Câmara deve votar nesta
semana projeto que destina royalties do petróleo à educação e saúde
Mariana Tokarnia/Repórter da Agência Brasil
BRASÍLIA – A Câmara dos Deputados deve votar nesta
semana a proposta sobre os recursos da exploração do petróleo para a educação e
saúde. O Senado adianta apenas que, no ano que vem, serão destinados aos dois
setores R$ 4 bilhões vindos dos royalties pagos pela exploração do
petróleo nos três campos em atividade no país, de acordo com o projeto de lei
aprovado pela Casa.
Já técnicos da Câmara dos Deputados calcularam que a proposta aprovada pelos senadores resultaria na redução de R$ 170,9 bilhões no repasse para as áreas, dos quase R$ 280 bilhões previstos pelo projeto aprovado nesta Casa do Legislativo.
Já técnicos da Câmara dos Deputados calcularam que a proposta aprovada pelos senadores resultaria na redução de R$ 170,9 bilhões no repasse para as áreas, dos quase R$ 280 bilhões previstos pelo projeto aprovado nesta Casa do Legislativo.
Royalties do petróleo devem gerar receitas adicionais para educação e saúde de R$ 170 a 250 bilhões |
O governo anunciou que vai negociar com os
deputados para que seja aprovado o texto do Senado. Parlamentares se articulam
e os deputados decidem se aprovam ou rejeitam o projeto na forma em que veio do
Senado. Entidades civis estão se mobilizando para pressionar o Congresso por
mais recursos na educação.
Segundo relatório da Consultoria de Recursos
Minerais, Hídricos e Energéticos da Câmara dos Deputados, de autoria do
consultor Paulo César Ribeiro Lima, de 2013 a 2022, pelo substitutivo do
Senado, as receitas adicionais para saúde e educação com a exploração de
petróleo chegariam a R$ 108,1 bilhões, enquanto, com a proposta da Câmara,
somariam de R$ 261,4 bilhões a R$ 279 bilhões, "sem conservadorismo",
como especifica a nota técnica da Casa. Com as alterações, os recursos da
educação serão reduzidos de R$ 209,3 bilhões para R$ 97,4 bilhões, e os
recursos da saúde cairão de R$ 69,7 bilhões para R$ 10,7 bilhões – tomadas as
previsões não conservadoras.
Na sexta-feira (5), o líder do governo no Senado, Eduardo
Braga (PMDB-AM), deu esclarecimentos sobre os pontos que considerou “premissas
equivocadas” no texto aprovado pela Câmara. Em nota técnica, o líder diz que as
alterações introduzidas no Senado buscaram aprimorar o texto aprovado na Câmara
minimizando o risco de judicialização e evitando o uso indevido do Fundo
Social.
O projeto aprovado na Câmara prevê que 50% do
capital do fundo devem ir para educação e saúde. Já no projeto aprovado no
Senado, serão destinados metade dos rendimentos do fundo para educação, como
constava no projeto original enviado pela presidenta Dilma Rousseff, ao
Congresso Nacional.
Braga diz que não sabe quanto, em valores, será
destinado à educação, disse que "isso pode variar". O senador, no
entanto, reconheceu que a parcela dos royalties não é suficiente para
garantir 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação, mesmo que 100%
destes recursos fossem destinados exclusivamente à área.
Na avaliação do mestre em políticas públicas em
educação da Universidade de Brasília Luiz Araújo, "o texto aprovado pela
Câmara dos Deputados é bem-vindo, mesmo que não resolva tudo". "Acho
um retrocesso aprovar o texto que o Senado aprovou, uma demonstração de que não
se ouviu o discurso das ruas. É impossível garantir um 'padrão Fifa', ou seja,
alta qualidade, sem a elevação de recursos."
O professor de matemática financeira da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Gil Vicente Reis Figueiredo fez uma
projeção de quanto seria destinado à educação na forma como estava editada a
Medida Provisória 592/12 – texto que basicamente se manteve no projeto de lei
enviado à Câmara pelo governo. O professor também acredita que a aprovação do
texto do Senado é um retrocesso. “O que saiu da Câmara ia em uma boa direção e
no Senado foi emendada de um jeito muito complicado.”
Para chegar aos 10% do PIB para a educação,
previstos no Plano Nacional de Educação (PNE), Figueiredo, que também é da
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
(Andifes), defende o aumento da vinculação do que é arrecadado pela União e
pelos estados e municípios para o setor. Pela Constituição Federal, 18% do que
é arrecadado pela União e 25% do recolhido pelos estados e municípios devem ir
para o setor. O professor defende que a porcentagem suba para 20% no caso da União,
e 30% para os municípios.
Edição: Carolina Pimentel
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