Petista acusa ex-prefeito de deixar o município sem dinheiro em cash para saldar compromissos com fornecedores e salários de servidores
Com informações do Em Tempo Real
(Luís Cláudio Guedes)
MANGA (MG) – Sem dinheiro para o pagamento do
funcionalismo público e de credores do município, o prefeito Anastácio Guedes
(PT) pode publicar nas próximas horas decreto de emergência financeira, o qual
será estabelecido o calendário para liquidar as dívidas da
municipalidade. Além do mais, o prefeito petista ameaça processar seu
antecessor, o ex-prfeito Joaquim de Oliveira Sá Filho, o 'Quinquinha' (PPS),
por improbidade administrativa.
Nesta segunda-feira (7), a notícia caiu
como uma bomba entre servidores e fornecedores da prefeitura de Manga: o
município não tem recursos para quitar os valores inscritos em restos a pagar
deixados pelo ex-prefeito Quinquinha Oliveira. Somente com a folha de pagamento
dos funcionários efetivos e contratados, o débito chega a R$ 1,3 milhão. O novo
secretário de Administração e Planejamento do município, Diogo Moreira, diz ter
encontrado apenas R$ 298,3 mil nas contas correntes de livre
movimentação.
Um exemplo é a conta de número 17.359-2,
da agência local do Banco do Brasil, que tem saldo de apenas R$ 146,9 mil e
restos a pagar em salários de professores relativos ao mês de dezembro que
somam 400,9 mil. O atual prefeito, Anastácio Guedes (PT), não poderá usar a
próxima parcela dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb)
para quitar restos a pagar do ano anterior.
O ex-prefeito Quinquinha Oliveira disse,
na manhã de hoje (7), que deixou o município de Manga numa das melhores
condições entre todas as prefeituras do Norte de Minas, com saldo em conta de
R$ 1,9 milhão. O secretário Diogo Moreira confirma a existência de fundos nesse
valor, mas alega que são vinculados aos respectivos convênios de origem e não
podem ser destinados ao pagamento de servidores.
O deputado estadual Paulo Guedes (PT), que cancelou viagem de férias para acompanhar os primeiros passos da gestão do irmão Anastácio, não esconde a decepção com o quadro que vai se descortinando após o exame inicial das contas do município. “Temos aqui inúmeros casos que apontam para a improbidade administrativa do ex-prefeito”, afirmou Paulo Guedes ao Em Tempo Real, com a voz visivelmente cansada a denunciar suas decepção e preocupação com o início do governo petista no município.
O deputado estadual Paulo Guedes (PT), que cancelou viagem de férias para acompanhar os primeiros passos da gestão do irmão Anastácio, não esconde a decepção com o quadro que vai se descortinando após o exame inicial das contas do município. “Temos aqui inúmeros casos que apontam para a improbidade administrativa do ex-prefeito”, afirmou Paulo Guedes ao Em Tempo Real, com a voz visivelmente cansada a denunciar suas decepção e preocupação com o início do governo petista no município.
Restos a pagar
Em resposta à consulta de número 751506,
apresentada ao Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais pela Associação
Mineira dos Municípios, o conselheiro Eduardo Carone concluiu, em acórdão de
junho do ano passado, que, a se considerar o princípio da continuidade da
entidade pública, os prefeitos podem pagar com receita arrecadadas no exercício
seguinte ao dos finais de mandato as despesas classificadas em restos a pagar –
desde que apontada a respectiva receita e seus respectivos empenhos e
autorizações.
Ainda o Tribunal de Contas, se a
obrigação assumida pelo gestor anterior ao final do seu mandato for
"líquida e certa, a administração subsequente deve buscar os meios legais
para promover o seu pagamento, ainda que que a gestão anterior não tenha
deixado recursos para a quitação da despesa assumida". Numa frase: a
obrigação de pagar é do município e a responsabilidade pela despesa é do novo
prefeito.
O caso clássico de receita que pode ser
utilizada em casos dessa natureza é o Fundo de Participação dos Municípios
(FPM). Isso porque, de acordo com a Lei Complementar 62/89, a “liberação dos
recursos arrecadados pelo Fundo são transferidos nos dias 10,20 e 30 de cada
mês, sempre sobre a arrecadação do Imposto de Renda e do IPI do decêndio
anterior ao repasse.
TAC
No caso de Manga, a assessoria do novo
prefeito alega que, mesmo com a existência dos empenhos e autorizações, a
parcela do FPM do próximo dia 10 não será suficiente para quitar a folha no
valor de R$ 1,3 milhão e o prefeito Anastácio terá que arcar com o imenso
desgaste de atrasar salários, situação que não acontecia desde que Quinquinha
assumiu a Prefeitura após a cassação do ex-prefeito Humberto Salles, em 1997.
O deputado Paulo Guedes diz que será feito
todo esforço para evitar atrasos, inclusive com a utilização dos primeiros
repasses do ano do ICMS no pagamento do funcionalismo. A presidente do
Sindicato dos Servidores Municipais, Gilvânia Carvalho, foi chamada para uma
reunião de emergência agora há pouco na sede da Prefeitura, quando tomou
conhecimento da gravidade das finanças municipais.
O prefeito Anastácio Guedes foi orientado
por sua assessoria jurídica a levar o assunto para o Ministério Público, onde
será proposto termo de ajuste de conduta (TAC), com o cronograma de pagamento
das dívidas vencidas e ainda por vencer durante o mês de janeiro. Noutra
frente, os advogados da Prefeitura já avaliam as medidas que serão tomadas
contra o ex-prefeito Quinquinha Oliveira. O município de Manga recebeu R$
1,6 milhão em repasses do FPM ao longo do mês de dezembro e a nova
administração quer saber em que esse dinheiro foi gasto.
A notícia de que os salários poderá não
ser honrados já nas primeiras horas do governo petista em Manga acontece poucas
horas depois do município e seu novo prefeito terem aparecido em matéria do
jornal ‘O Globo”, um dos maiores do país, em texto que trata do avanço do
nepotismo no país. Anastácio nomeou parentes para três das seis secretarias do
município.
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