No Facebook, PT chama
Eduardo Campos de 'tolo' e 'playboy mimado'
Fernando
Gallo e Ricardo Chapola - O Estado de S. Paulo
SÃO
PAULO - Texto publicado nesta terça-feira, 7, no Facebook do PT nacional
classifica o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), como
"tolo", "playboy mimado" e como candidato "sem
projeto, sem conteúdo e sem compostura política" para disputar a Presidência
da República neste ano.União Marina-Campos é repudiada em texto apócrifo pelo PT na Internet. |
O artigo, sem assinatura e intitulado
"A Balada de Eduardo Campos", traz diversas críticas ao provável
adversário da presidente Dilma Rousseff desde o seu rompimento com o governo
federal em setembro até a sua aliança com a ex-ministra Marina Silva, selada em
maio do ano passado.
"Ao descartar a aliança com o PT e
vender a alma à oposição em troca de uma probabilidade distante - a de ser
presidente da República -, Campos rifou não apenas sua credibilidade política,
mas se mostrou, antes de tudo, um tolo", diz o texto.
Setores do PT tentaram demover Campos da
ideia de ser candidato em 2014 sob o argumento de que ele poderia vir a ser o
candidato do bloco em 2018, quando Dilma já não poderá mais se reeleger.
"Campos poderia ser grato a tudo
isso e, mais à frente, com maturidade e honestidade política, tornar-se o
sucessor de um projeto político voltado para o coletivo, e não para o próprio
umbigo".
A nota também evoca o avô de Campos,
Miguel Arraes, ex-líder comunista e ex-governador de Pernambuco, já falecido,
para criticar o presidente do PSB. "O velho Miguel Arraes faz bem em já
não estar entre nós, porque, ainda estivesse, morreria de desgosto".
Nela também consta do argumento que o
governador de Pernambuco é o "resultado" de uma série de medidas
tomadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidente Dilma
Rousseff entre as quais a decisão de levar para Pernambuco a refinaria Abreu e
Lima, a transposição do Rio São Francisco, a Transnordestina é o estaleiro
Atlântico Sul.
O texto diz ainda que "Campos
recebeu 30 bilhões de reais do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do
qual a presidenta Dilma Rousseff foi a principal idealizadora e gestora".
O PT afirma ainda que, ao decidir ser candidato, Campos acreditou na
"mesma mídia que, até então, o tratava como um playboy mimado pelo
"lulo-petismo".
Mais tarde, o líder do PSB na Câmara dos
Deputados, Beto Albuquerque rebateu no Twitter
o texto apócrifo publicado pelo PT.
"Patética, desrespeitosa e
desqualificada a nota do PT com ataques pessoais a @eduardocampos40.Este nível
de debate não encontrará eco no PSB", escreveu o parlamentar.
"Cadê o sucesso do Fernando Haddad
(o poste do PT/Lula em São Paulo)?", provocou Albuquerque.
Marina. O PT também não poupa a ex-ministra
Marina Silva, filiada ao PSB em maio e quem deve ser vice de Campos na disputa
presidencial. Segundo o texto, Marina é "vaidosa" e se constitui num
"ovo de serpente" no "ninho Pernambucano.
"Vaidosa e certa, como Campos, de
que é a escolhida, Marina virou uma pedra no sapato do governador de
Pernambuco, do PSB e da triste mídia reacionária que em torno da dupla pensou
em montar uma cidadela", anota a redação apócrifa. "Como até os
tubarões de Boa Viagem sabem que o objetivo de Marina é se viabilizar como
cabeça da chapa presidencial pretendia pelo PSB, é bem capaz que o governador
esteja pensando com frequência na enrascada em que se meteu".
A assessoria de imprensa da presidência
do PT informou que o texto não é de autoria do presidente do partido, Rui
Falcão, mas disse não saber quem o escreveu, nem se é uma manifestação oficial
do PT.
Procuradas, a assessorias de Eduardo
Campos e Marina Silva não se manifestaram até a publicação desta reportagem.
Veja
o texto na íntegra:
A BALADA DE EDUARDO CAMPOS
Por um momento, desses que enchem os
incautos de certezas, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, achou que
era, enfim, o escolhido.
Beneficiário singular da boa vontade dos
governos do PT, de quem se colocou, desde o governo Lula, como aliado
preferencial, Campos transformou sua perspectiva de poder em desespero
eleitoral, no fim do ano passado.
Estimulado pelos cães de guarda da mídia,
decidiu que era hora de se apresentar como candidato a presidente da República
– sem projeto, sem conteúdo e, agora se sabe, sem compostura política.
O velho Miguel Arraes, avô de Eduardo
Campos, faz bem em já não estar entre nós, porque, ainda estivesse, morreria de
desgosto.
E não se trata sequer da questão
ideológica, já que a travessia da esquerda para a direita é uma espécie de
doença infantil entre certa categoria de políticos brasileiros, um sarampo do
oportunismo nacional. Não é isso.
Ao descartar a aliança com o PT e vender
a alma à oposição em troca de uma probabilidade distante – a de ser presidente
da República –, Campos rifou não apenas sua credibilidade política, mas se
mostrou, antes de tudo, um tolo.
Acreditou na mesma mídia que, até então,
o tratava como um playboy mimado pelo "lulo-petismo", essa expressão
também infantilóide criada sob encomenda nas redações da imprensa brasileira.
Em meio ao entusiasmo, Campos foi levado
a colocar dentro de seu ninho pernambucano o ovo da serpente chamado Marina
Silva, este fenômeno da política nacional que, curiosamente, despreza a
política fazendo o que de pior se faz em política: praticando o adesismo puro e
simples.
Vaidosa e certa, como Campos, de que é a
escolhida, Marina virou uma pedra no sapato do governador de Pernambuco, do PSB
e da triste mídia reacionária que em torno da dupla pensou em montar uma
cidadela.
Como até os tubarões de Boa Viagem sabem
que o objetivo de Marina é se viabilizar como cabeça da chapa presidencial
pretendia pelo PSB, é bem capaz que o governador esteja pensando com frequência
na enrascada em que se meteu.
Eduardo Campos é o resultado de uma série
de medidas que incluem a disposição de Lula em levar para Pernambuco a
Refinaria Abreu e Lima, em parceria com a Venezuela, depois de uma luta de mais
de 50 anos. Sem falar nas obras da transposição do Rio São Francisco e a
Transnordestina. Ou do Estaleiro Atlântico Sul, fonte de empregos e prestígio
que Campos usou tão bem em suas estratégias eleitorais
Pernambuco recebeu 30 bilhões de reais do
Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do qual a presidenta Dilma
Rousseff foi a principal idealizadora e gestora.
O estado também ganhou sete escolas
técnicas federais, além de cinco campi da Universidade Federal Rural
construídos para melhorar a vida do estudante do interior.
Eduardo Campos cresceu, politicamente,
graças à expansão de programas como Projovem, Samu, Bolsa Família, Luz para
Todos, Enem, ProUni e Sisu. Sem falar no Pronasci, que contribuiu para a
diminuição da criminalidade no estado, por muito tempo um dos mais violentos do
País.
Campos poderia ser grato a tudo isso e,
mais à frente, com maturidade e honestidade política, tornar-se o sucessor de
um projeto político voltado para o coletivo, e não para o próprio umbigo.
Arrisca-se, agora, a ser lembrado por ter
mantido entre seus quadros um secretário de Segurança Pública, Wilson Damázio,
que defendeu estupradores com o argumento de que as meninas pobres do Recife,
obrigadas a fazer sexo oral com marginais da Polícia Militar, assim agiam por
não resistirem ao charme da farda.
"Quem conhece Damázio, sabe que ele
não tem esses valores", lamentou Eduardo Campos.
Quem achava que conhecia o governador do
PSB, ao que tudo indica, ainda vai ter muito o que lamentar.
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