Primeiro aeroporto industrial do Brasil é inaugurado em
Minas Gerais
O governador Antonio Anastasia inaugurou,
na última sexta-feira (14/03), em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte, o primeiro aeroporto industrial do país, que vai permitir às
empresas instaladas no local trabalharem em uma zona de suspensão tributária,
sob regime de entreposto aduaneiro especial. O Governo de Minas investiu R$ 17
milhões, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais
(Codemig), para a construção e implementação da infraestrutura do espaço.
Durante a solenidade, foi assinado
memorando de entendimento entre o Governo de Minas e 17 instituições para o
desenvolvimento e consolidação da Cadeia Produtiva de Bioquerosene para a
Aviação no Estado de Minas Gerais.
Anastasia destacou a importância dos
anúncios realizados para o desenvolvimento não só do Vetor Norte, mas de todo o
Estado. “Estamos resgatando compromissos que fizemos em 2010, no início da
nossa caminhada. O Vetor Norte como pilar do desenvolvimento, o Aeroporto
Industrial como equipamento fundamental para permitir agregação de valor aos
produtos, aqui, desenvolvidos, e a inovação com relação aos novos combustíveis
como elemento imprescindível para o desenvolvimento tecnológico”, afirmou o
governador.
Primeiro Aeroporto Industrial do país
Localizado no sítio do Aeroporto
Internacional Tancredo Neves (AITN), a iniciativa para implantação do Aeroporto
Industrial surgiu em uma parceria entre o Governo de Minas, a Receita Federal e
a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). O Aeroporto
Industrial é um recinto alfandegário credenciado para a realização de
atividades de industrialização, abrigando empresas não poluentes, voltadas
principalmente para a exportação e cuja produção utilize intensivamente o modal
aéreo, de modo a assegurar rapidez, agilidade e acessibilidade, tanto aos
fornecedores quanto aos consumidores.
Ao lado do vice-governador Alberto Pinto
Coelho, Anastasia destacou a importância do Aeroporto Industrial para Minas
Gerais. “Em parceria com a Infraero e com o consórcio que venceu a licitação
para administrar o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, vamos ter um
equipamento que permitirá não só a exportação, mas, especialmente, a atração de
empreendimentos de alto valor agregado e tecnológico para o Vetor Norte. A ideia
do primeiro Aeroporto Industrial do Brasil, que já vinha sendo acalentada há
tantos anos, tem o propósito de trazer para o Vetor Norte, que já vem sendo tão
favorecido com investimentos expressivos, empresas que possam gerar empregos de
maior qualidade ainda”, disse o governador.
Segundo o subsecretário de Investimentos
Estratégicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Luiz Antônio
Athayde, as primeiras empresas que se instalarão no espaço deverão ser
anunciadas a partir de agosto. Serão empreendimentos que utilizam alta
tecnologia e terão todo o processo de importação, de produção e de
reexportação, de colocação no mercado nacional e internacional, como se aqui
fosse qualquer lugar do mundo. “Enquanto os produtos tiverem sendo produzidos
aqui, não há pagamento de qualquer tributo, seja ele estadual, federal ou
municipal. Há uma suspensão tributária, não uma isenção tributária. Vamos
ganhar tempo”, destacou Athayde.
O Aeroporto Industrial, já homologado
pela Receita Federal, operou, de agosto de 2006 a dezembro de 2007, por meio de
um projeto piloto com a empresa Clamper. Possui cerca de 8 mil metros quadrados
de área construída, sendo 4.456 mil metros quadrados do entreposto e 3.619
metros quadrados de área de manobra. O espaço é destinado à Receita Federal, ao
administrador do Aeroporto Industrial e possui um depósito de insumos na
entrada e saída, bem como área de apoio para as empresas que se instalarão no
local. O Governo de Minas realizou todo o investimento de infraestrutura em área
de 46.000 mil metros quadrados, onde poderão operar nove lotes, que podem ser
ocupados por até nove empresas.
O empreendimento será administrado pelo
concessionário do AITN e entra em operação a partir de agosto deste ano. As
empresas interessadas já podem entrar em contato com a Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico (Sede) e com o consórcio AeroBrasil. De acordo com a
Sede, 20 empresas já manifestaram interesse em se instalar no espaço. Para se
instalarem no Aeroporto Industrial as empresas devem ser credenciadas pela
Receita Federal.
O Regime Especial de Entreposto Aduaneiro
na Importação e na Exportação foi regulamentado por instrução normativa da
Receita Federal que define as atividades permitidas, bem como os requisitos e
procedimentos necessários para a adesão das empresas. Este regime tem como
similares no mundo as Zonas de Livre Comércio.
Entre os empreendimentos que poderão
operar no Aeroporto Industrial estão os dos segmentos aeroespacial,
equipamentos eletrônicos, ciências da vida e tecnologia da informação.
Também poderá armazenar máquinas ou equipamentos mecânicos, eletromecânicos,
eletrônicos ou de informática, provisões de bordo de aeronaves utilizadas no
transporte comercial internacional, partes, peças e outros materiais de reposição,
manutenção ou reparo de aeronaves, além de equipamentos e instrumentos de uso
aeronáutico.
Programa Mineiro
O Programa Mineiro de Desenvolvimento da
Cadeia de Valor de Bioquerosene para a Aviação prevê o desenvolvimento de estudos
e projetos envolvendo desde a matéria-prima, passando pela pesquisa, refino,
certificação, produção e utilização do bioquerosene pelas empresas aéreas que
operam no Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Entre os objetivos do
programa está o de promover, incentivar e viabilizar toda a cadeia de pesquisa,
produção, logística e consumo de bioquerosene de aviação em Minas, atendendo
uma demanda nacional e global por combustíveis sustentáveis no setor de aviação
e coprodutos semi-refinados renováveis.
Master Plan Econômico
A solenidade também contou com a entrega
do Master Plan Econômico da Região Metropolitana de Belo Horizonte, documento
que apresenta uma visão ordenada da ocupação do solo com governança ambiental,
infraestrutura customizada, sustentabilidade, atração de investimentos da nova
economia e planejamento estratégico em fases até 2033. Ele se baseia em uma
"lógica econômica" fundada na premissa de que o crescimento econômico
no século 21 será impulsionado pela mobilidade de negócios com base tecnológica.
O estudo pretende ser uma ferramenta de planejamento municipal, capaz de
orientar a ocupação do território e o desenvolvimento sustentável nos próximos
20 anos.
A diretora do Banco Mundial para o
Brasil, Deborah Wetzel, falou sobre a importância do estudo, que foi financiado
pelo Banco, e sobre a parceria com o Governo de Minas. “Temos orgulho de fazer
parte desse trabalho que apoia o desenvolvimento da Região Metropolitana, o
Master Plan. No Brasil, o desenvolvimento das áreas metropolitanas é um assunto
muito importante e possui vários desafios. Gostaria de parabenizar e agradecer
ao governador Anastasia e sua equipe por todos os trabalhos desde o início do
Choque de Gestão. O trabalho de Minas Gerais não é exemplo apenas no Brasil, é
um sucesso mundial”, afirmou Deborah Wetzel.
O estudo engloba uma avaliação da RMBH
que inclui: uso do solo, transportes, serviços de utilidade pública e meio
ambiente, de forma que os investimentos a serem alocados na área proporcionem
um suporte comercial e residencial para o Vetor Norte. Entre as propostas de
centros econômicos na Aerotrópole previstas está a implantação de
projetos-piloto para estimular novos empreendimentos no entorno do AITN e no
Contorno Metropolitano Norte.
O estudo recomenda sete núcleos de
setores como alvos compatíveis com os atributos e potenciais da RMBH:
aeroespacial e defesa; logística e distribuição; agronegócios; automotivo e
equipamentos pesados; eletrônicos, alta tecnologia, tecnologia da informação e
comunicações, pesquisa e desenvolvimento; ciências da vida; e moda e têxtil.
Integram o Master Plan Econômico os
municípios de Belo Horizonte, Betim, Capim Branco, Confins, Contagem,
Jaboticatubas, Lagoa Santa, Ibirité, Matozinhos, Nova Lima, Pedro Leopoldo,
Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia, São José da Lapa e Vespasiano que
integram o Vetor Norte, mais 33 municípios da RMBH e do Colar Metropolitano.
Também participaram da solenidade, os
secretários de Estado Dorotheia Werneck (Desenvolvimento Econômico), Carlos
Melles (Transportes e Obras Públicas), Narcio Rodrigues (Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior) e Alexandre Silveira (Saúde), o presidente da Codemig, Oswaldo
Borges, parlamentares, empresários, prefeitos da região, entre outras
autoridades.
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