Despesa com salário de servidor cresce mais que
receita em 22 Estados
Contingenciamento orçamentário do dinheiro para pagamento do servidor público em 22 Estados brasileiros. |
Daniel Bramatti - O Estado de S.Paulo
Martírio do Servidor. Charge Bier - Zero Hora abr. 2013. |
Os gastos com pagamento de pessoal são um
fardo cada vez mais pesado para a maioria dos governos estaduais. Nos últimos
três anos, nada menos que 22 das 27 unidades da Federação ampliaram a parcela
da receita comprometida com salários de servidores ativos e aposentados. Em
termos práticos, isso se traduz em menos investimentos e contas mais
engessadas.
Não se pode culpar o desempenho da
arrecadação pela situação. Na média, a receita estadual cresceu 16% acima da
inflação entre 2010 e 2013. Apenas três governadores tiveram perda de recursos.
Em 19 Estados, o crescimento real da receita no período foi superior a 10%.
O problema está mesmo localizado na ponta
das despesas. Os gastos com pessoal nas 27 unidades da Federação cresceram 36%
em termos reais desde 2010. No governo federal, o aumento foi de apenas 3%.
O governo de Tocantins, por exemplo,
recebe hoje 15% a mais em impostos e transferências do que há três anos - o que
não o impediu de bater no teto de gastos estabelecido pela Lei de
Responsabilidade Fiscal (49% da receita corrente líquida) e entrar no clube
que, até 2010, era integrado apenas por Paraíba e Rio Grande do Norte.
Outros seis governos ainda não chegaram
ao teto, mas estão perigosamente próximos dele - tanto que já ultrapassaram o
chamado "limite prudencial" estabelecido na lei (46,55% da receita
corrente líquida, no caso do Poder Executivo). São eles Paraná, Sergipe, Acre,
Santa Catarina, Pará e Alagoas. Apenas o Executivo alagoano estava na lista há
três anos.
Controle. Dos 16 governadores que ainda não
atingiram nenhum dos limites legais, apenas três reduziram a proporção de
gastos com funcionários em relação à arrecadação, e treze ficaram mais próximos
das sanções previstas na legislação.
Segundo a lei, Estados que atingem o
limite prudencial ficam impedidos de fazer contratações e promover reajustes
salariais acima da inflação. Quem ultrapassa o teto é punido com a proibição de
contrair empréstimos e com a suspensão de transferências voluntárias da União.
Para evitar eventual enquadramento por improbidade administrativa, os gestores
têm dois caminhos possíveis: demitir servidores não estáveis ou aumentar
impostos.
Tocantins já começou a reduzir seu quadro
de funcionários. O governador Siqueira Campos extinguiu em julho cerca de 2.200
cargos comissionados e contratos temporários. O governo alega que 17 leis
aprovadas em "gestões passadas" concederam "aumentos, progressões
e promoções" a servidores com impacto financeiro a partir de 2011, o que
elevou a folha em 51% nos últimos três anos.
No Rio Grande do Norte, a governadora
Rosalba Ciarlini determinou já no início de 2013 que seus secretários cortassem
gastos e reduziu até os repasses orçamentários para o Judiciário - o que gerou
uma batalha entre os Poderes no Estado. Mesmo assim, o governo chegou ao final
do ano com as finanças em frangalhos - até os salários dos servidores tiveram
de ser pagos de forma escalonada.
Casos como esse indicam que
responsabilidade fiscal será um tema a ser evitado nas campanhas estaduais em
2014 - ao menos pelos candidatos da situação.
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