Pelo menos um a cada
três deputados do PMDB quer romper com o PT
Dilma convoca o vice,
Michel Temer e o presidente do PMDB, Valdir Raupp, para reunião neste domingo,
no Alvorada, a fim de conter grupo de deputados insatisfeitos com o governo
Daiene
Cardoso e Débora Bergamasco - O Estado de S. Paulo
Senador Raupp atua como bombeiro nas "chamas" entre PMDB e PT. Foto: AE. |
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião para este domingo, 9, a fim
de definir parte dos palanques regionais e, assim, tentar aplacar a crise com o
PMDB. A presidente deve encontrar um partido rachado. Ao menos um terço dos deputados
peemedebistas considera a relação com o governo insustentável e prefere um
desfecho radical: romper a aliança com o Planalto.
O Estado
ouviu 54 dos 74 deputados do PMDB em atividade - um está de
licença médica. A opção pela ruptura imediata foi de 23 parlamentares. Outros
25 deputados disseram ser a favor da aliança, embora haja nesse grupo
peemedebistas críticos à condução política do governo.
Apenas um não quis opinar e cinco
afirmaram que votarão com o líder da bancada, deputado Eduardo Cunha (RJ), que
na terça-feira postou no Twitter que o PMDB deveria "repensar a
aliança" com Dilma e o PT. As entrevistas foram realizadas entre
quarta-feira, um dia após a reação de Cunha, e sexta.
É este o tamanho da batalha que o
presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), enfrentará para convencer os
deputados do partido a baixarem o tom para que ele e o vice-presidente da
República, Michel Temer, consigam negociar melhor tratamento à legenda com
Dilma e com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), no encontro
marcado pela presidente para amanhã, no Palácio da Alvorada. O governo tenta
deixar Cunha isolado, mas a tarefa não se mostra tão simples.
Nesta sexta, Raupp conversou com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o impasse entre os partidos.
"Ficou combinado que o Lula segura de lá (o PT) e eu seguro de cá (o
PMDB)", contou Raupp.
Os peemedebistas reclamam da falta de
participação nas decisões do governo. Alguns defendem que a maior legenda
aliada de Dilma mereceria mais cargos que os atuais cinco ministérios.
O deputado Darcísio Perondi (RS) afirmou
que, se houvesse uma convenção hoje, votaria para romper a aliança. "O
PMDB tem cinco ministérios, mas não manda nada. Queremos par-ti-ci-par.
Queremos candidatura própria", disse. Marllos Sampaio (PI) estende a
crítica aos próprios dirigentes peemedebistas: "O PMDB não tem nada no
governo. Apenas uma meia dúzia de integrantes do PMDB tem tudo nesse governo e
se diz dona do partido".
Estados. Os rebelados se queixam ainda da
dificuldade em fechar acordo para os palanques regionais e apontam a existência
de uma estratégia petista de diminuir a força política do partido. "É uma
estratégia (do PT) franca e aberta para diminuir as bancadas do PMDB (no
próximo governo). Da forma como está hoje, é preciso romper a aliança para a
própria preservação política do PMDB", declarou o deputado Leonardo Picciani
(RJ), filho do presidente do diretório fluminense da sigla, Jorge Picciani, que
já anunciou apoio ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) na disputa pelo Planalto.
"Não podemos dormir com o inimigo."
Embora a maioria apertada dos
entrevistados defenda a manutenção da parceria, quase todos reclamam do
tratamento dispensado pelo governo, do "represamento" das emendas
individuais e do veto às indicações da bancada para a reforma ministerial. O
deputado Carlos Bezerra (MT) acha que agora é tarde demais para romper, embora
"politicamente o governo seja um desastre". "Ficaríamos
desmoralizados se deixássemos o governo no último minuto do segundo
tempo."
Para Bezerra, o PMDB deveria ter deixado
a aliança há um ano. "O DEM (antigo PFL) era enorme, mas ficou anos gravitando
em torno do PSDB e morreu. O PMDB não pode ser o DEM do PT, ou morreremos
também."
Já o deputado Saraiva Felipe (MG)
acredita na melhora da articulação com o governo. "Seria importante
antecipar a convenção e discutir (a relação). Se não caminhar para um
entendimento, aí sim (devemos romper)."
‘Nova noiva’. Os parlamentares contrários ao rompimento
alegam que o PMDB tem a Vice-Presidência e que não há tempo hábil para
viabilizar uma candidatura própria. "Temos a Vice-Presidência com o Temer,
estamos suficientemente contemplados. E não temos candidato", afirmou
Osmar Serraglio (PR). O argumento foi o mesmo usado por Francisco Escórcio
(MA). "Não temos tempo para encontrar uma nova noiva."
Os
peemedebistas rebelados prometem dar trabalho nas votações previstas para o
retorno do recesso de carnaval. O primeiro item da pauta é o pedido de criação
de uma comissão externa para acompanhar as investigações sobre as denúncias de
corrupção envolvendo a Petrobrás.
Odailton Jose da Silva, via Facebook: "Jogo de interesses!!! Política nojenta..."
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