Brasil quer
estimular formação de pesquisadores do Programa Ciência sem Fronteiras, diz Mercadante
Ministro da Educação, Mercadante, se reúne com ministro de Portugal |
Gilberto Costa/Correspondente da Agência Brasil/EBC
Lisboa – O ministro da Educação Aloízio
Mercadante disse hoje (7) em Lisboa que o governo quer estimular a formação de
pesquisadores inscritos no Programa Ciência sem Fronteiras para que
tenham proficiência em idiomas estrangeiros, como inglês, alemão, mandarim e
francês.
“Precisamos estimular os jovens a falar
mais uma língua, a conhecer e ter competência específica em outras culturas”,
disse Mercadante ao sair de reunião com o ministro da Educação e da Ciência de
Portugal, Nuno Crato. “Se a gente deixar, vem muita gente para Portugal. Tem
que continuar vindo, mas temos que estimular que tenham proficiência em outras
línguas”, disse.
Pelo Programa Ciência sem Fronteiras,
9.691 candidatos da graduação que apresentaram pontuação acima de 600 no Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) poderão escolher outros destinos para fazer
parte dos créditos dos seus cursos nas áreas de engenharia, tecnologia e
biomedicina nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Austrália, no Canadá, na
França, na Alemanha, na Irlanda ou na Itália.
Para viabilizar a ida dos estudantes
brasileiros a países em que não se fala português, o governo não está exigindo
o nível de proficiência pedido nos editais anteriores e está fornecendo
formação complementar (presencial ou não) em outros idiomas. Já está acessível
a versão on-line do
curso Inglês sem Fronteiras. Segundo Mercadante, nos dois primeiros dias de
inscrição, 50 mil pessoas matricularam-se para fazer o curso a distância.
O ministro nega que a flexibilização das
regras seja para compensar as deficiências de formação em língua estrangeira
dos alunos brasileiros. “Não é verdade que os estudantes brasileiros tenham
dificuldade extrema com língua estrangeira. Eles não tiveram oportunidade. Os
bons alunos pobres estão aparecendo no Enem”, disse.
Embora seja comum em Portugal haver
cursos integralmente em inglês (mesmo na graduação), na maioria das
universidades portuguesas onde estão inscritos os alunos do Programa Ciência
sem Fronteira não há testes de avaliação para língua estrangeira. Atualmente, Portugal
é o principal destino do programa.
Paralelamente à orientação do governo
federal em estimular estudantes brasileiros para procurar outros países que não
Portugal para sua “graduação sanduíche” (modalidade de ensino superior na qual
o estudante faz parte dos seus estudos em uma instituição estrangeira), foi
publicada pelo jornal O Estado
de S. Paulo reportagem dizendo que sete de cada dez estudantes
brasileiros em Portugal (total de 2.587 bolsistas do Programa Ciência sem
Fronteiras) foram para universidades classificadas abaixo das principais
universidades brasileiras (segundo ranking SCImago, que classifica locais para
estudar na América Latina, Portugal e Espanha).
O ministro da Educação e Ciência de
Portugal, Nuno Crato, disse à Agência
Brasil que houve “exagero jornalístico” na notícia, que também
repercutiu em Portugal. “Tivemos a oportunidade de ouvir o ministro Mercadante
e observar que existe por parte do governo brasileiro e dos acadêmicos
brasileiros um grande reconhecimento do ensino que é ministrado em Portugal.
Não há reticências em relação a Portugal”.
Mercadante disse que Portugal tem oito
universidades bem posicionadas nos rankings
europeus de classificação e que também há projetos de excelência, como o
Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia na cidade de Braga (Norte
de Portugal), onde ele assina amanhã acordo de cooperação para participação de
pesquisadores brasileiros no centro, que com as dificuldades de Orçamento
público de Portugal e da Espanha (parceira no laboratório), só tem previsão de
funcionamento pleno em 2014.
Além de tratar do Programa Ciência sem
Fronteiras e do laboratório de nanotecnologia, Mercadante e Crato acertaram
fazer uma conferência em junho próximo para fechar outros projetos de
cooperação permanente entre os dois países. Até lá, os dois ministros deverão
se empenhar para resolver o problema de reconhecimento dos diplomas dos
engenheiros portugueses que queiram trabalhar no Brasil.
Nuno Crato estará no Brasil nos dias 18,
19 e 20 de março para tratar do reconhecimento dos títulos dos engenheiros
portugueses e também visitará a Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz (Rio de
Janeiro), o Parque de Ciência e Tecnologia (Campinas) e a Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Edição: Fábio Massalli
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