Orçamento prevê salário mínimo de R$ 667,75
Congresso Nacional aprova LDO para 2013. Foto: Portal do Senado, 17.7.2012. |
BRASÍLIA-DF: O
plenário do Congresso Nacional aprovou, na tarde dessa terça-feira (17/7), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que define os parâmetros para a realização do Orçamento de 2013. O texto-base aprovado segue para a sanção presidencial. Com isso, o Congresso deve entrar em recesso a
partir desta quarta-feira (18).
A LDO de 2013 retirou a permissão para que empresas públicas ou de economia mista, em especial a Petrobras, pudessem ter flexibilizadas as regras para a fiscalização de obras. O benefício para a Petrobras foi incluído pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) mesmo com parecer contrário do relator, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), e críticas do Tribunal de Contas da União (TCU).
A LDO de 2013 retirou a permissão para que empresas públicas ou de economia mista, em especial a Petrobras, pudessem ter flexibilizadas as regras para a fiscalização de obras. O benefício para a Petrobras foi incluído pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) mesmo com parecer contrário do relator, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), e críticas do Tribunal de Contas da União (TCU).
No cenário econômico previsto na LDO, o
crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) será de 5,5%, totalizando R$ 5,03
trilhões, em 2013. O superávit primário previsto para o período é de R$ 155,9
bilhões para o setor público, sendo R$ 47,8 bilhões de responsabilidade de
Estados e municípios. A dívida líquida do setor público, no ano que vem, deve
ficar em 32,5% do PIB e o salário mínimo a partir de 1º de janeiro de 2013
é de R$ 667,75.
Articulador da votação, o senador Romero
Jucá (PMDB-RR) disse ter recebido o pedido do ministro Edison Lobão (Minas e
Energia). O líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), corroborou a
informação, mas em plenário o Planalto acabou cedendo porque a oposição ameaça
obstruir a votação, o que poderia impedir a aprovação da LDO.
O texto que o governo tentou emplacar
permitia que empresas estatais ou de economia mista com atuação internacional e
tenham regime próprio de licitação não tenham de seguir as tabelas oficiais de
licitação, Sicro, para obras rodoviárias, e Sinapi, para obras civis. O
objetivo é atender principalmente à Petrobras, que tem divergências com o
Tribunal de Contas da União (TCU). Com esse texto, o governo teria mais
facilidade no final de ano para manter obras da empresa de petróleo fora da
lista de obras com indícios de irregularidades graves, o que impede o repasse
de recursos.
Além da oposição, parte da base ficou
contra a medida. Valadares foi um dos que comandou a negociação para retirar o
benefício. O senador Pedro Taques (PDT-MT) fez um duro discurso na tribuna.
"Essa emenda é criminosa. Ela torna legal a empresa pública pagar preços
acima do mercado". Diante do embate, Jucá concordou em retirar o tema da
LDO. "Estava buscando atender a um pleito de setores da Petrobras, mas
como há uma celeuma e posições divergentes dentro do governo, da minha parte
podemos convergir".
A LDO foi votada após uma longa batalha
entre governo e oposição pela liberação de emendas parlamentares. O Planalto
prometeu empenhar R$ 4,5 milhões para cada integrante da base e R$ 3 milhões
para a oposição. Fiador do acordo, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS),
afirmou que fará um "check list" em agosto para ver se a promessa
está sendo honrada.
Para facilitar o acordo no mérito, o
senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) retirou de seu parecer a permissão
para a execução de investimentos do governo e de estatais, entre eles do
Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), mesmo sem a aprovação do
Orçamento. A retirada é um procedimento que acontece quase todos os anos na
comissão. O governo sempre envia o texto com essa possibilidade e o Congresso,
por pressão da oposição, retira a proposta da LDO no dia da votação. "É o
bode na sala", resume um governista.
O texto atende aos interesses do governo
ao não garantir reajustes para servidores ou para aposentados que ganham acima
de um salário mínimo. A proposta apenas autoriza o governo a negociar com esses
dois setores da sociedade.
A pedido da oposição, foi incluído no
texto um artigo que determine a inclusão no Orçamento de previsão de recursos
para a Lei Kandir, que compensa estados por benefícios à importação. Da forma
como foi incluído, porém, o artigo pode ser vetado pela presidente Dilma
Rousseff sem criar conflitos com outros artigos da LDO.
Por colocar o Congresso em recesso, a
aprovação da LDO também terá influência sobre a tramitação das Medidas
Provisórias do Plano Brasil Maior. Durante o recesso, é suspenso a contagem do
prazo de validade das MPs. Com a aprovação, o Senado terá até o dia 15 de
agosto para analisar as propostas, aprovadas pela Câmara. A Casa deverá fazer
as votações nos dias 7 e 8 de agosto.
Parâmetros macroeconômicos. Foram mantidos no texto os parâmetros
macroeconômicos enviados pelo governo federal em abril. Com isso, a previsão de
crescimento do PIB para 2012 seria de 4,5% e para 2013 de 5,5%. O mercado
trabalha com números menores para os dois próximos anos. O governo poderá
revisar estes parâmetros ao enviar a proposta de Orçamento, o que acontecerá no
final de agosto.
O texto aprovado prevê um salário mínimo
de R$ 667,75 no ano que vem. Atualmente o mínimo está em R$ 622,00 e o reajuste
seria de 7,35%. A previsão é de inflação, medida pelo IPCA, de 4,7% no ano que
vem e 4,5% este ano. Em relação a taxa de juros, o texto da LDO prevê a Selic
em 9% no final de 2013. A previsão foi feita antes das seguidas reduções feitas
pelo Copom, que levaram a taxa para os atuais 8%.
Em relação ao superávit primário, a
previsão para 2013 é de R$ 155,9 bilhões, o equivalente a 3,1% do Produto
Interno Bruto. Ao governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência) cabe
R$ 108,1 bilhões deste esforço. A meta está fixada de maneira nominal e é
permitido o abatimento de até R$ 45,2 bilhões em gastos do PAC.
A LDO orienta a elaboração e execução do
Orçamento anual, das alterações tributárias, dos gastos com pessoal, da
política fiscal e das transferências da União. Depois da aprovação da LDO, o
governo tem até 31 de agosto para encaminhar ao Congresso o projeto da LOA (Lei
Orçamentária Anual). O documento estima as receitas que o governo espera arrecadar
durante o ano e fixa os gastos a serem feitos (veja boxe).
Os itens da LDO têm de ser aprovados no
plenário do Congresso Nacional e, só depois da votação em sessão conjunta de
deputados e senadores, o texto será encaminhado para a Presidência da República
para sanção. Somente após a aprovação da LDO é que deputados e senadores
poderão entrar em recesso, previsto para começar no dia 18.
Em prol do avanço das negociações, o
relator da LDO, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), aceitou o pedido da
oposição para retirar do parecer dele os dispositivos que permitiam a execução
dos recursos em investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e
das estatais mesmo na ausência de lei orçamentária sancionada até 31 de
dezembro.
Este item era caro ao governo por tentar
garantir que não houvesse descontinuidade em obras já iniciadas, como as de
mobilidade urbana nas cidades-sedes dos eventos esportivos como a Copa do Mundo
de 2014, por exemplo.
O relator da LDO acrescentou ao texto
dispositivos que vão permitir maior divulgação dos gastos com pessoal nos
órgãos da administração direta e indireta, incluindo agências reguladoras,
bancos federais, estatais, e fundações. Os órgãos terão que colocar na internet
dados sobre os totais de cargos efetivos, comissionados e de confiança.
O texto do relator também abriu brechas
para a inclusão de reajustes salariais de servidores públicos no Orçamento do
ano que vem. O texto final não traz regras, mas acrescentou um dispositivo que
autoriza, de forma genérica, a inclusão de recursos para atendimento de
reajustes salariais.
Entenda a função da LDO
A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) é
uma lei ordinária com validade apenas para um ano e inclui as metas e
prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas. Ela
orientará a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA), e incluirá as
alterações da legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das
agências financeiras de fomento.
A LOA (Lei Orçamentária Anual), por sua
vez, é igualmente uma lei ordinária que estima, de fato, o orçamento, a receita
e fixa a despesa da União com validade para cada ano (exercício fiscal). De
acordo com o artigo 165 da Constituição, ela deve conter três orçamentos: o
orçamento fiscal, o da seguridade social e o de investimento das empresas
estatais.
Os orçamentos fiscal e da seguridade
social envolvem toda a programação de gastos dos Poderes da União, seus fundos,
autarquias e fundações, ou seja, abrangem toda a administração pública, direta
e indireta.
*Estadão e Do
UOL, em Brasília , com adaptações do FN Café News 17/07/201214h29 > Atualizada 17/07/201215h31
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