quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

FARRA COM O DINHEIRO PÚBLICO: Governo maranhense lançou editais de R$ 1,1 mi para a compra de alimentos como camarão, lagosta fresca e 'foie gras' - fígado de pato

Governo Roseana Sarney gastará R$ 1,4 milhão para comprar caviar e uísque
Na quarta, administração havia adiado licitação para compras de gêneros alimentícios, mas manteve pregão para contratar cerimonial nesta sexta
Em meio a crise de 'insegurança pública' no Maranhão, governadora Roseana Sarney acena para gastos supérfluos em cerimoniais e com gêneros alimentícios. Foto: Agência Estado.
Ricardo Brito/AE
BRASÍLIA - Mesmo tendo adiado a compra de gêneros alimentícios, que incluía 70 quilos de lagosta fresca, para abastecer a despensa da governadora Roseana Sarney (PMDB), o cerimonial da chefe do Executivo realizará na sexta-feira, 17, uma licitação para contratar uma empresa para organizar eventos e serviços de buffet para atos públicos em todo o Estado ao longo de 2014. Com custo estimado em R$ 1,4 milhão, o pregão prevê pagar R$ 103,61 por convidado em almoços e jantares e exige, em um dos cardápios, servir canapé de caviar.

Os gastos com a despesa do cerimonial do governo maranhense são superiores, por exemplo, ao que o Ministério da Justiça, através do Fundo Penitenciário Nacional, investiu em três presídios federais no ano passado: Catanduvas (PR), R$ 1,2 milhão; Mossoró (RN), R$ 1,1 milhão; Porto Velho (RO), R$ 1,3 milhão.

A gestão Roseana Sarney está sob pressão desde que foi revelado o descalabro na Penitenciária de Pedrinhas, a cadeia da capital maranhense onde foram registradas 60 mortes de presos no ano passado, inclusive com decapitações de detentos. A Organização das Nações Unidas e a Anistia Internacional cobram a atuação do Estado brasileiro diante das atrocidades.
Na quarta-feira, 8, o governo estadual adiou, sem prazo para relançar, duas licitações, que ocorreriam hoje e amanhã, para a compra de alimentos para as residências oficiais. Estimadas em R$ 1,1 milhão, as concorrências listavam, entre os itens para aquisição, 2,4 toneladas de camarão, 80 quilos de lagosta fresca, 750 quilos de patinha de caranguejo, 50 potes de foie gras e 300 unidades de panetone.
A lista de exigências para contratar os serviços do cerimonial não difere das concorrências públicas que foram adiadas. Cobram-se cinco tipos diferentes de buffet de almoços e jantares, dois de coquetel, um de coffee break e um de brunch. Neles, têm de ser servidos como bebidas uísque escocês 12 anos, vinho importado "de primeira qualidade", tendo de ser francês, italiano, chileno, espanhol ou português, e champagne também de primeira qualidade. Os copos e taças, todos, precisam ser de cristal.

No cardápio de almoços e jantares, constam como entradas canapés de caviar, salmão ou presunto, patinhas de caranguejo e, como pratos principais, bacalhau com natas, pato com laranja, cabrito ao vinho, risoto de camarão, lagosta e caranguejo. Nos eventos classificados de "alta importância", a empresa terá de servir Roseana e os convidados com réchauds e talheres de prata. A governadora e os demais convidados vão se sentar em cadeiras de madeira estilo Tiffany, Dior ou similares e as mesas precisam ser forradas com toalhas novas de linho e de fibras sintéticas.

Os eventos de visita aos municípios terão de contar com ampla estrutura de organização, semelhante à de campanhas eleitorais. Somente com os almoços e jantares, os 6 mil convidados devem consumir R$ 622 mil. O edital prevê ainda gastos de R$ 43 mil com mestre de cerimônias, R$ 21,5 mil com recepcionista bilíngue, R$ 51 mil com cantores e outros R$ 46 mil com músicos.

Na justificativa para a licitação, a Casa Civil do governo maranhense, responsável pela concorrência, disse que cabe a ela assistir "direta e imediatamente" a governadora no desempenho das suas funções. "Em sua estrutura administrativa, a Casa Civil conta com o Cerimonial do Governo que dentre suas atribuições está a de organizar e agendar os eventos públicos e políticos além das cerimônias em que participará a governadora e o vice-governador, tanto na capital quanto no interior do Estado", afirmou.

Em meio à crise, Roseana adia licitação para comprar lagosta

Governo maranhense havia lançado editais de R$ 1,1 mi para a compra de alimentos como camarão e foie gras


Ricardo Brito e Ernesto Batista e Rafaela Lima, Especiais para o Estado - O Estado de S.Paulo
SÃO LUÍS/MA – Em meio à barbárie na segurança pública do Maranhão, o governo Roseana Sarney (PMDB) decidiu nessa quarta-feira, 8, adiar licitação que estava marcada para esta quinta-feira, 9, e sexta-feira, 10, para a compra de alimentos por R$ 1,1 milhão para abastecer as residências oficiais em 2014. Entre os produtos, havia lagosta e caranguejo

A informação do adiamento foi dada ontem no site da Comissão Central de Licitação do Maranhão. São dois editais com 351 itens ao todo. Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, na lista estão 2,4 toneladas de camarão, 80 quilos de lagosta fresca e 750 quilos de patinhas de caranguejo. Também havia previsão para a compra de 50 potes de foie gras e R$ 108 mil em ração para peixes. Os alimentos vão para as dispensas do Palácio dos Leões, sede oficial do governo, e para a residência de veraneio.
O edital de alimentos não perecíveis exige que os alimentos devem ser de "primeira qualidade e de marca conhecida nacionalmente". Estavam previstos gastos de R$ 930 com 30 potes de geleias de pimenta e outros 60 de geleias "francesas" nos sabores cassis, morango e pêssego. A licitação também listou a intenção de comprar 30 quilos de castanha portuguesa, ao custo total de R$ 2,3 mil, outros 100 quilos de castanha de caju "natural torrada e selecionada", por R$ 5,2 mil, e ainda 50 quilos de castanha do Pará "sem casca", por R$ 2,9 mil.
"A contratação de empresa especializada no fornecimento de gêneros alimentícios perecíveis para as residências oficiais do governo do Estado tem por finalidade atender à demanda de alimentação da governadora, seus familiares e da Casa Civil por um período de um ano", justifica o governo estadual no próprio edital.
Até mesmo em itens mais de uso cotidiano, as quantidades e gastos chamam a atenção. O governo pretendia comprar 1,4 tonelada de três variedades de feijão: mulata gorda, preto e sempre verde. Só com esses grãos, o custo estimado no pregão era de quase R$ 10 mil. No edital ainda estava a compra de 2,5 mil garrafas de 1 litro de guaraná Jesus, 50 caixas de bombom e 30 pacotes de biscoito champanhe.
O custo total de R$ 1,1 milhão corresponde a 3.113 vezes a renda per capita média de quem mora no Maranhão, Estado brasileiro com o pior indicador. Segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano de 2013 divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), os maranhenses têm renda de R$ 360,34 - a média nacional é de R$ 793,87.
Festejos. Mesmo diante da crise, o governo Roseana queria garantir os festejos do fim do ano. O Estado também planejava comprar 300 unidades de panetones para abastecer as despensas das residências oficiais da governadora. A previsão era gastar R$ 4.425 com as caixas de panetone.
Procurado ontem, o governo do Maranhão não comentou as licitações para compra de alimentos.

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