sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Senador Zezé Perrella volta a ser alvo de investigação de procurador da República

Procuradoria defende quebra de sigilo bancário do senador e ex-presidente do Cruzeiro Zezé Perrella
 Fernanda Odilla/De Brasília Folha de S. Paulo
Senador Zezé Perrella (PDT-MG).
A Procuradoria Geral da República defende a quebra de sigilo bancário para aprofundar investigação contra o senador Zezé Perrella (PDT-MG) e o irmão dele, Alvimar de Oliveira Costa, em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal.

Ex-presidentes do time mineiro Cruzeiro, os dois são investigados por suposta lavagem de dinheiro na venda do zagueiro Luisão ao Benfica, de Portugal. A negociação envolveu um clube uruguaio e é considerada suspeita pela Polícia Federal, que indiciou Perrella em 2010 pelo caso.

A investigação, que começou em Minas Gerais e se arrasta no STF desde 2011, ficou parada por seis meses

Dez dias depois de a polícia encontrar cocaína no helicóptero da empresa do filho de Perrella, embora tenha sido descartado qualquer envolvimento da família no caso, o inquérito voltou a andar.

O STF mandou a investigação a Janot, que pediu que o ministro Ricardo Lewandowski reconsiderasse a decisão de não autorizar a quebra de sigilo bancário.
suspensão
A devassa nas transações de contas ligadas a Perrella e a Alvimar foi suspensa após pedido do Cruzeiro.

Advogados do time mineiro, que também defendem o senador, alegaram haver erros na petição do Ministério Público, e Lewandowski desautorizou parte da quebra do sigilo bancário e fiscal. Parte da movimentação das contas dos dois já havia sido analisada pela PF.

Em 2003, Luisão foi vendido por US$ 2,5 milhões ao clube uruguaio Central Español e, logo em seguida, repassado por cerca de US$ 1 milhão a menos ao Benfica, em valores da época.

Os investigadores suspeitam que parte do valor declarado na negociação com o time uruguaio voltou irregularmente para o Brasil e teria sido pulverizado em contas de empresas ligadas à Perrella e ao irmão dele.

OUTRO LADO
Advogado do Cruzeiro e do senador Perrella no caso Luisão, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirma que transação foi legal e é "completamente comum".

"Ter uma empresa fora, no caso o time uruguaio, chamou a atenção. Investigaram e não chegaram a lugar nenhum", disse Kakay, afirmando que a participação de um terceiro time na transação de jogadores muitas vezes é exigência do comprador.

Em nota divulgada em 2010, Perrella explicou que o Cruzeiro vendeu 100% dos direitos do zagueiro ao empresário Juan Figger por US$ 2,5 milhões, por meio do Central Español. Em seguida, o time uruguaio teria negociado 50% dos direitos com o Benfica, por US$ 1,597 milhão.

Procurado pela Folha de S. Paulo na semana passada, Zezé Perrella não quis comentar a retomada da investigação.

Questionado sobre por que o inquérito ficou seis meses sem tramitar e se o episódio do helicóptero influenciou o envio da investigação à PGR, Lewandowski informou, por meio de sua assessoria, que não comenta o caso por tramitar sob segredo de Justiça. 

PF diz que família de senador não tem ligação com droga
Paulo Peixoto/Folha de  Belo Horizonte/19/12/2013
A Polícia Federal decidiu pedir a prorrogação do inquérito que apura o tráfico de quase meia tonelada de pasta-base de cocaína apreendida no helicóptero de uma empresa da família do senador Zezé Perrella (PDT-MG).
Apesar de mais 30 dias de investigação pedidos à Justiça Federal e de desconhecer a origem da droga, a PF descarta completamente o envolvimento do senador e também de seu filho, o deputado estadual Gustavo Perrella (SDD).
"Pará nós, essa questão [envolvimento dos Perrella] está encerrada", disse à Folha o delegado Leonardo Damasceno, que apura o caso.
No último dia 12, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia ironizado o episódio envolvendo Perrella --que é aliado do senador Aécio Neves (PSDB-MG): "Se for comparar o emprego do Zé Dirceu [no hotel em Brasília] com a quantidade de cocaína no helicóptero, a gente percebe que pelo menos houve uma desproporcionalidade no assunto", disse ele no 5º Congresso do PT, em Brasília.
Os 445 kg de droga foram apreendidos em 24 de novembro no Espírito Santo. A droga foi achada no helicóptero da Limeira Agropecuária, que tem como um dos sócios o deputado Gustavo Perrella.
Além de ser dono do helicóptero, que serve também ao pai, Gustavo havia contratado o piloto da aeronave como funcionário da confiança dele na Assembleia de Minas.
O piloto Rogério Antunes negou, em depoimento à PF, o envolvimento de seus patrões no tráfico. Para a PF, ele agiu de forma "isolada".
Segundo o delegado, o que possibilitou excluir os Perrella do rol de suspeitos foram as perícias nos celulares dos presos --Antunes, o copiloto e outros dois homens.
"As conversas entre eles mostraram isso [o não envolvimento dos Perrella]. São muitas mensagens de SMS e todo tipo de comunicação permitida pelos celulares que foram periciados", disse Damasceno.
A PF diz que no fim de semana em que a droga foi apreendida, em Afonso Cláudio (ES), a aeronave esteve no Paraguai. A suspeita é que a droga venha do país vizinho, mas a PF não fala sobre isso.
"A gente está com diligências em andamento", disse o delegado. Do Paraguai, o helicóptero passou pelo Paraná e desceu em algum lugar da região de Avaré (SP).
Nessa região paulista a droga teria sido deixada, e o helicóptero foi levado para pernoitar em São Paulo.
No dia seguinte, a aeronave foi abastecida no Campo de Marte, em São Paulo, e decolou para pegar a droga novamente no local "em frente a Avaré", descreveu Antunes.
A aeronave fez outro abastecimento em Divinópolis (MG) antes de ser apreendida. Todos os abastecimentos foram feitos em aeroportos ou pontos clandestinos.

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