão anterior, o prefeito de Francisco
Sá era José Mário Pena (PV), que não disputou a eleição nem apoiou nenhum
candidato para sucedê-lo. Denílson afirma, no entanto, que fez oposição ao seu
antecessor. “Por isso, sofremos retaliações. Fizeram muitas coisas para tentar
travar nossa administração”, acredita. A reportagem tentou, mas não conseguiu
contato com Mário Pena.
Prefeitura de Manga (MG) fecha as portas para público, por meio de decreto de emergência. Foto: Blog Em Tempo Real/Luís Cláudio Guedes |
Em Manga, no Vale do São
Francisco, o novo prefeito, Anastácio Guedes (PT), também anunciou ontem que a
prefeitura ficará fechada por 15 dias, para que possa ser feita uma auditoria
nas contas e nos diversos setores da administração municipal. Nesse período vão
funcionar somente os serviços essenciais de limpeza urbana e saúde e área de
pagamento de taxas e recolhimento de tributos da prefeitura
Anastácio disse que não vai poder
pagar neste mês os salários dos servidores relativos a dezembro. Ele informa
que o seu antecessor, Joaquim Oliveira Sá Filho, o Quinquinha (PPS), deixou
para ser quitada a folha de pagamento de dezembro, no valor de R$ 1,383 milhão.
No entanto, ficou em caixa somente o montante de R$ 298 mil. “Vou tentar
normalizar a situação e pagar o salário de janeiro, que é minha
responsabilidade. Depois, ao longo do ano, pagaremos os salários de cada setor
da prefeitura em cada mês”, afirmou o prefeito de Manga, irmão do
deputado estadual Paulo Guedes (PT).
Ele reclama ainda que encontrou
uma série de problemas na prefeitura, como a interrupção da limpeza pública.
Além disso, alegou que os processos de licitação para compra de produtos
necessários para o funcionamento da máquina administrativa foram suspensos no
fim da gestão anterior, obrigando a abertura de novos processos licitatórios. O
ex-prefeito Quinquinha não foi localizado pela reportagem.
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